segunda-feira, 13 de junho de 2022

Palestra: "A Umbanda por detrás dos nossos olhos"


Palestra realizada na Tenda no dia 11.6.2022, antes da sessão pública de Caboclos.
A Tenda realiza sessões fechadas de estudos e desenvolvimento mediúnico, além de convidar sacerdotes de outras cidades para contribuir com o conhecimento dos filhos de fé! Nesse dia, o irmão Gregório Brandão, dirigente do Centro de Umbanda Caminhos de Aruanda - CUCA, veio do Rio de Janeiro/RJ, para ministrar a palestra.

Foram momentos de muito conhecimento e inspiração! Umbanda é dedicação, estudo e seriedade! Axé!

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Palestra: " A Umbanda como instrumento de Mudança e Iluminação"


Palestra realizada na Tenda no dia 7.5.2022, antes da sessão pública de Caboclos. A Tenda realiza sessões fechadas de estudos e desenvolvimento mediúnico, além de convidar sacerdotes de outras cidades para contribuir com o conhecimento dos filhos de fé! Nesse dia, o irmão Marcos Caneta veio de Florianópolis/SC, para ministrar a palestra. Foram momentos de muito conhecimento e inspiração! Umbanda é dedicação, estudo e seriedade! Axé!

segunda-feira, 7 de março de 2022

AS 7 LINHAS DA UMBANDA TRADICIONAL - 7ª LINHA - LINHA AFRICANA OU LINHA DAS ALMAS

 

Este é o sétimo de diversos textos onde vamos conhecer a fundo as 7 Linhas de Umbanda da perspectiva tradicional, ou seja, a configuração das 7 Linhas pela perspectiva dos velhos Umbandistas e primeiros estudiosos da religião.

Caso você ainda não tenha lido o texto onde abordamos a Sexta Linha de Umbanda, a Linha da Demanda, você pode ter acesso através desse link aqui: http://filhosdavovorita.blogspot.com/2020/08/as-7-linhas-da-umbanda-tradicional-6.html 

Todas as informações trazidas aqui se baseiam nas obras de Leal de Souza, Lourenço Braga, Diamantino Fernandes Trindade, alguns autores Umbandistas contemporâneos e também experiências pessoais.

O propósito desses textos é buscarmos conhecer as raízes da nossa religião, entendendo de onde surgiu cada Linha, quais seus propósitos e especificidades, fazendo uma comparação com o que observamos atualmente nos terreiros.

Esperamos contribuir para o entendimento e esclarecimento dos irmãos de fé!


A Sétima Linha da Umbanda Tradicional - A Linha Africana ou Linha das Almas


Nosso propósito com esse texto é aprofundar o conhecimento sobre os espíritos e falanges que compõem a sétima linha de Umbanda e também suas funções dentro do ritual.

Como explicamos no primeiro texto, as 7 Linhas de Umbanda são uma forma de organização espiritual adotada nos terreiros de Umbanda a partir de 1908, onde os espíritos são agrupados em Linhas, Falanges, Legiões e Povos.

Essa estrutura foi baseada nas organizações militares Romanas antigas e foi se construindo e expandindo na medida que novos espíritos foram se aproximando da Umbanda.

Portanto, como uma verdadeira organização de batalha, as 7 Linhas de Umbanda foram estruturadas para que cada falange, legião e povo tenha uma função específica dentro do Ritual de Umbanda e quando agem em conjunto fazem com que o trabalho se desenvolva de forma fluída.

A Linha das Almas, ou também conhecida como Linha Africana, Yofá ou Yorimá, não é diferente.

O termo "Linha de Almas", ou linha de Santos e Almas, se dá pois nos primórdios da Umbanda enquanto o culto ainda estavam sendo formado, essa linha servia como uma “Linha de Ingresso” para todo tipo de espírito que aspirava trabalhar na Umbanda.
Destaca-se a explicação contida no primeiro livro escrito sobre a Umbanda, de autoria de Leal de Souza [1]:

"A missão da linha de santo, tão desprezada quanto ridicularizada até nos meios mais cultos do espiritismo, é verdadeiramente apostolar. Os espíritos que a constituem, mantendo-se em contato com a banda negra, de onde provieram, não só resolvem pacificamente as demandas, como convertem, com hábil esforço, os trabalhadores trevosos. (...) Depois que esse abandono se consumou, o converso não é incluído imediatamente na linha, mas fica como seu auxiliar, uma espécie de adido, trabalhando sem classificação.(...) Permitida, afinal, a sua inclusão na linha de santo, ou em alguma outra, o antigo serventuário do mal vai resgatar as suas faltas, corrigindo as alheias."  


Nesse contexto, todas as “Almas” que desejavam trabalhar nas demais falanges de Umbanda, tinham de primeiro atuar nessa linha.

A regência da Linha: 



Como já mencionado, toda Linha, Falange, Legião e Povo da Umbanda possui uma regência, ou seja, um Espírito ou Divindade responsável pelo comando e direcionamento daquele grupo de Espíritos. No caso da Linha das Almas essa configuração não fica tão clara.

Como já mencionado, a Linha das Almas possui esse nome em razão de que, no início da Umbanda, servia como uma “Linha de Ingresso”. Isso significa que todo espírito que gostaria de trabalhar na Umbanda e não se encaixava em nenhuma das outras 6 linhas, nela se incluía.

Isso fez a Linha das Almas - pelo menos no início - ser uma linha bem eclética. Composta de espíritos de diversas origens históricas e religiosas.

Inclusive, a título de curiosidade, as primeiras manifestações dos Exus na Umbanda aconteceram por essa Linha. Algumas dessas entidades, advindas da Quimbanda foram convidadas a participar do culto de Umbanda e pela linha das almas fizeram seu trabalho durante algum tempo. Antes da divisão entre “Direita” e “Esquerda” ser determinada. Tal fato pode ser constatado na Obra "A Magia, o Espiritismo e as 7 Linhas de Umbanda" do Autor Leal de Souza, já citada acima.

O fato é que por ser uma linha eclética, diversos autores associam diversos regentes a essa linha.

Alguns dos que podem ser citados são: São Roque, São Lázaro, São Bento e São Cipriano.

Além disso, com a aproximação do panteão dos Orixás Yorubás na Umbanda, algumas pessoas também passaram a associar o Orixá Omulú e Obaluaye como regentes.

Acreditamos que a conclusão mais sensata, analisando o histórico, é que nessa linha não existe apenas UM regente, mas sim um colegiado deles.

Isso significa que ao contrário das outras linhas, ao invés de ter apenas um espírito orientando as falanges, teremos alguns tomando as decisões em conjunto: São Roque, São Lázaro, São Bento, São Benedito e São Cipriano, além de claro, a influência do Orixá Yorubá Omulú.

 Quem compõem a linha:


O fato é que por mais que diversas regências sejam associadas a linha, ela é predominantemente uma Linha de Preto-Velho.

Por isso, também é muito conhecida como Linha Africana, visto que, em suas falanges, a maioria dos espíritos que se manifestam são dessa origem.

Como bem sabemos, o Brasil foi o país que mais recebeu escravizados no mundo. 5 milhões aproximadamente.

Logo podemos concluir que a maioria das “Almas” que morreram nesse país era de origem africana (e também indígena), o que justifica a predominância desses espíritos nessa linha.

As almas indígenas ceifadas neste país encontraram caminhos de trabalho na Linha das Matas. Já as almas africanas, encontram na sétima linha seu lugar de atuação.

  

Função da Linha:



Como já mencionado, a Linha das Almas é, por natureza, eclética. Isso faz com que seja a linha mais “flexível” da Umbanda em termos de atuação.

A magia africana, por si só, tem diversas finalidades. Cura, fortalecimento, limpeza espiritual, proteção, quebra de demandas, desobsessão, benzimentos, encaminhamentos, entre outras.

Isso faz com que a função dessa linha não seja algo delimitado. Permitindo que os pretos-velhos atuem nas mais diversas frentes.

Comumente nos terreiros essas entidades atuam, benzendo, curando e aconselhando. Mas o trabalho não se limita a isso.

Ao conhecer o seu preto-velho na sua origem, se aprofundando na sua cultura, ele pode te mostrar diversas frentes de trabalho espiritual que você nem imagina em um primeiro momento.

Portanto, seja curioso. Pergunte. Estude as origens africanas daquele que te acompanha. Você só tem a ganhar com isso!

Em tempos de "modismo" nos terreiros de Umbanda, onde apenas os trabalhos com Exus, Pombagiras e Malandros interessa e atrai a atenção dos "médiuns", um grande cabedal de conhecimento histórico, cultural e magístico, de grande poder e luz está sendo deixado de lado.


As falanges que compõem a Linha Africana

 

A primeira falange - Cabinda ou Povo da Costa


 

É chefiada por Pai Cabinda.

A região de Cabinda, por mais que fosse um território de Angola, ficava dentro da região do Congo. Foi um grande porto de escravos e além disso reunia quase todas as culturas africanas em uma só região. Isso fez com que práticas religiosas de toda África pudessem ser encontradas nesse território.

Os Pretos-Velhos dessa falange geralmente foram líderes comunitários e portanto trazem um perfil doutrinador, educador e influente. Pregam muito pela devoção a Nzambi (Deus) e gostam de ver o trabalho se desenvolvendo e as coisas em movimento. São aqueles que fazem o trabalho acontecer.


A segunda falange - Povo do Congo


É chefiada pelo Preto Velho Rei Congo, uma figura muito enérgica e de postura firme. Essa falange é composta por Pretos-Velhos de perfil curandeiro que dominam a lida com os elementais d'água devido a experiência que tiveram em vida navegando o gigantesco Rio Do Congo.

É nessa falange que se apresentam os grandes Kimbandas, líderes comunitários e curandeiros que eram uma figura central nas Tribos Bantus. Foram figuras extremamente importantes para resistência do povo Bantu ao processo de conversão religiosa trazido por Portugal.

A região do Congo foi um centro importante e um dos maiores pontos de conexão Portuguesa com o povo Bantu, devido a conversão do Manicongo da época ao cristianismo.


A terceira falange - Povo de Angola


A grande maioria dos Pretos-Velhos que costumamos ver no terreiro vêm dessa falange. Isso porque os Pretos Velhos de Angola geralmente são figuras brandas, mais calmas e alguns deles em vida foram catequizados antes de chegar ao Brasil.

Na região de Angola, ao contrário das outras regiões do continente Africano, grande parte da população já havia adotado a fé e costumes cristãos antes mesmo de começar o processo de escravização e envio para o Brasil. 

Muitos negros já possuíam uma forte devoção com santos católicos, sendo que muitas vezes mesclavam o catolicismo com as crenças regionais. Esse fato é muito interessante e, inclusive, é abordado no capítulo 18 do Livro Escravidão - Volume II, de Laurentino Gomes, intitulado "O Sagrado" destaca-se [2]:

"(...) Por esse ponto de vista, o sincretismo religioso seria apenas um disfarce para a continuidade das práticas religiosas de matrizes africanas que os homens brancos não viam com bons olhos e procuravam reprimir. O historiador mineiro Eduardo França Paiva garante que nem sempre foi assim. Tampouco essa ideia poderia ser generalizada  para todas as regiões e todo o período escravista. Houve muitos africanos e mestiços que adotaram genuinamente a religião cristã e se tornaram devotos fervorosos. Houve também os que fizeram isso, mas não abandonaram , parcial ou integralmente, práticas religiosas africanos ou afro-brasileiras.  Nesses casos, não julgavam esses cultos antagônicos e não optaram pela exclusividade pregada na catequese durante muito tempo aceita e incorporada por aqueles que escreveram a história. (...)"    

É errado pensar que todos os negros que vieram da África cultuavam Orixás e que aqui foram obrigados a sincretizá-los com santos católicos. Na verdade, apenas uma pequena parcela de africanos cultuavam Orixás, apenas os negros vindos da região onde hoje é a Nigéria e Benin, cultuavam Orixás. O restante dos povos, tinham outras crenças, como por exemplo os Malês que eram Islâmicos e uma parte da região de Angola que já tinha forte relação com o catolicismo. Assim, muitos negros não adotavam simplesmente um santo católico aleatório para representar um Orixá, mas tinham de fato, fervorosa devoção a esse santo.  

No começo do tráfico negreiro para as colônias portuguesas, eram enviados apenas aqueles escravizados que não haviam se convertido ao catolicismo e depois, ante a demanda de mão de obra cativa para os trabalhos no Brasil, passaram a enviar até mesmo os que eram cristãos.

Por conta desse fator é muito comum encontrar nessa falange espíritos benzedeiros e rezadores que trabalham usando o terço católico e a magia cristã, pois já utilizavam isso em vida.

Eles são os verdadeiros terapeutas da alma, escutando as aflições dos filhos e trazendo a compaixão que já se tornou comumente associada aos pretos velhos dentro da Umbanda.

Muitos deles se apresentam com a terminologia "Das Almas", "Do Cruzeiro" ou até "Da Mina ou Elmina".

A quarta falange - O povo de Benguela

 


O povo de Benguela é chefiado por Pai Benguelê.

Os Pretos-Velhos desse povo geralmente são curandeiros que têm um grande domínio sobre os recursos da macaia e por conta disso geralmente trazem em seu nome o adjetivo "Da mata", como Pai João da Mata ou Pai Benedito das Matas por exemplo.

São Preto-Velhos extremamente calados, observadores e não gostam de trabalhar em meio a aglomerações. Em terreiros onde existe liberdade para que a entidade se movimente, esses Pretos-Velhos costumam trabalhar afastados das pessoas ou de onde está acontecendo a sessão trabalhando sozinho em seu canto.

O termo Benguela além de ser o nome de uma das primeiras regiões da África a enviar escravos para as Américas, também significa algo como opaco ou escuro, remetendo de certa forma a ligação desses pretos-velhos com a macaia ou a mata virgem.


A quinta falange - Povo de Moçambique


 
O Povo de Moçambique é comandado por Pai Jerônimo.
 
Os Pretos-Velhos desta falange são verdadeiros fazedores de feitiços, são combativos e trabalham literalmente no enfrentamento dos chamados "obsessores" ou espíritos perturbadores.
 
Não são Pretos-Velhos dóceis como a maioria dos Pretos-Velhos que costumamos ver na Umbanda, os Pretos de Angola.
           
A região de Moçambique fica mais no interior do continente africano e inicialmente era ocupado por povos "Caçadores e Coletores" ou povos nômades. Com o passar do tempo começou a receber influência do povo Bantu que lhes apresentou o ferro e trouxe novas tecnologias para a extração de recursos da natureza.

A sexta falange - Povo de Luanda

 

O povo de Luanda tem o comando do Pai Francisco. Essa falange é composta basicamente por Pretos-Velhos que em vida foram líderes militares tribais e generais africanos, tendo inclusive feito parte da resistência militar à colonização.

São Pretos-Velhos muito mais aguerridos e enérgicos e trabalham no embate direto contra os obsessores. Não gostam de indisciplina e repreendem de forma direta qualquer "vacilo" do filho de fé.


A Sétima falange - Povo de Guiné


O povo de Guiné é comandado por Pai Guiné ou também conhecido antigamente como Zunguiné.

As entidades que compõem esse Povo são de longe, aqueles que possuem mais conhecimento e sabedoria dentro da linha dos Pretos-Velhos.

São entidades que em vida foram os grandes Tatas e Mulojis, ou seja, mestres africanos que foram versados nas artes místicas e da magia. Esses Pretos-Velhos detém grande parte do conhecimento mágico da Umbanda, no pé deles está a "Mironga" ou "Macumba" Umbandistas.

Esses espíritos por fazerem parte da sétima falange da sétima linha de Umbanda, são os responsáveis por fazer a conexão entre o Reino de Exu (Exu e Pombogira) com a Umbanda, sendo dito que são esses Pretos-Velhos que "abrem a porta do Reino para que Exu se manifeste".

Outro fator interessante é que essa falange de Guiné é composta por Povos Bantos e também Povos Malês, fazendo com que os antigos Mandingas militem ali.

“Malê” é a forma como os africanos bantus, chamavam os africanos convertidos ao islã.

Esses “Malês”, também conhecidos como MANDINGAS, eram negros alfabetizados e portanto tinha uma posição de destaque na sociedade. Muitos trabalhando em bibliotecas ou na “casa grande”.

Costumavam carregar um saquinho de couro no pescoço que continha algumas escritas do Corão (o livro sagrado do Islã). Esse saquinho era chamado patuá.

Por conta dessa posição de destaque, os mandingas, não apanhavam ou sofriam as torturas que “os negros comuns” sofriam. Diante disso, alguns escravos tentavam se passar por eles para fugir das atrocidades da escravidão.

Nessa tentativa, passavam a usar um patuá no pescoço, buscando enganar os senhores.

O problema é que muitos Mandingas confrontavam esses negros africanos de outras etnias. Na tentativa de desmascará-los eles os obrigavam a ler os escritos do Corão que carregavam dentro do seu patuá.

Como os negros de outras etnias não sabiam ler, logo eram desmascarados.

 Disso surgiu o ditado: “Quem não pode com mandinga, não carrega patuá”.


Trabalho prático da Linha:

 


Desconfie de qualquer pessoa que queira ensinar sobre Preto-Velho sem citar nenhuma vez a palavra ANCESTRALIDADE.

Ancestralidade é a palavra de ordem quando tratamos da Linha das Almas, de Preto-Velhos e também da Umbanda.

Ancestralidade significa HONRAR SEUS ANCESTRAIS, ou seja, reconhecer a caminhada daqueles que vieram antes de você.

Você só pode estar respirando neste momento porque seus pais, seus avós, seus bisavós, seus tataravós e muitos ancestrais antes deles, trilharam uma caminhada que te permitiu nascer.

Para que você possa estar lendo esse blogue hoje, você precisou de 2 Pais, 4 Avós, 8 bisavós, 16 trisavós, 32 Tetravós, 64 Pentavós, 128 Hexavós, 256 Heptavós, 512 Oitavós, 1024 Eneavós e 2048 Decavós! Apenas o total das 11 últimas gerações, foram necessários 4.094 ANCESTRAIS, tudo isso em aproximadamente 300 anos antes de você nascer! [3]

A sua vida só é possível porque eles (seus ancestrais) pavimentaram o caminho.

Reconhecer isso é importante, para que você nunca esqueça quem é, de onde veio e para onde está indo.

É importante, porque uma das nossas missões nessa vida é curar a nossa ancestralidade. Ajudar a família a qual viemos nessa encarnação a se curar dos defeitos e fortalecer as virtudes que a compõem.

Estar conectado a sua ancestralidade pessoal é ter uma ligação direta com uma fonte inesgotável de Axé.

É ter ao seu lado, espíritos que querem o seu bem pois não tem só uma ligação espiritual com você, mas uma ligação sanguínea.

Muitos Umbandistas querem se conectar com os mais diversos espíritos, muitas vezes forçando ligações que não acontecem naturalmente.

Mas esses mesmos Umbandistas se recusam a rezar e honrar as almas dos seus próprios antepassados.

Afinal eles não são um “arquétipo”. São apenas pessoas com defeitos e virtudes. Pessoas que podem muitas vezes ter te magoado.

Mas antes de querer “evoluir”, você precisa ACOLHER as almas dos seus ancestrais. Pois eles são e sempre serão a sua base.

É deles que você herdou suas predisposições genéticas e também espirituais. Eles são a sua raiz enquanto pessoa.

Da mesma forma que um fruto acaba morrendo quando se desconecta da sua árvore, uma pessoa acaba se enfraquecendo quando se desconecta da sua raiz.

Do mesmo modo, na medida que você se reconecte com a sua raiz, você se fortalece de forma material, espiritual, na saúde…

E o que isso tem a ver com preto-velho?

Resposta: TUDO!

O preto-velho nos lembra a nossa ancestralidade enquanto país, nação e povo. Nos lembra a honrar os mais velhos. A valorizar a sabedoria daqueles que vieram antes de nós. Aqueles que perderam tudo em razão da escravidão, mas não perderam a fé!

Eles nos conectam ao axé ancestral da Mãe-Africa e nos benzem seguindo os mesmo moldes que são usados há tempos. Passados de geração em geração.

 Existe resgate da ancestralidade maior do que esse?

 Portanto, quando ver um preto-velho sentado no toco lembre o que ele representa.

 Ele é um lembrete para que você honre os seus antepassados. Para que você valorize o axé deles que corre nas suas veias. Para que você lembre o poder de estar conectado a sua árvore.

 Isso pode operar mudanças gigantescas na sua vida.


Texto de Lucas Martins

Revisão Jefferson L. Grossl


Bibliografia:


[1] SOUZA, Leal de. O Espiritismo, a Magia e as 7 Linhas de Umbanda. 2ª ed. Limeira, SP: Editora do Conhecimento, 2008, p. 85-86.


[2] GOMES, Laurentino. Escravidão: Da corrida do ouro em Minas Gerais até a chegada da corte de dom João ao Brasil. Volume 2, 1ª Ed. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2021, p. 272.


[3] http://www.campoere.com/noticias/15764/pare-e-pense-em-11-geracoes-quantas-pessoas-sao-necessarias-pra-voce-nascer acesso em 7.3.2022 às 21h09m. 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

AS GUIAS NA UMBANDA

Um dos elementos incorporados pela tradição africana na Umbanda são as guias/miçangas. Guias é o nome dos colares coloridos que possuem uma representação litúrgica e que virou também uma forma de identificação dos adeptos das religiões afro-brasileiras.

Neste texto, abordaremos a importância, simbolismo e uso das guias dentro da Umbanda, conforme doutrina da Tenda de Umbanda Filhos da Vovó Rita.



Muito mais que meros adornos, as guias dentro da Umbanda possuem uma função de importante relevância para o médium umbandista. Nela, está imantada o axé, a energia do Orixá ou da entidade que a cruzou e pediu aquela guia. Ao colocá-la, o médium está se cercando com essas energias, protegendo sua matéria das ações maléficas e propiciando a atuação dentro do trabalho mediúnico.

Esse é o primeiro ponto a ser esclarecido. A guia deve ser feita ou adquirida, apenas quando existe uma solicitação da entidade chefe da casa. A guia não é enfeite e não serve para atender o ego do médium que acredita que, quanto mais guias possuir, mais forte ou preparado estará. Não se faz guia porque viu em algum lugar e achou bonita ou porque cansou das guias antigas.

No caso da Tenda, todos os médiuns ao entrarem utilizam a guia branca, guia cruzada para o Anjo da Guarda da pessoa. É uma guia de proteção que, imantada, impede a atuação de energias e espíritos negativos junto ao médium. 

A segunda guia é a verde, cruzada para Oxossi no primeiro Amaci realizado na casa, geralmente no mês de janeiro. A terceira guia é a de Ogum, nas cores vermelho e branca, cruzadas em abril, quando do cruzamento feito pelos falangeiros desse Orixá. No mês de outubro, os médiuns que passam pelo cruzamento de Xangô na cachoeira, recebem sua guia marrom. E em dezembro, é realizado o cruzamento de Iemanjá, onde se recebe a guia azul clara. 

Essas são as guias que todo o médium que possui um ano de casa terá em seu pescoço, representando, cada uma delas, os cruzamentos realizados, os quais são renovados a cada ano, reenergizando as guias, renovando o axé. Todas essas guias são simples, de um fio.

Com o passar do tempo, em sendo confirmado os pais de cabeça do médium, este passa utilizar as guias desses Orixás (cada Orixá possui uma cor específica que é representada na guia). O mesmo ocorre quando entidades vão se identificando, firmando seus pontos. Antes disso, o médium deve ter apenas as miçangas inerentes aos cruzamentos que já passou na casa, salvo, como dito acima, se expressamente solicitado pelo guia chefe da casa.

Outras guias marcam os cruzamentos de graduação do médium, como por exemplo a guia de 7 fios, usada por aqueles que já possuem cruzamento de pai/mãe pequeno(a) ou de santo ou Ogan.

Assim, todas as guias utilizadas pelos filhos de fé tem um significado, um simbolismo que remete aos cruzamentos e obrigações já realizadas, sendo que cada guia, ao ser reenergizada nos pontos da natureza a cada ano, contém em si a imantação da energia do Orixá e dos amacis realizados. 

Essas são as guias de uso litúrgico, são utilizadas apenas durante as sessões. Quando se está com elas, não se utiliza do fumo nem do álcool, não se conversa assuntos fora do contexto umbandista, pois é como se o Orixá ou a entidade, já estivesse ali ao seu lado. Portanto, muito respeito e seriedade deve se ter ao colocar as guias.

Além das guias de uso litúrgico, é comum as guias de proteção que podem ser utilizadas no dia-a-dia pelo médium. Geralmente a guia branca, mas também pode ser uma guia de aço ou na cor de um Orixá em específico. Como o nome diz, essa guia serve para proteção do médium nos atos da vida cotidiana, podendo a mesma ser usada em qualquer lugar, o que, como visto, não ocorre com as guias de uso litúrgico.

Por serem condutoras de energia, as guias sempre devem ser feitas com miçangas de porcelana ou cristal. Nunca de plástico. 

Ao ser pedido uma guia, a mesma deve, de preferência, ser feita pelo próprio médium e levada ao terreiro para ser cruzada pela entidade Chefe. Uma guia comprada, sem o devido cruzamento é apenas um colar de enfeite, o qual não possui nenhuma ação espiritual.

Algumas guias podem trazer elementos como flechas, machados, espadas, cruz, estrela, etc., a depender do que foi solicitado pela entidade. 

Existem também, guias comemorativas, que são entregues, por exemplo, em uma formatura como presente ou lembrança. Porém, essas guias não possuem a mesma relevância das guias litúrgicas, sendo seu uso facultativo.

Desse modo, tem-se que o uso de guias possui uma função específica que deve ser compreendida e respeitada pelos médiuns. É normal os iniciantes quererem usar guias de todas as linhas, das entidades que sentem afinidade, mas não é o correto. Dentro da liturgia da casa, como amplamente visto acima, o uso das guias decorre dos cruzamentos realizados e da graduação. Caso contrário, as guias seriam mero artigo folclórico, sem qualquer importância.

A guia é a materialização do axé do Orixá e da entidade. Devemos zelar dela com todo amor e usar com respeito e responsabilidade! 

Axé irmãos!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

OFERENDAS NA UMBANDA


Abordaremos nesse texto um dos atos de fé mais comum dentro da Umbanda: A Oferenda.

Oferenda é definida no dicionário [1] como objeto que se oferece. Donativo oferecido a Deus ou aos santos; dádiva. Portanto, oferenda se origina da palavra ofertar e seu significado lógico é ofertar algo ao Sagrado.

O objetivo deste pequeno texto é trazer uma explicação sobre as oferendas, sua importância na liturgia umbandista e seu correto preparo, sob a ótica de nossa Tenda.

De início, importante destacar que o ato de oferendar o Sagrado é comum em todas as religiões e em todos os tempos. Desde as tribos indígenas, povos africanos, indianos, chineses, japoneses, hebreus e povos europeus, dentre outros era comum ofertar algo material para o Sagrado, independentemente do nome ou liturgia adotada por cada povo.

O povo hebreu, por exemplo, ofertava cordeiro à Jeová, como forma de expiação de seus pecados no ano. A oferta de frutas, incenso e flores também era comum entre os Gregos, Romanos e Hindus. A prática da oferenda também está presente dentro do cristianismo, todavia, o mais comum, é a oferta em dinheiro.

Pois bem, dentro da Umbanda, religião brasileira que possui em sua raiz a religiosidade afro-ameríndia, a prática da oferenda é marcante em sua liturgia, sendo uma verdadeira exteriorização da fé. Ao ofertar algo aos Orixás ou entidades, o devoto abre um elo de ligação mental com aquela energia, entregando elementos que serão manipulados e utilizados em seu benefício.

Não, Orixá e entidades não se alimentam das oferendas! Eles absorvem o fluído daquela oferenda, o "prana", o axé. As energias retiradas daqueles elementos, como dito acima, são manipuladas e utilizadas em favor daquele que realizou a oferta. 

Nem mesmo o charuto ou bebidas são consumidas pelas entidades. São elementos utilizados com uma finalidade específica dentro das sessões e não para "saciar" a vontade das entidades. Até porque, por serem guias com maior evolução, já estão libertos de hábitos terrenos e não são espíritos viciados no álcool ou fumo. Por isso, dentro de nossa Tenda existe um rígido regramento para utilização desses elementos, a fim de evitar a banalização dos mesmos, como, infelizmente, constatamos em muitos lugares.

Dentro da tradição Yorubá, as oferendas realizadas sobre ou ao lado dos assentamentos  têm por objetivo "alimentar" o Orixá. Porém, esse alimentar se refere também na questão energética. Ou seja, repor a energia, renovar a energia daquele assentamento.

Assim, dentro da Umbanda, as oferendas também possuem essa função de repor, renovar, evocar as energias, o axé, para que os Orixás e guias consigam agir em nosso benefício. Quando realizamos oferendas aos Orixás dentro da Tenda, estamos renovando o axé da mesma, estamos entregando ao Sagrado elementos que irão fortalecer as defesas da casa, os trabalhos realizados e a própria energia dos filhos de fé. 

Sabe-se que com o passar do tempo, com os atendimentos realizados, descarregos, desobsessões, a energia ambiente vai se desgastando, razão pela qual é necessária a renovação dos elementos para a sua fortificação e extirpação de miasmas astrais.

Pois bem, sabemos que os Orixás estão na natureza, portanto, habitam todos os seus reinos, vegetal, mineral e animal. Essa é a razão pela qual existem folhas de um determinado orixá, pedras de um determinado orixá e animais de determinados orixás. Trata-se de um conhecimento ancestral, no qual se reconhece a existência da partícula daquele Orixá dentro de um determinado elemento.

Assim, quando uma pessoa está doente e se pede uma oferenda pedindo sua saúde. Os elementos utilizados nessa oferenda contém o axé do Orixá da Cura, que é manipulado em favor do doente. Assim, a força daquele Orixá irá atuar sobre o doente, descarregando-o, limpando-o e curando-o. O mesmo ocorre em todas as situações da vida, caminhos fechados, injustiças, questões amorosas, etc.

Todavia, não podemos olvidar que a oferenda não é uma barganha ou uma imposição mágica. Trata-se de elementos que, como dito, irão auxiliar a pessoa em uma determinada situação. Contudo, deve haver merecimento e ser respeitada a vontade de Zambi, o Criador.

Ou seja, se uma pessoa passou a vida toda tendo uma vida desregrada, comprometendo a saúde de seu corpo físico, as moléstias serão inevitáveis. E não será através da oferenda que ele encontrará a cura. A cura nesse caso virá através da adoção de hábitos saudáveis. 

A pessoa que é trapaceira, que frauda, que engana, que tenta se beneficiar de outrem a todo custo, não será "salvo" por uma oferenda a Xangô quando a Justiça bater à sua porta. A pessoa que é acomodada, não possui afinidade com o trabalho, com o estudo, com o progresso pessoal, não pode esperar que uma oferenda à Ogum mude sua vida do dia para a noite.

Por isso, as oferendas dentro da Umbanda são utilizadas com fins energéticos e não salvacionistas. Evocamos a energia de um determinado Orixá, oferecemos elementos que lhe são sagrados para que a energia deles seja utilizada em nosso benefício ENERGETICAMENTE e não materialmente.

Além disso, ao oferendar o Sagrado, esse ato de fé deve ser de coração e não por obrigação, muito menos para chamar a atenção. Como ensina o Caboclo Flecheiro, guia chefe de nossa Tenda, as vezes uma vela branca acessa com fé e amor é muito mais valiosa do que uma oferenda rica em detalhes, mas vazia de sentimento. 

Ainda, não podemos esquecer a lição de Jesus trazida no Evangelho de Mateus 5:23-24: "Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta."  Ou seja, para agradar ao Sagrado, deve-se estar com o coração puro e cheio de amor e bons sentimentos. Se carrega o ódio, a inveja, a cobiça, a maledicência dentro de si, a oferenda será inócua, vez que as forças sagradas não são compatíveis com a negatividade do indivíduo.   

Passaremos agora a falar especificamente sobre as oferendas dentro da Umbanda realizadas em nossa Tenda. 

Utilizamos dentro da Tenda oferendas de frutas, velas, bebidas, comidas típicas, e elementos específicos a cada Orixá e Linha de Trabalho.

As frutas ofertadas devem ser obrigatoriamente cortadas, a fim de facilitar a extração da energia da mesma (prana). Ao entregar uma fruta inteira, sem cortar, a mesma irá apodrecer antes da casca ceder, tornando inutilizável a mesma para fins de manipulação energética. Além disso, quando realizadas dentro do terreiro, em alguidar, deve ser descarregada com no máximo 7 dias, a fim de evitar o mal cheiro. Quando for entregue na mata, as frutas devem ser colocadas sempre em cima de folhas, como por exemplo a de bananeira, o que facilitará a decomposição natural da mesma. Jamais se deve deixar alguidar de qualquer espécie em ambientes externos, já que impedirá a natural decomposição dos elementos e causará mal cheiro.

As velas utilizadas nas oferendas podem ser de 7 dias ou palito. As cores irão variar do Orixá ou Linha de Trabalho, sendo a cor branca universal, podendo ser utilizada para qualquer Orixá e Linha, inclusive as de esquerda. Ao acender a vela, o médium deve mentalizar o Orixá ou Linha, pedir que aquela luz seja espelhada em sua vida, que lhe guie na escuridão, que lhe seja o farol para caminhar. Como sempre é ensinado, Orixá e entidade não precisam de vela. A luz é para nós mesmos! O que se faz é pedir ao Orixá/Guia que energize essa vela e que ela possa iluminar seu pensar e caminhar. De nada adianta apenas acender a vela e sair. Ou ainda, acender a mesma pensando em outras coisas. É necessário a concentração, a oração, a entrega. Por questões de segurança, sempre deve ficar atento ao local em que se está acendendo a vela. Nunca acender próximo a móveis, tecidos, palhas. Na mata, jamais acender velas em locais onde pode desencadear incêndios.

As bebidas também vão variar do Orixá e Linha para o qual se está ofertando. Por exemplo: Oxalá - água mineral; Ogum - Cerveja Pilsen; Xangô - Cerveja Preta; Oxossi - Vinho/Cerveja; Iemanjá, Iansã, Nanã e Oxum - Champanhe/Moscatel; Obaluaê/Omulú - Vinho tinto. Essas bebidas, quando a oferenda é realizada no terreiro, devem ser colocadas em copos ou taças. Deve-se evitar deixar lata ao lado da oferenda, devendo a bebida ser toda colocada na oferenda. Jamais deve se utilizar o plástico. Após o período de, no máximo, 7 dias, a bebida deve ser descarregada no jardim ou na rua. Quando ofertados em pontos da natureza, deve ser despejado no chão, não deixando qualquer vidro ou copo no local.

As comidas típicas são influências diretas do candomblé. Assim, deve se observar com rigor os elementos, o modo de preparo, a fim de que seja feito conforme a cultura ancestral. Essas comidas possuem elementos que agradam os Orixás, os quais, absorvendo a energia das mesmas devolvem em axé para quem a realizou. Da mesma forma, quando realizado na Tenda, a comida deve ficar no máximo 7 dias. Após, deve ser descarregada. Quando entregue na natureza, jamais deve ser colocada em recipientes de plástico, vidro e outros que impeçam sua decomposição natural.

No que tange as oferendas para a Linha das Crianças, deve-se sempre se optar por doces tradicionais, como por exemplo: cocada, pé-de-moleque, paçoca, suspiro, etc. E evitar doces modernos. Ao ofertar balas, deve-se descacar a bala, pela mesma razão que se parte as frutas. A bala dentro da embalagem impede a extração do doce, tornando a oferenda inócua.

Já para a Linha de Esquerda, é comum a oferenda com padê (farinha da mandioca com dendê) padê doce (farinha de mandioca com mel), ebó (fubá fino com cachaça), frutas vermelhas, flores, perfumes, carne crua, moedas, rolo de fumo, búzios, etc. Geralmente são realizadas dentro das tronqueiras (casa de Exu) da Tenda. Apenas em casos muito específicos, são realizados em locais públicos como encruzilhadas e cemitérios.

Com relação ao perfume, que pode ser também entregue as Yabás (Orixás Femininos), deve-se sempre espargir sobre a oferenda e deixá-lo aberto ao lado. Quando realizado em ambiente externo, deve-se espargir no local (ou despejá-lo por inteiro) e nunca deixar o frasco ao lado, devendo o mesmo ser encaminhado ao lixo.

Ao realizar a oferenda, após acender as velas, deve-se bater cabeça ao Orixá dono da oferenda. Deve-se orar ao mesmo, pedindo o que precisa ou agradecendo. Sempre lembrando que não se trata de barganha, mas sim de manipulação energética que será revertida em seu favor se for merecedor.

Espero ter contribuído para o esclarecimento do tema, ainda que de forma sintética foram abordados temas elementares a prática de oferendas dentro da Umbanda.

Axé! 
 
   



[1] RIOS, Dermival Ribeiro. Grande dicionário unificado da língua portuguesa. São Paulo: DCL, 2010, p. 490. 

T.U. Filhos da Vovó Rita

T.U. Filhos da Vovó Rita