terça-feira, 23 de outubro de 2018

Umbanda 110 anos!




No dia 15 de novembro de 2018 a Religião de Umbanda completará 110 anos. Foi em 15 de novembro de 1908, através do Médium Zélio Fernandino de Moraes, que se manifestou o Caboclo das 7 Encruzilhadas, trazendo uma missão do Astral Superior para fundar uma nova religião. (http://filhosdavovorita.blogspot.com/2009/06/historia-da-umbanda.html).
Fundou a Tenda Nossa Senhora da Piedade, Tenda Mater da Umbanda e estabeleceu as diretrizes da nova religião. Considerando o preconceito existente na sociedade da época em que até mesmo os espíritos que se manifestavam com a roupagem fluídica de negros e índios eram barrados nos Centros Espíritas por serem considerados atrasados, o Caboclo das 7 Encruzilhadas trouxe a missão de abrir um novo campo de trabalho onde todos seriam aceitos, independentemente de seu credo, cor e raça. A Umbanda foi definida pelo Caboclo como a "Manifestação do Espírito para a Caridade" e tem por lema "aprender com os que sabem mais, ensinar os que sabem menos e a ninguém virar as costas!"

Assim, surge a Umbanda no Brasil, unindo elementos do Espiritismo, Africanismo, Pajelança e Catolicismo, formando uma religião tipicamente brasileira. 

Para comemorar tal fato, as Tendas irmãs de RioMafra organizarão um grande evento para comemorar o aniversário da nossa querida Religião e levar um pouco de sua doutrina e cultura à sociedade local!

Estão todos convidados!

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Seu Terreiro é Fraco!

Dentre as várias acusações que um dirigente recebe de filhos de fé que deixam a casa, a alegação de que o "terreiro é fraco" é a mais frequente.

Geralmente, alegam que os trabalhos de esquerda são fracos, pois não há sacrifícios de animais, é vedada a utilização de álcool e os trabalhos são realizados apenas para a caridade!

Olha, com todo o respeito aos que assim pensam, mas fracos são os médiuns que acreditam que é necessário usar de todos meios para serem fortes!

Na verdade, são médiuns viciados, que procuram a Umbanda apenas para fantasiar-se de Exu e Pombagira; para beber e se "divertir" como se estivessem em um clube, para tirar fotos "fantasiados" e expor nas redes sociais e para fazer qualquer tipo de trabalho a troco de moeda. Esses "médiuns" acreditam que por algum milagre as "entidades" que supostamente com eles trabalham irão deixá-los ricos, prósperos, com farta saúde e com poder!


Bem, qualquer pessoa que siga a Umbanda de forma séria, que é comprometida com o estudo de suas raízes e princípios, sabe que a mesma possui como base a "prática do espírito para a caridade". Essa caridade não se dá apenas com os encarnados, mas também com os desencarnados e com o próprio médium.

Em razão disso, uma sessão de Umbanda, seja qual for a linha de trabalho, ela terá um objetivo que não pode ser diverso que a caridade. Assim, não existe lugar na Umbanda para a prática de maldades, de amarrações, de vingança, etc. Da mesma forma, por ter como base a elevação espiritual, a Religião não trabalha com espíritos viciados, promíscuos ou trevosos.

Exu na Umbanda é guardião de Luz. Não bebe marafo no chão, não rasteja, não se baba, não fala palavras de baixo calão, não pede coisas ridículas ao seu médium. Portanto, pessoas que assim trabalham estão sendo vítimas de espíritos trevosos (kiumbas) ou estão sendo vítima da própria ignorância! Estão "incorporando" o conceito deturpado de Exu na sociedade, acreditando que para ser forte, Exu  tem que ganhar sangue, tem que beber até cair! Acreditam que para se trabalhar com a linha de esquerda é necessário se maquiar, apagar as luzes, desenterrar defuntos, etc.

Exu na Umbanda não aceita qualquer pedido contrário a prática da caridade e do amor. Exu na Umbanda aconselha para o bem, para o justo. Exu na Umbanda dá caminhos para que se possa seguir em paz, mas sem atrapalhar o caminho do irmão de jornada. Exu na Umbanda respeita a hierarquia, seja ela de ordem espiritual assim como as regras da própria casa em que se manifesta.

Como dito acima, tais médiuns são viciados em negatividade e precisam de auxílio e esclarecimento. Todavia, como dito no início do texto, geralmente esses médiuns ao serem repreendidos pelos dirigentes e guias da casa, deixarão a mesma e alegarão que a casa é fraca! Irão buscar casas afins, onde sua ignorância poderá se manifestar livremente, casas em que não possuem regras e que as sessões mais se parecem com verdadeiros bailes a fantasia! Porém, a escolha é deles!

Por isso irmãos dirigentes, não entristeçam-se com a saída de um filho de fé com a acusação de que a casa é fraca. A parte de vocês foi feita, as oportunidades foram dadas, mas a modificação de pensamento e vibração depende ainda do grau de evolução de casa ser. Quem sabe no futuro quando esse filho desviado chegar ao fundo do poço, mergulhado em demandas e energias negativas, lembre daquela casa humilde que um dia chamou de fraca, mas que  ensinava a fé nos Orixás e o cultivo das virtudes como base da evolução espiritual...

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Médium, qual semente tu és?


Inicio essa pequena reflexão com a citação da parábola do semeador contida do Evangelho de Mateus, Capítulo XIII 1:9:

A parábola do semeador


"13 Naquele mesmo dia Jesus saiu de casa e se sentou à beira do lago. 2 Uma grande multidão se juntou ao seu redor. Havia tanta gente que Jesus entrou num barco e se sentou; e toda a multidão permanecia de pé na praia. 3 Jesus lhes ensinou muitas coisas por meio de parábolas [a]. Ele dizia:


— Certo homem saiu para semear. 4 Enquanto semeava, uma parte das sementes caiu à beira do caminho e os pássaros vieram e as comeram. 5 Outra parte caiu no meio de pedras, onde havia pouca terra. Essas sementes brotaram depressa pois a terra não era funda, 6 mas, quando o sol apareceu, elas secaram, pois não tinham raízes. 7 Outra parte das sementes caiu no meio de espinhos, os quais cresceram e as sufocaram. 8 Uma outra parte ainda caiu em terra boa e deu frutos, produzindo 30, 60 e até mesmo 100 vezes mais do que tinha sido plantado. 9 Quem pode ouvir, ouça.
(...).
18 —Ouçam o que a parábola [g] daquele que semeia quer dizer. 19 A semente que caiu à beira do caminho representa a pessoa que ouve a mensagem a respeito do reino, mas não a compreende, e Satanás então vem e tira as coisas que foram semeadas em seu coração. 20 A semente que caiu no meio de pedras representa a pessoa que ouve a mensagem a respeito do reino e a aceita imediatamente e com muita alegria. 21 Mas, como não tem raiz, não dura muito tempo. Assim que encontra dificuldades ou que é perseguida por causa da mensagem, abandona a sua fé. 22 A semente que caiu no meio de espinhos representa a pessoa que ouve a mensagem a respeito do reino mas é sufocada pelas preocupações com as coisas desta vida e pela ilusão das riquezas. Essa pessoa não produz nenhum fruto. 23 Mas a semente que caiu em terra boa representa a pessoa que ouve a mensagem e a compreende. Essa pessoa cresce e produz muitos frutos, algumas vezes trinta, outras sessenta e outras ainda cem vezes mais."

Essa lição deixada por Cristo é muito ilustrativa e aplicável em qualquer contexto religioso, inclusive na Umbanda, a qual possui como base o Evangelho de Jesus, segundo seu fundador, o Caboclo das 7 Encruzilhadas.

Em análise à singela parábola, podemos deduzir que o semeador é Deus, Olorum, Zambi e as sementes somos nós, médiuns que recebemos a missão de nos adiantarmos espiritualmente e auxiliarmos na construção de um planeta melhor, justo, solidário e sem sofrimento.

Todavia,  muitos irmãos ao tomar o conhecimento de serem portadores da mediunidade, assustam-se, negando-a, procuram "livrar-se" desse "dom". Acreditam ser "amaldiçoados" e gastam fortunas tentando "fechar o corpo" para não mais serem médiuns. Esses, assemelham-se as sementes que caíram a beira do caminho e acabaram sendo vítimas da própria ignorância, pois perderam a oportunidade sagrada de produzir no bem.

Outros irmãos, ao descobrirem serem médiuns, deslumbram-se. Entram para a Umbanda querendo incorporar logo, ser coroado logo, atender logo, enfim, apressam situações que naturalmente levariam muito tempo para acontecer. Sem a vivência dos valores e princípios da religião em seu coração, ao primeiro contratempo, dificuldade, perda e desilusão, abandonam a religião. Pois para vencer todas essas situações adversas, era necessário o fortalecimento da raiz, dos princípios. E esse fortalecimento se dá tão somente com o tempo. Como não possuíam essa raiz em seu coração, desistem. 

Já para outros irmãos, a oportunidade sagrada da mediunidade, desperta outros interesses. Utilizam-se da mediunidade para ganhar dinheiro; para atrair espíritos obsessores, para se destacarem no grupo familiar e/ou social, para obter informações especulatórias dos espíritos, para plantar a discórdia e a desunião. Com o tempo, sua mediunidade ficará cristalizada no mal e esses irmãos não mais cumprirão sua tarefa na terra. Esses se assemelham as sementes que caíram entre espinhos. Como os espinhos eram mais enraizados do que a semente do bem, aqueles cresceram mais rápido e fortes, sufocando a boa semente.  

Contudo, há irmãos que entendem verdadeiramente o sentido da mediunidade e da religião. Dedicam-se, estudam, reformam-se intimamente, preparando a terra para que os bons espíritos possam plantar as virtudes em prol da humanidade. Esses irmãos, sem pressa, com calma, cumprem sua missão com amor e responsabilidade. Não possuem outro objetivo senão a prática da caridade e da evolução. Não se desesperam. Enfrentam as situações adversas com a esperança de que tudo é passageiro e necessário para o próprio progresso e que Deus não é injusto. Esses irmãos são as boas sementes. Aquelas sementes que darão muitos frutos. Que ensinarão mais pelo exemplo do que pela palavra.

Com base nesse pequeno texto inspirado na parábola de Jesus, convido os irmãos à reflexão: Que semente somos nós? 

    

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Desenvolvimento Mediúnico de Crianças



Essa é uma questão que sempre gera polêmica. É possível iniciar o desenvolvimento mediúnico na infância? Várias são as opiniões contrárias e favoráveis à prática.  Porém, se faz necessário o aprofundamento e estudo da questão, a fim de analisar os argumentos e medir os riscos e complicações que uma criança poderá ter caso inicie prematuramente seu desenvolvimento mediúnico. 


Qual a idade certa para se iniciar um desenvolvimento mediúnico?



Uma criança de 8 anos, por exemplo, já pode iniciar um desenvolvimento ou ainda, como 10 anos já pode trabalhar com um guia espiritual dando passes e orientações para outras pessoas? Mais uma vez, tenho que o uso da razão e do bom senso resolvem a questão sem qualquer dificuldade. Vejamos:



De início cabe destacar que a mediunidade é inerente ao corpo humano, assim como os demais sentidos. Dessa forma, ninguém coloca ou tira a mediunidade. Ela nasce e termina com a vida do médium. Todavia, a mediunidade é algo que deve ser trabalhada com seriedade e responsabilidade, pois, se mal educada, pode levar seu detentor a terríveis distúrbios, acarretando, inclusive, doenças de ordem psíquicas.



Pois bem, o corpo e a personalidade de uma criança (entende-se como criança os menores de 12 anos, conforme o artigo 2º da Lei n. 8.069/90 - ECA) ainda estão em formação. Não há preparo para o desempenho de outras atividades humanas, como por exemplo dirigir, trabalhar, manter relações sexuais, etc. Isso porque o corpo e a mente ainda estão em desenvolvimento, razão pela qual a criança não sabe distinguir o certo do errado, o verdadeiro da fantasia, a seriedade da brincadeira, entre outras coisas.



Destaca-se que até na bíblia (Coríntios 1-13:11) é retratada a questão da personalidade infantil: "Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança."



Ou seja, com o passar dos anos, com o amadurecimento, o indivíduo vai tomando posse da razão, dos sentidos e, salvo a existência de enfermidades, não age ou pensa mais como criança. As coisas que antes faziam sentido no contexto infantil, deixam de fazer quando se atinge a idade adulta.



Portanto, a infância é um momento de transição, de formação de caráter e personalidade, devendo esse período (inclusive protegido pela Lei) ser respeitado para que aquele ser se torne um adulto saudável, tanto físico quanto mentalmente. 



Diante disso, sabendo que uma criança não possui sua personalidade formada, que seu organismo ainda não está em condições de suportar certos elementos, energias, condições, como se pode admitir que a mesma possa iniciar um desenvolvimento mediúnico ou ainda, possa trabalhar em uma casa dando passes energéticos e conselhos a outras pessoas?



Como imaginar que ela trabalharia com uma personalidade estranha (espírito) se ela (criança) ainda não possui sequer uma personalidade definida?

A mediunidade é algo que, se mal interpretada e trabalhada em adultos (os quais já possuem personalidade formada), já é causa para inúmeros distúrbios de ordem psíquica, o que dirá a exposição de crianças que, como dito acima, não possuem sequer a própria personalidade formada?

Os que defendem a participação de crianças em desenvolvimento mediúnico, alegam que "A criança é nova, mas o espírito comunicante é adulto". Ora, com todo o respeito, mas que tipo de espírito irá se valer de uma criança para se manifestar? Bom, sábio e caridoso não o é, pois ao contrário, respeitaria a condição da criança e deixaria para se manifestar no momento correto.

Admitir que uma criança é precoce na mediunidade é análogo a dizer que ela é precoce e pode ingerir bebidas alcoólicas,  é precoce e pode manter relação sexual, é precoce e pode trabalhar no pesado oito horas por dia, e aí vai.

Quando se estuda a mediunidade, compreende que o conhecimento do médium é fundamental para a atuação do espírito comunicante. Ou seja, quanto mais o médium estuda, quanto mais se dedica em ações em prol do próximo e em prol da própria iluminação íntima, mais ele oferecerá ao espírito comunicante condições para melhor atuação. Pergunta-se, o quê uma criança sabe de mediunidade? Quais os estudos que já realizou? Qual sua experiência de vida? Por óbvio, a contribuição nesse sentido vinda de uma criança é nula e portanto a comunicação sempre será precária.

Assim, tem-se que um espírito superior, de Lei, seja de qual linha for dentro da Umbanda, não se utilizará da mediunidade de uma criança, pois respeitará sua idade e sua condição físico-psicológica. As manifestações que ocorrem em crianças, com a devida vênia, se trata de ação de espíritos mistificadores, que se aproveitam da criança para alcançar seus fins ou de mistificação da própria criança, a qual muitas vezes está brincando com a credulidade alheia ou ainda é vítima do ego dos pais, os quais viram naquela criança a oportunidade da fama.

Por tal razão, nossa Tenda sempre acolheu as crianças. Porém, o desenvolvimento mediúnico começa apenas a partir dos 15(quinze) anos e com muitas ressalvas. A partir dos 15 anos é que começam os estudos e aprofundamento das diretrizes da Umbanda para que o jovem possa começar efetivamente a desenvolver sua mediunidade.

O Vídeo abaixo corrobora com nosso entendimento, em que pese não ser abordado o tema Umbanda em si. Porém, a mediunidade, por ser inerente do corpo humano, não é exclusiva de nenhuma religião, razão pela qual todo e qualquer estudo sério realizado sobre o fenômeno pode ser utilizado dentro da doutrina Umbandista.   



quinta-feira, 26 de julho de 2018

ANIMISMO X MISTIFICAÇÃO



Em que pese serem assuntos muito falados dentro da religião, o animismo e a mistificação são temas pouco estudados e compreendidos por muitos médiuns. Quem nunca ouviu: "O médium X estava mistificando" ou isso é obra do "animismo" do médium. Mas afinal, o que é animismo e o que é mistificação? 

Será que ambas são situações que retratam a má-fé e o desconhecimento do médium ou o médium também pode estar sendo vítima desse fenômeno?

Nesse singelo texto, tentarei contribuir para a elucidação do tema e ao auxílio dos irmãos que se encontram em correntes de desenvolvimento mediúnico, especialmente na Umbanda.

Pois bem, animismo e mistificação são anomalias que podem a vir ocorrer durante o trabalho de desenvolvimento e prática mediúnica. Iniciaremos nossa abordagem com o animismo.

ANIMISMO
Segundo a Doutrina Espírita, o animismo é o estado ou fenômeno em que a própria alma do médium opera, em vez de um Espírito a ele estranho. Não se trata, portanto, de um fenômeno mediúnico, mas de um fenômeno anímico – vocábulo que tem sua origem em “anima”, que significa alma.

Ou seja, quando da ocorrência do animismo, não se está diante de um fenômeno mediúnico, já que não há no caso, a manifestação de outro espírito, mas tão somente a manifestação da alma do próprio médium.

Pode soar estranho dizer que é o "espírito do próprio médium" que se manifesta, porém se levarmos em conta de que nossa consciência ocupa tão somente 5% da atividade cerebral e que os outros 95% são destinados à atividade inconsciente, ou seja, fora do nosso controle direto, é possível afirmar que podem ocorrer fenômenos oriundos de nós mesmos sem o nosso conhecimento.

Por exemplo, durante uma sessão mediúnica, o médium pode acabar por externar situações por ele vivenciadas, traumas, medos, angústias, desejos e impulsos contidos, que são libertados durante a manifestação anímica. O médium age como se realmente estivesse em transe mediúnico, porém, é apenas seu subconsciente que está manifestado.    

Essa é a razão, por exemplo, quando, dentro da Umbanda, vê-se médiuns que acreditam estar manifestados, mais que agem de forma completamente antagônica e fora do contexto com o padrão das entidades que se manifestam em determinada linha.

Compete nesse caso, primeiro ao dirigente e/ou seu guia espiritual alertar o médium quanto a ocorrência do animismo. E, compete ao médium, estudar os mecanismos da mediunidade, libertar-se de seus traumas pessoais e má-tendências, através do estudo do Evangelho Segundo o Espiritismo e da reforma íntima.

Sem que o médium seja liberto do animismo, pouco conseguirá evoluir e contribuir nos trabalhos mediúnicos. 

MISTIFICAÇÃO

Já a mistificação é definida  da seguinte forma pela Doutrina Espírita: Vocábulo derivado do verbo mistificar, que significa “abusar da credulidade de; enganar, iludir, burlar, lograr, embair, embaçar”, as mistificações podem ser provocadas pelos encarnados e também pelos desencarnados e constituem, segundo Kardec, os escolhos mais desagradáveis do Espiritismo prático.

Destaca-se de início, a diferença entre o animismo e a mistificação. Enquanto o animismo é a manifestação involuntário do espírito do próprio médium, externando situações de seu subconsciente, a mistificação é a má-fé, o engodo, a ilusão. Essa prática lamentável pode ocorrer de duas maneiras:

A primeira e mais comum, quando alguém, dizendo ser médium, finge estar manifestado com um espírito, geralmente para dar "consultas" e assim ganhar dinheiro. Também, algumas pessoas utilizam-se da mistificação para valorizar seu ego, dizendo estar "incorporada" com determinado espírito para, através dele, exigir coisas pessoais, fazer fofocas, se meter na vida alheia, etc.

A segunda forma de mistificação não é proveniente do médium em si, mas do espírito que nele se manifesta. Por exemplo, um Kiumba (espírito trevoso) manifesta-se no médium e se passa por um guia espiritual (Caboclo, Preto Velho, Exu, Pombagira, etc), passando a solicitar coisas ridículas, sem qualquer cabimento. 

As duas formas de mistificação são condenáveis. No primeiro caso, o mistificador muitas vezes nem médium é. Age dessa forma em razão de sua má-fé, sua ganância e inclinação para o mal. Gosta de enganar as pessoas e abusa da credulidade das mesmas para ganhar dinheiro e satisfazer seu ego.  

A esse tipo de mistificador, apenas sua mudança ética e moral, aliada ao estudo da espiritualidade, o resgatará do lamaçal do engano. 

Tal situação serve de alerta àqueles que procuram a Umbanda acreditando que ali todas as suas vontades e caprichos serão aceitos. Como não será atendido nas casas sérias, que praticam verdadeiramente a Umbanda, se socorrerão desses mistificadores, que se passam por pais e mães de santo, sendo deles, mais uma vítima!

Na segunda forma de mistificação, o médium faz realmente o intercâmbio com a espiritualidade. Porém, em razão da ignorância e dos propósitos contrários à caridade, acaba por sintonizar espíritos afins, que o utilizam de instrumento para a prática do engano e da maldade.

Neste caso, o médium deve rever seus conceitos, reformar-se intimamente à Luz do Evangelho de Cristo, a fim de que sirva de instrumento, tão somente, das falanges da luz. Como dito acima, muitos são os casos de médiuns que acreditam estar "incorporados" com um guia de luz, quando na verdade estão sendo instrumentos de um espírito inferior, que se utiliza o nome do espírito superior, para solicitar coisas ridículas e sem cabimento, denegrindo assim a imagem da religião.

Este é apenas um pequeno ensaio sobre o tema, convido os irmãos que colaborem com suas dúvidas e sugestões, pois se trata de um importante tema que deve ser conhecido e aprofundado por todos aqueles que ingressam nos campos da mediunidade!

Axé!   

T.U. Filhos da Vovó Rita

T.U. Filhos da Vovó Rita