quinta-feira, 14 de novembro de 2013

UMBANDA EM FESTA

O Dia 15 de novembro além de ser uma data importante para a história do Brasil, já que se comemora a queda do Regime Monárquico e a implantação da República, constitui também uma data importante para milhões de brasileiros. Em 15 de novembro de 1908, através do Médium Zélio Fernandino de Morais, nasceu à religião genuinamente brasileira chamada UMBANDA.


Tal data ganhou ainda mais prestígio com a edição da Lei Federal n. 12.644, de 16 de maio de 2012, que instituiu oficialmente a data de 15 de novembro como “Dia da Umbanda”.
O reconhecimento da data pelo Congresso Nacional trouxe importantes avanços na desmistificação desta religião tão brasileira. A Umbanda aos poucos está ganhando reconhecimento na sociedade, umbandistas assumindo sua religião, sem medo de serem discriminados, núcleos de estudos estão sendo criados e, inclusive, já foi criada a primeira Faculdade de Teologia Umbandista do Brasil, com reconhecimento do MEC.

Todavia, há muito a ser feito. A Umbanda recebeu em sua formação influências espíritas, católicas, indígenas e africanas, porém foi desta última que herdou o preconceito ainda existente na sociedade brasileira, contra o negro e sua cultura, conseqüência direta da escravidão.

Ora, se a pouco mais de 126 anos atrás, imperava na sociedade brasileira a idéia de que o negro não era humano, mas sim um mero animal, objeto, como esperar que sua fé e sua cultura fossem aceitas e respeitadas pela sociedade e colocada no mesmo patamar que a cultura dos povos europeus?

As marcas da escravidão ainda estão no Brasil e o reflexo maior se encontra justamente nas questões religiosas. Quantas ofensas os adeptos das religiões afro-brasileiras já receberam direta ou indiretamente, com coisas do tipo “chuta que é macumba” ou ainda, com a profanação de entidades, instrumentos sagrados e com a “demonização da fé” promovida por alguns pastores evangélicos. Por que o Deus cultuado pelos “brancos” é bom e o Deus cultuado pelos “negros” é mal? Será que a cor e a origem de um povo podem ser utilizadas para determinar quem é inferior ou superior? É claro que não.

Muitas pessoas já se libertaram desses antigos paradigmas de nossa sociedade, mas infelizmente, ainda existem pessoas sendo discriminadas, agredidas e até mortas, porque optaram por seguir as religiões afro-brasileiras.

Desde sua origem a Umbanda, na humilde Tenda Nossa Senhora da Piedade, nunca buscou atacar qualquer religião. Os princípios de amor e caridade fizeram com que as casas de Umbanda fossem freqüentadas inclusive por adeptos de outras religiões, os quais encontraram o auxílio, as respostas e o amparo buscado, sem que para isso tivessem que deixar sua crença de lado. A Umbanda não é melhor ou pior que outra religião, é apenas um caminho oferecido pelo Criador, para se chegar à evolução do espírito.

E assim, nas lições dos espíritos de luz que se manifestam nos templos, trazendo mensagens de esperança, alívio e conforto a Umbanda completa seus 105 anos! Religião ainda muito jovem, se comparada com as demais, e ainda em formação. Infelizmente a Umbanda, assim como as demais religiões, ainda é vítima de pessoas descompromissadas, ignorantes, interesseiras, fantasiosas, que se utilizam do nome Umbanda para enriquecer, para explorar e para iludir pessoas. Todavia, com o tempo tais pessoas serão denunciadas e desmascaradas e a verdadeira Umbanda, aquela pautada no estudo, na simplicidade, na seriedade e na prática do amor e da caridade, prosseguirá levando luz àqueles que a procuram.

Nesse dia tão importante para a Umbanda, pedimos que Oxalá, mestre supremo, derrame sua luz e sua benção, a todos os irmãos de fé e trabalhadores da Sagrada Umbanda.

Jefferson L. Grossl

T.U. Filhos da Vovó Rita 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Fumo e bebida na Umbanda, são bons exemplos?

Por Sandro C.Mattos 




Muitos dizem que na Umbanda se usa o fumo porque o Preto-Velho Pai Antônio pediu um cachimbo na sua primeira manifestação no médium Zélio Fernandino de Moraes em 16 de novembro de 1908. Na verdade, olhando bem a história, notaremos que Pai Antônio, quando perguntado do que ele sentia falta da época em que estava na Terra (ou seja, no que ele ainda sentia necessidade) ele disse: “meu pito, que deixei no toco no momento da minha passagem” (daí vem o ponto cantado).

Observem que ele não pediu o cachimbo como elemento de trabalho, mas sim, para "matar" uma saudade dos tempos em que estava no corpo físico. Na verdade o primeiro elemento colocado por ele e que, aliás, foi o primeiro elemento material usado na Umbanda, foi uma guia de rosário.

Outros alegam que é uma tradição indígena, mas esquecem que apenas o pajé e seus poucos aprendizes eram os conhecedores da magia da fumaça e não todos os índios da tribo (nem todo caboclo que atua na Umbanda foi pajé). 

Algum tempo atrás descobri que a Tenda São Jorge (uma das casas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas), não utilizava cachimbo e charuto em seus trabalhos e que mudou anos depois por influência de um novo sacerdote que assumiu a casa. 

Isso deixa claro (na minha visão) que as entidades não necessitam desses artifícios para atingirem seus objetivos, e mais, que não é uma coisa recente, como eu mesmo acreditava (há tempos venho percebendo que o número de casas que estão deixando de utilizar esses elementos em seus rituais vem crescendo, sendo que em algumas, primeiro deixaram de adotar a bebida, em outras, o tabaco também). 

O uso do fumo e principalmente da bebida alcoólica é, no mínimo, um péssimo exemplo para nossa juventude, principalmente num país em que o número de viciados jovens é cada vez maior. 

Isso sem contar com a saúde. Muitos alegam que a entidade não é viciada e que ela não aspira, ou seja, não traga a fumaça do cigarro, pois apenas a utiliza como defumação. Mas essa defumação seria tão importante assim se todos são defumados previamente no terreiro? E o efeito dela, vale mais à pena do que o perigo exposto à saúde das pessoas?

Digo isso porque, mesmo não sendo tragada, a fumaça entra na boca do médium. Talvez poucos se atentem a isso, mas o câncer de boca (e esôfago) é um dos que mais matam no Brasil. E sabe qual é um dos principais desencadeadores do câncer de boca? O tabaco, principalmente quando associado ao uso de bebidas alcoólicas (corriqueiro na maioria das tendas).

Câncer de pulmão: índices elevadíssimos mostram que tanto quem fuma como quem respira (fumante passivo) , correm riscos. Num ambiente fechado, como é uma tenda de Umbanda, como ficam aqueles que são obrigados a respirar aquela fumaça de tabaco?

Entendo que existem pessoas que defendem o uso do fumo e da bebida (essa, pra mim, pior ainda), mas em pleno século 21, muitos dizem que a Umbanda está evoluindo e se desprendendo dos elementos materiais; e se está, porque então não abolir esses costumes de vez, auxiliando assim muitos órgãos que lutam bravamente para acabar com esses vícios pelo mundo? 

As entidades se adaptam rapidamente sem esses elementos, pois muitas vezes os utilizam, mais por necessidade do médium e até do consulente, que precisa de algo material para acreditar que ali tem mesmo um espírito atuante.

Lembro-me de uma vez em que o Exu da casa em que freqüento chegou muito chateado. Ele nos disse que havia visitado um outro terreiro e quando lá incorporou num médium, logo foi recebendo um charuto e um copo de cach aça (marafa). Quando o Exu (que é de Lei) avisou que não bebia e nem fumava, pois já havia entendido que não precisava disso para fazer caridade, foi vítima de risos, e falaram para ele que ele não era um Exu. Isso mostrou que a dificuldade para o umbandista aceitar um guia que não fuma e bebe ainda é muito grande (quando é um Exu ou um marinheiro ou baiano então, nem se fala).

Mas voltemos ao uso do fumo e de bebidas nos terreiros de Umbanda!

Entendemos que a tenda de Umbanda é um local sagrado, não é mesmo? Assim como outros templos religiosos. Então porque só a Umbanda abre espaço para usar esses elementos em suas “igrejas” (entenda igreja como local sagrado = casa de Deus). Até mesmo no Candomblé não existe a ingestão de bebida e fumo com o orixá manifestado (bolado) nos médiuns. 

Os estudiosos da aura humana já escreveram vários artigos, entre os quais chamo atenção para o livro “Os Chakras”, escrito por C.W. Leadbeater, que alerta sobre a má influência do uso do cigarro, da bebida e das outras drogas sobre nossa tela protetora que recobre o perispírito e protege os chakras (essenciais para a prática da mediunidade).

A maioria dos terreiros solicita aos seus médiuns para que fumem menos e se abstenham da bebida alcoólica no dia dos trabalhos. Pra que? Tal solicitação não faz sentido, se no terreiro esses mesmos elementos são liberados (em alguns casos, até fora de controle, causando problemas mais sérios)? Certa vez presenciei isso numa festa de Iemanjá, no município de Praia Grande/SP, onde um dirigente chorava desesperado porque duas das suas filhas-de-santo haviam morrido afogadas e que teriam sido levadas pelas “Santas” para o mar – detalhe: o próprio dirigente tinha um forte cheiro de álcool na boca. Eu como umbandista fiquei chocado; imagine uma pessoa que não conhece a religião e acha que todo terreiro trabalha dessa forma! 

E como fica uma pessoa que tem ojeriza ao cheiro do tabaco (e do álcool), ou mesmo alguém que sofre de asma e/ou bronquite? Não poderá ser umbandista? Eu mesmo já precisei sair mais cedo quando visitava um terreiro, porque não agüentava o cheiro forte e a fumaça que fazia me arder os olhos (quem tem problemas respiratórios, como uma simples rinite, sabe o que estou dizendo).

Algumas casas permitem que apenas médiuns desenvolvidos possam fumar e beber. Legal! Isso é importante, para não atrapalhar a psique do médium novato. Mas se durante anos o guia não precisou beber e fumar para trabalhar, porque precisará de uma hora para outra? 

Outra questão importante é sobre o tratamento a pessoas viciadas. Todas as religiões possuem trabalhos importantes nesse sentido, e vemos constantemente pessoas que se livraram das drogas e do álcool através da religião. Mas como servir de exemplo a essas pessoas, se utilizamos tais elementos dentro do culto? Fica difícil convencer alguém através do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, não é mesmo? 

E para completar, no final dos trabalhos, seria correto, elevar o pensamento a Deus, fazer preces e no dirigir às Esferas do Astral Superior (Aruanda), com um tremendo “bafo-de-cana” na boca? Muitas pessoas que defendem o uso do álcool alegam que o cheiro da bebida não altera o hálito do médium, porém sabemos que isso seria impossível. O que ocorre é que o mesmo é mascarado pela mistura do álcool com a fumaça do fumo.

Bom, eu poderia enumerar várias outras situações, mas paro por aqui. Não estou criticando quem usa, nem vou achar que uma entidade é de Luz ou não por usar o fumo, muito pelo contrário. Respeito todos, até porque, na casa que freqüento, por algum tempo também se usou o fumo e a bebida, porém essa prática foi abolida pelo mentor há mais de 25 anos. E sei também que maravilhas acontecem em todos os terreiros de Umbanda, independente do ritual utilizado.

Também não posso deixar de explicar que não sou contra o uso de bebidas em centros de segurança, pois sei que são fontes de energia e utilizadas para defesa da casa na firmeza de pontos especiais (como a tronqueira, por exemplo). Também sei que são utilizadas como componentes de determinados banhos especiais, assim como em certas oferendas. Além disso, entendo que tais elementos possam e muitas vezes devem ser utilizados como material de trabalho pela entidade manifestada, desde que não ocorra sua ingestão, pois sabemos que os espíritos precisam na verdade da parte etérea dos mesmos, e para isso, não é necessário que seja colocado uma gota de álcool no organismo do médium. Isso é claramente comprovado em muitas casas em que as bebidas ficam em copos ou “coités”, dentro do ponto firmado da entidade, sem a necessidade do espírito beber o líquido ali contido.

De qualquer forma, buscando plantar a semente de um debate democrático e respeitoso, acho que esse é um ponto que merece um momento para reflexão.

Saravá!

Sandro da Costa Mattos
Ogã Alabê da APEU – Associação de Pesquisas Espirituais Ubatuba – Templo de Umbanda Branca Caboclo Ubatuba
Site: www.apeu.rg.com.br
Blog: www.apeuumbanda.blogspot.com

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Fundada uma Filial da Tenda em São Francisco do Sul/SC


Irmãos de Fé! É com grande alegria e satisfação que comunicamos que no dia 14/09/2013 realizou-se a primeira sessão da filial da Tenda de Umbanda Filhos da Vovó Rita, na Cidade de São Francisco do Sul/SC. 

A Tenda está instalada provisoriamente na Rua Pelotas, Praia Grande, na Casa de nosso Ogan Chefe Leandro. As giras ocorrerão quinzenalmente sob a supervisão dos Pais e Mães de Santo da Casa.

A fundação de uma filial surgiu da necessidade de auxiliar os irmãos de fé que nos procuram, que simpatizam com nossa filosofia, doutrina e método de desenvolvimento e que não tinham encontrado o mesmo amparo, seriedade e compromisso em outras casas.

Creio que esta semente de uma nova casa de Umbanda, levará os simples ensinamentos da Umbanda "pé no chão", aqueles que realmente buscam e através dela, muitos irmãos serão amparados!

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Seminário de Umbanda

Caros irmãos de fé,

Estivemos na data de 04/08/13 na UNIBE - Faculdades Integradas Espírita, em Santo Inácio, Curitiba/PR, para participar do 3º Seminário Paranaense “Cultura e Cidadania Umbandista” promovido pela Federação Umbandista do Estado do Paraná – FUEP.


O Auditório Chico Xavier ficou lotado de irmãos interessados no debate das melhorias para nossa amada religião. 


O principal palestrante da tarde foi o Pai Ortiz Belo de Souza, de São Paulo, sacerdote de Umbanda e líder do MPU – Movimento Político Umbandista. Pai Ortiz apresentou ao público a proposta de elaboração de uma Carta Magna para a Umbanda. Um documento que deverá ser amplamente discutido, aceito e instituído no Congresso Brasileiro de Umbanda em 2014, como diretriz da Religião.


O objetivo de tal Carta é deixar claro o que é e o que não é Umbanda, sem, contudo, intervir na individualidade de cada Templo.


Infelizmente vemos a crescente fundação de casas sem qualquer comprometimento com a doutrina Umbandista. Casas que se utilizam de rituais escusos, magia-negra, amarrações, casas que se dizem de Umbanda, mas que realizam rituais incompatível com as diretrizes do Caboclo das 7 Encruzilhadas. A Carta Magna servirá como parâmetro para separar o joio do trigo, dando prestígio às casas que são verdadeiramente de Umbanda.


Os ideais do Pai Oritiz, vêm de encontro com a filosofia e doutrina da T.U. Filhos da Vovó Rita, que à anos combate os abusos, misturas e mistificações ocorridas dentro da religião. Para crescer, a Umbanda precisa ter uma doutrina amplamente conhecida e principalmente respeitada. É necessário extinguir os pais/mãe de santo de poste, que realizam amarrações e “todos os tipos de trabalhos” trazendo a pessoa amada em 07 dias! A Umbanda precisa ser encarada como religião e não como comércio!


Como era esperado, a questão “cobrança”, gerou indignação por alguns dos participantes, que num ato de total desrespeito e espírito antidemocrático, deixaram a discussão.


Felizmente, a maioria do plenário apoiou as idéias que, ao nosso ver, elevarão a Umbanda a um importante patamar! 


Na próxima sessão no Templo, iremos levar essa proposta para discutir com os irmãos e se for aprovado pela maioria, iremos mandar uma mensagem de apoio ao Pai Ortiz.


Quem tiver interesse em conhecer mais sobre a Carta Magna de Umbanda e os Projetos do Movimento Político de Umbanda, pode acessar os seguintes sites: http://www.congressonacionaldeumbanda.com.br/site/
http://movimentopoliticoumbandista.blogspot.com.br/ 


Lembramos por fim, que até o final do ano a Federação vai realizar dois fóruns de debates, os quais seriam interessante nossa participação!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

ESPÍRITOS DA UMBANDA - EXU


Ante o sucesso da série de estudos "Orixás da Umbanda", surgiu a necessidade de prosseguir os estudos sobre nossa sagrada religião. Uma vez que os Orixás já foram comentados, é chegado o momento de falar dos espíritos, das entidades que atuam na Umbanda, que comandam nossos trabalhos e que nos trazem mensagens do plano espiritual. Buscar-se-á abordar todas as questões inerentes ao tema, deixando claro, logicamente, que o leitor possui toda a liberdade de questionar e de mandar suas dúvidas.

Que Oxalá nos ilumine! Um bom estudo a todos!

ESPÍRITOS DA UMBANDA - EXU





Neste texto, vamos abordar os mais variados assuntos para tentar passar ao filho de fé uma noção acerca dos espíritos encarregados pela guarda e defesa de nossas casas e canjiras, servos dos Orixás, os quais chamamos de Exus da Umbanda. 


Não precisa fazer muito esforço para perceber que esses nossos irmãos espirituais são os mais atacados pelas religiões evangélicas, por serem considerados “demônios”. Também são esses mesmos espíritos os que mais sofrem com a ignorância de pseudos-médiuns que utilizam seus nomes e sua simbologia para realizar trabalhos escusos, para “se fantasiar”, para beber, etc., e fugir dos desígnios da religião. 

O objetivo deste texto é desmistificar a imagem desses espíritos tão importantes para a Umbanda e também trazer uma noção de sua origem, de seus significados e seu trabalho. 

Pois bem, de início necessário se faz entender a origem da palavra Exu. 

A expressão Exu veio do povo africano conhecido como Yorubás. Para eles esse era o nome de uma divindade (orixá/encantado) responsável pela comunicação entre os homens e os demais Orixás e entre os próprios Orixás. Ele era reconhecido como a divindade da comunicação, senhor das encruzilhadas, filho de Iemanjá. Sua personalidade era alegre, brincalhão, gostava de criar atrito entre as pessoas para testá-las. Gostava de fumo, marafo, padês, ebós, entre outros elementos. Seu dia da semana era segunda-feira, por ser o primeiro dia da semana. 

Nos candomblés de origem Ketu/Nagô, Exu é a primeira divindade a ser reverenciada nas sessões. Sem sua proteção e autorização, impossível se torna a evocação dos demais Orixás. Por essa razão, as rodas de candomblé iniciam-se com cânticos de louvor e proteção a esse orixá, tudo na língua Yorubá. 

Como visto acima, Exu para o Candomblé Ketu/Nagô é um Orixá, um encantado, uma força da natureza assim como Ogum, Oxossi, Oxalá, entre outros. Por tal razão, pode, inclusive, ser pai de cabeça de seus adeptos. 

Apenas a título de curiosidade, todos os povos que cultuavam divindades como Orixás, Nkises e Voduns, possuíam uma divindade muito parecida com a figura de Exu dos Yorubas, sendo elas a Npambu Njila, Nkise dos caminhos para os Bantus (Angola) e Legba, o guardião para os povos Ewé-Fon (Jeje). Também na nação Batuque do Rio Grande do Sul é chamado de Bará. 

Na Umbanda, apesar da utilização da mesma nomenclatura, Exu não é tido como Orixá (exceção se faz na linhagem de Umbanda criada por Rubens Saraceni, a qual respeitamos, porém não concordamos). 

Dentro da Umbanda, tanto em nossa raiz, como na maioria dos terreiros, Exu representa inúmeras falanges de espíritos que prestam serviços aos Orixás e demais guias. Exu é tido como soldado dos Orixás, dos caboclos, dos pretos velhos, etc. 

Desse modo, os espíritos de Exus estão presentes dentro das linhas e falanges da Umbanda. Por exemplo, Exu Caveira integra a falange de Omulú/Obaluaê, Exu Pedra Preta integra a falange de Xangô, Exu Maré integra a falange de Iemanjá, e assim por diante. Cada entidade que se apresenta como Exu está subordinada a um Orixá. Por tal razão, antes de iniciarmos a sessão para trabalhar com esses espíritos, além da permissão de Oxalá, pedimos a permissão de Ogum, o dono dos caminhos. Sem a autorização dele, nenhum Exu pode se manifestar. 

Os Exus da Umbanda, apesar de não serem Orixá, como visto acima, possuem algumas características da divindade Yorubá. Quais sejam: Sua cor em geral é o preto e o vermelho, são tidos como senhores das encruzilhadas e caminhos, bem como suas oferendas também podem ser feitas com fumo, marafo, padês, ebós, etc. Todavia, por não ser considerado Orixá na Umbanda, Exu não pode ser o pai de cabeça de nenhum médium. 

 Na Umbanda, por ser cada Exu ordenança de um Orixá, os locais de atuação serão distintos. Por exemplo: Exu Caveira, Tata Caveira, João Caveira, 7 Caveiras, Caveirinha, Tranca Rua das Almas, entre outros são Exus de Omulú, portanto seus locais de atuação são os cemitérios, as calungas. Já Exu Pedra Preta e demais Exus de Xangô será a pedreira. Exu Maré e demais Exus de Iemanjá será a praia. Exus de Ogum, como Exu Menino, Tranca Ruas da Encruzilhada, Tiriri, será as estradas, as encruzilhadas. Exu Arranca Toco, Exu Pantera, Exu das Matas e demais Exus de Oxossi, o local de atuação será as florestas, as matas, e assim por diante. 

Assim, as cores utilizadas para esses Exus em suas velas e oferendas, também terão alteração, com influências dos Orixás dos quais são subordinados.

Alguns escritores dividem a Linha de Exu em Exu pagão, Exu batizado, Exu coroado e Exu de Lei. Ao nosso ver, desnecessário se faz tal divisão, vez que Exu é Exu, espírito de Luz, subordinado aos Orixás, que possui a tarefa árdua de guarda das casas de Umbanda, dos caminhos de seus filhos, do desmanche de demandas e magias- negra, da expulsão de espíritos negativos, etc. 

Um Exu de verdade, jamais fará mal contra quem quer que seja, não realizará qualquer tipo de trabalho para amarração, separação, atrapalhos, etc. Um Exu de verdade, ao ser procurado para esses fins, orientará e doutrinará aquela alma infeliz, e tentará mostrar outras alternativas que não sejam o ódio e a maldade. 

Infelizmente, como destacado no início, muitos “pseudos-médiuns” utilizam-se do nome dessas entidades para realizar trabalhos escusos. Quantos são os relatos de terreiros em que supostamente essas entidades manifestadas solicitaram coisas ridículas, praticaram a maldade e cobraram por seus serviços! 

A Linha de Exu é a que mais sofre com os mistificadores e com os ignorantes. Existem terreiros em que a gira de Exu é tida como festa, todos bebem, todos fumam, todos falam palavrões, fazem o que querem. Ao final da famigerada sessão, a maioria dos “médiuns” estão bêbados! 

Isso não é Exu! Isso não é Umbanda! 

Como já relatado em outros textos deste blog, a utilização da bebida, também conhecida como curiador, serve como ponto energético para o trabalho da entidade. Não que ela precise do álcool para se satisfazer, mas sim para utilizar em suas mirongas. E, mesmo que a entidade consuma tal bebida, se for realmente ela que estiver manifestada, de forma alguma deixará seu médium bêbado. Aquele que fica embriagado em razão da suposta entidade ter utilizado bebida, está em flagrante mistificação e não deve ser levado a sério. 

Também, cabe destacar que muitos médiuns, expostos à terreiros sem doutrina, sem comprometimento com a caridade, sem conhecimento, passam a ser incorporados por Kiumbas (espíritos sem luz, ignorantes, enganadores, que se comprazem com a maldade), os quais para enganar o médium e todos aqueles que estão ali, utilizam-se de nomes de Exus. Por tal razão, infelizmente, vemos por aí que “Exu Tranca Ruas” acabou com a vida de fulano, “Tata Caveira” destruiu com ciclano! Ora, tais Exus, os de verdade, jamais fariam tais atrocidades! Se de fato foi realizado qualquer magia para esse fim, não tenha dúvidas que ali estava um Kiumba, enganando a todos com o nome de Exu, justamente para atingir a imagem dos espíritos trabalhadores da Umbanda. 

Pois bem, voltando ao tema, desde a colonização do Brasil a expressão Exu em nosso país tem uma conotação negativa. Isso porque, os padres jesuítas, os quais colaboraram com a escravidão e com a chacina dos povos indígenas, associaram a figura de Exu ao demônio judaico/cristão. 

Obviamente que um não tem nenhuma ligação com o outro, pois fazem parte de culturas distintas. 

Todavia, essa associação acabou se enraizando e adentrou na Umbanda. Lamentavelmente, há algum tempo atrás as imagens de Exus eram todas vermelhas, de chifre, de rabo, com patas, etc, lembrando a figura do demônio cristão. 

Isso fez com que muitos médiuns ignorantes, acreditassem de fato que Exu era o diabo. Aí, começou a aparecer “exus” com nomes de demônios, que não vem ao caso citá-los, mas se tratam de meros delírios das mentes doentias de seus “médiuns”. 

Nos dias atuais as coisas estão mudando. Já é comum encontrar imagens de Exu como realmente eles são, espíritos de pessoas normais, com suas capas, cartolas, tridentes, ferramentas de trabalho, a serviço dos Orixás e da Luz. 

Ressalta-se porém que a imagem é apenas uma imagem. Não significa que o Exu é daquele jeito, utiliza roupas ou elementos daquela forma. É normal ver “médiuns” que só porque a imagem da entidade está sem camisa, o “Exu” quando chega, tem que tirar a camisa. Ou, se na imagem o Exu possui uma capa amarela, o médium quando incorporado, pede uma capa amarela. Não funciona assim! Tais situações ocorrem quando a mediunidade está fraca e o médium acaba por interferir na vontade do guia. 

Um Exu, quando manifestado não exige roupas luxuosas. Se for preciso, até mesmo de branco trabalha. Isso porque, entendem a verdadeira missão dentro de um terreiro e não vão cultivar a vaidade. Entretanto, em muitos terreiros a fora, a vaidade é do “médium” que se aproveita da situação para pedir coisas caras, charutos dos melhores, bebidas finas, etc. 

Como dito alhures, se preciso for, Exu trabalha até com um copo de água. Obviamente se o médium tiver condições e quer agradar seus guias, poderá comprar produtos de qualidade. Porém, se não puder, Exu chega e realiza o mesmo trabalho da mesma forma. Como já alertou Zélio Fernandino de Morais, o fundador da religião, a vaidade destruirá o médium! 

Os Exus dentro da Umbanda, assim como os demais espíritos, trabalham em falanges, agrupamentos de espíritos que trabalham sob o mesmo símbolo, o mesmo nome. As mais conhecidas são: 

- Exu Tranca Ruas 

- Exu Caveira 

- Exu 7 Encruzilhadas 

- Exu Marabô 

- Exu Tiriri 

- Exu Capa Preta 

- Exu Meia Noite 

- Exu Veludo 

- Exu Mirim 

- Exu Tata Caveira 

- Exu Rei 

- Exu João da Calunga 

- Exu Pimenta 

Entre muitos outros. 

Em cada falange, existe inúmeros espíritos que se apresentam com o mesmo nome. Por tal razão, é comum encontrar mais de um Exu Caveira, Tranca Ruas, etc. Pelo mesmo motivo não se aconselha ao médium se prender em “histórias” de entidades publicadas na internet, já que cada espírito dentro da falange, possui sua própria história. 
A linha de Exu na Umbanda é conhecida como “Linha de Esquerda” ou também “Linha de Quimbanda”. 

Com relação à expressão Quimbanda (originária da língua Kimbundo, falada no noroeste da Angola, Kimbanda significa curandeiro, feiticeiro, xamã), cabe destacar que a mesma é utilizada apenas em nossa região. Em outros locais como em São Paulo e no Rio de Janeiro, a expressão Quimbanda é utilizada para designar outra religião, outro ritual, muito diferente da Umbanda. Por isso, deve ser utilizada tal expressão com muita cautela, a fim de evitar equívocos. 

O símbolo de Exu dentro da Umbanda é o tridente. O tridente é um instrumento mitológico de poder, ferramenta utilizada pelos Exus para combater os espíritos do mal, os kiumbas. Há aqueles que afirmam que o tridente significa a atuação do Exu na manipulação de energias, podendo positivar, neutralizar e negativar as forças. 

Fato é que Exu na Umbanda é o guardião. Dono das porteiras, dos caminhos, das encruzilhadas. Exu é quem faz a segurança do templo evitando que espíritos negativos, zombeteiros, espíritos sem luz, adentrem os templos e atrapalhem as sessões. 

Exu é o espírito que adentra as regiões mais densas e escuras da espiritualidade, a fim de levar as ordens e cumprir as missões designadas pelos Orixás. Como diz aquele famoso ponto de subida: “Quem esteve lá e ouviu, agora dizem na Umbanda, sem Exu não faz nada!”. 

Por tal razão, por poder estar presente nas regiões mais densas da espiritualidade Exu está mais próximo do ser humano, seu contato é mais direto, mais facilitado. Por isso, os dirigentes de uma casa de Umbanda devem estar atentos, para que o médium não inicie seu desenvolvimento com Exu. Já que, como visto, eles são servos dos Orixás, apenas após seus guias de “direita” como caboclos e pretos velhos, tiverem sidos firmados, identificados e com o ponto riscado, é que o Exu poderá trabalhar. E Exu entende essa Lei, pois ele é o executor dela. Jamais um Exu de verdade irá questionar as regras impostas por caboclos e pretos velhos. 

A saudação do povo de Exu pode ser: Loroyê (Mensageiro, comunicação), Exu Mojubá (referem-se ao engrandecimento de Exu, saudando sua força, seu poder), e ainda "Sarabumba". 

Seu dia da semana é a Segunda-Feira, ou a Sexta-Feira para alguns. 

As cores e as oferendas variam de cada falange de Exu, que como vimos, atuam subordinados aos Orixás. Assim, para Exus das Almas, dos cemitérios, é comum a utilização de cores pretas e brancas, para Exus da Encruzilhada, o Preto e o Vermelho, e para os demais a cor de atuação do Orixá, como por exemplo verde para os Exus de Oxossi, Azul para os Exus de Iemanjá, e assim por diante. 

Em geral, as oferendas a esses guardiões levam marafo, rolo de fumo, charutos, padê (farinha de mandioca com dendê), ebó (fubá com marafo), pimentas, manga, frutas vermelhas, moedas e outros elementos que podem ser pedidos por cada entidade. 

Além de outras, essas entidades possuem como plantas consagradas a urtiga e a mamona. 

Os assentamentos de Exu sempre devem ficar do lado de fora do templo, em um local que pode ser chamado de “canjira” ou “tronqueira”. E assim o é pelo fato de exercerem a função de defesa e guarda do templo.



Apresentam-se sempre com uma maneira ríspida e séria, sabem os momentos certos para cada palavra. Suas sessões devem possuir o mesmo respeito e concentração que as demais sessões de trabalho, evitando as risadas, conversas paralelas e desconcentrações.

Para reforçar a explicação sobre essas importantes entidades, transcreve-se abaixo uma maravilhosa mensagem escrita pelo médium Nikolas Peripolli, sob a inspiração do Exu Mata Escura, para o site Colaborador Umbandas:


Quem é Exú?

Somos os bons espíritos que ajudam a quem necessita.

Pisamos a onde é preciso pisar para levar a luz, a espada e a força e algumas vezes a alegria necessária.
Não agradamos por simpatia, não ajudamos quem não é merecedor perante a Lei.

Sou um espírito, como você, que hoje trabalha como Exú, nas matas, nos cemitérios, nas encruzilhadas, nas ruas, nos mares, nas cachoeiras. Trabalhamos e sempre trabalharemos na escuridão, em nome dos Orixás, levando a luz a quem necessitar, a quem merecer perante os olhos da Lei.

Não nos importamos com rótulos que a sociedade terrena nos dão, pois cedo ou tarde, sempre alguém irá necessitar de nosso auxilio, de nossa força, encarnado ou desencarnado.
Um dia, já errei, um dia já tive falhas humanas, e ainda as tenho, porém, hoje mais consciente, racional, trabalho em prol da ajuda daqueles que na qual um dia no mesmo campo emocional eu cai. 

Não faço isso por obrigação, como punição, faço por prazer, por um desejo latente que soa em meu intimo. Um chamado divino me tocou um dia na qual todos nos somos chamados.
Não seja hipócrita e pense que todos os bons espíritos sempre foram da luz e sempre andaram pelo caminho reto.

Não não e não. Somos humanos, já eramos, já caímos e hoje estamos na situação de auxiliar por termos caídos e nos levantado, e de alguma forma escudado a voz que se comunica através do coração.

Pode-se passar centenas e milhares de anos, eu sempre serei exú, até o dia que Deus não necessitar mais de mim no campo de “batalha”, pois enquanto o Pai quiser, eu estarei na escuridão, ajudando e lutando contra quem estiver contra a Lei e a Justiça.

Louvado e abençoado sejam nós exús, os bons espíritos que habitam na escuridão levando a luz dos orixás a quem necessitar e merecer!!


PONTOS CANTADOS

Assim como os espíritos da Linha de Exu, os pontos cantados também sofrem com a ignorância de algumas pessoas. Nossa raiz não canta nenhum ponto cuja letra deturpa a imagem dessas entidades ou fazem menção a coisas vulgares e inferiores. Ora, se o ponto cantado é uma oração cantada, qual será o objetivo de cantar pontos que falam em negatividade? Assim, segue abaixo alguns dos pontos cantados para chamar e louvar esses nossos queridos guardiões. Pontos esses que devem ser cantados com todo o respeito e concentração.

PONTO 01
Ogum, Exu pede licença,
Para o seu povo arriar! (2x)
Mas ele é o rei dos feiticeiros!
Vem trazendo forças para o nosso terreiro! (2x)

PONTO 02
No portão do Cemitério Exu Caveira eu saudei!
Saudei Exu das Almas, na Calunga ele é Rei! (2x)
Mas ele é Exu, e Omulú é seu Rei!
Saudei toda calunga, Exu Caveira eu saravei! (2x)

Ponto 03
Viva as Almas!
Salve a coroa e a fé!
Salve Exu das Almas!
Ele é Tranca Ruas de fé, ô viva as almas!

PONTO 04
Na encruzilhada um clarim se ouviu! (2x)
E o cavaleiro era Ogum de Lei (2x)
A Lua cheia estava clareando,
Sete Encruzilhadas, já vem chegando! (2x)

PONTO 05
É 7 é 7 é 7
É 7 Encruzilhadas!
Quem tem fé no seu 7 tem tudo, quem não tem fé não tem nada!

PONTO 06
Comigo ninguém pode!
Só eu posso com tudo!
Na minha Encruzilhada,
Eu sou Exu Veludo! (2x)

Exu da Meia Noite,
Exu da Madrugada,
Uma banda sem Exu,
Não se pode fazer nada!

Encima daquela mesa
Tem 7 facas cruzadas!
Ô salve Tranca Ruas, Salve 7 Encruzilhadas!

PONTO 07
Seu Pedra Preta vem chegando no terreiro,
Seu Pedra Preta vem chagando na quimbanda,
Ele vem pra trabalhar e levar toda demanda! (2x)
Ele vem da mata, da pedreira de Xangô!
Traz sua proteção, Pedra Preta já chegou! (2x)

PONTO 08

Meia Noite andando,
Pela encruzilhada,
Vi Exu sentado, fazendo macumba e dando gargalhada! (2x)
O galo cantou, o galo cantou!
Exu Meia Noite chegou na canjira e saravou! (2x)

PONTO 09
Passei no cemitério às 11 horas do dia,
Exu matou seu galo e a catacumba tremia! (2x)
Blem blem blom,
O sino de lá batia,
Blem, blem blom,
E a catacumba tremia!

PONTO 10
Exu é vida!
Exu é Lei!
Luz da Quimbanda, Omulú tem sua Lei! (2x)
Com seu vigia do lado e carangola também!
Exu Rei está sentado, 7 tronqueiras já vem! (2x)

PONTO 11
Estava curiando na encruza,
Quando a Umbanda me chamou! (2x)
Exu na encruza é Rei, no Terreiro ele é doutor! (2x)
Exu vence demanda, exu é curador! (2x)

PONTO 12
Por trás dos montes já surgiu à estrela Dalva!
No horizonte cavalgou senhor Ogum,
No infinito, já surgiu a Lua Nova, clareando a encruzilhada
Exu Menino vai girar! (2x)

PONTO 13
Lá na porteira eu deixei meu sentinela (2x)
Eu deixei Exu Porteira tomando conta da cancela! (2x)

PONTO 14
Quem nunca viu vai ver
Caldeirão sem fundo ferver! (2x)
Deu meia noite, no cemitério, catacumba racha,
Exu levanta agora é que eu quero ver,
Caldeirão sem fundo ferver!
Agora é que eu quero ver!
Caldeirão sem fundo ferver!

PONTO 15
Boa noite gente! Como vai como passou? (2x)
Tranca Ruas é pequenininho, mas é bom trabalhador! (2x)

PONTO 16
Sua capa de veludo,
Quando vê eu deixo lá,
Quando dava a meia noite,
Seu Exu ia buscar!
Ina é mojibá ê!
Ina é mojibá ê!
Ina é mojibá ê!
Ina é Mojibá!

PONTO 17
Vento soprou,
Folha caiu,
Exu Mangueira na quimbanda surgiu! (2x)
Erererê, Erereá, Exu Mangueira na quimbanda vem trabalhar!

PONTO 18
Sou Nego da Calunga, vim aqui pra trabalhar! (2x)
Não demandem com meus filhos, que eu também sei demandar! (2x)

PONTO 19
Exu Caveira me cubra com sua capa,
Quem tem sua capa escapa, quem tem sua capa escapa!
A sua capa é um manto de caridade, sua capa cobre tudo,
Só não cobre a falsidade!

PONTO 20
Está iluminada sua banda,
Está cheirando flor o seu gongá! (2x)
Exu Caveira, um pedido eu lhe faço,
Me abre a gira ilumina os caminhos por onde eu passo! (2x)

PONTO 21                              
Seu Tiriri, Seu Marabô, Seu Tranca Ruas!
Nas encruzilhada preciso de ajuda sua! (2x)
Todo mal que aqui entrou, ele entrou mais vai sair,
Pego ele pelo rabo entrego pro Tiriri!

PONTO 22
Eu entrei no cemitério, no cruzeiro pra rezar!
Exu!
Encontrei Destranca Tudo e pedi pra me ajudar!
Exu!
Destranca Tudo arrebenta as correntes da prisão!
Exu!
Com a força da Quimbanda vai cumprindo sua missão!
Exu!
Ele paga sua pena ajudando a quem precisa!
Exu!
Saravá Destranca Tudo que de Omulú tem a divisa!
Exu!

PONTO 23
Sou Exu, trabalho no canto,
Quando canto desmancho quebranto!
7 cordas tem minha viola,
Vou pra gira de lenço e cartola,
Viola é tridente,
Cigarro é charuto e
Bebida é Marafo!
Sou 7 da Lira, derrubo inimigo, ponteiro de aço!

PONTO 24
Exu, Exu, Exu é da madrugada!
Exu, Exu, sem Exu não se faz nada! (2x)
Andei, andei! (2x)
Exu Caveira encontrei!

PONTO 25
Exu Tiriri trabalhador da encruzilhada,
Toma conta, presta conta, ao romper da madrugada! (2X)
Banda de lê, banda de lá!
Sem esse Exu não se pode trabalhar! (2x)

PONTO 26
Ele vem navegando no mar,
Lá do reino de Janaina! (2x)
Navegando, vem Navegando!
Exu Maré lá do mar vem chegando!(2x)
Ele vem navegando nas ondas do mar!
Ele é marinheiro da mãe Iemanjá! (2X)
Navegando, vem Navegando!
Exu Maré lá do mar vem chegando!(2x)
Você quer saber quem sou eu?
Quando venho nas ondas do mar? (2x)
Eu sou filho de Ondina!
Se você precisa, mande me chamar! (2x)
Exu Maré, Exu Maré, Exu Maré,
Vem pra me ajudar! (2x)

PONTO 27
Ô Luar ô Luar!
Ele é dono da rua!
Ô Luar ô luar!
Ele é seu Tranca Ruas!
Quem cometeu as suas faltas,
Peça perdão a Tranca Ruas! (2x)

Ele é filho do Sol,
Ele é neto da Lua! (2x)
Quem cometeu as suas faltas,
Peça perdão a Tranca Ruas! (2x)

PONTO 28
Ele mora no cemitério,
Em cima da catacumba! (2x)
É um homem de mistério,
Seu Exu Rei da Calunga! (2x)
Ele vem aqui no terreiro,
Para todos ajudar!
Saravá Rei da Calunga,
Vem aqui pra trabalhar! (2x)

PONTO 29
Dizem que Exu só bebe e dá risada!
Mas ele é Exu é Rei das 7 Encruzilhadas! (2x)
A sua banda é forte não tem caçoadas,
Depois da hora grande vai girar na encruzilhada!
Seu 7 quando chega ele não vê mistérios,
Depois da hora grande vai girar no cemitério!

PONTO 30
Seu Tranca Ruas,
Dá uma volta lá fora! (2x)
Se for bom deixa entrar,
Mas se não for deixa lá fora! (2x)

PONTO 31
Seu Exu era um homem pequenino,
Além de pequenino aleijadinho! (2x)
Seu Exu vai levar todo mal,
Que encontrar pelo caminho! (2x)

PONTO 32
O Sino da igrejinha faz Belém blem blom! (2x)
Deu meia noite e o galo já cantou!
Seu Tranca Ruas que é o dono da gira,
Ô corre gira que Ogum mandou!

PONTO 33
Ê Quimbanda! (2x)
Terra da macumba, do batuque do canjerê!  (2x)
Eu vou bater tambor! (2x)
Vou bater tambor para saudar Exu Caveira (2x)

PONTO 34
Exu é moço branco e faceiro no andar! (2x)
Quem não paga pra Exu, Exu dá e torna tirar! (2x)

PONTO 35
Meia Noite auê, Meia Noite! (4x)
Meia Noite o galo canta!
Meia Noite o cabrito berra!
Meia Noite a criança chora,
No portão do cemitério!

PONTO 36
Foi nas almas,
Nas almas que eu conheci Exu!
Foi nas almas,
Nas almas que eu conheci Exu!
Nas almas que eu conheci seu Capa Preta,
Nas almas que eu conheci a fé! (2x)

PONTO 37
Com sua capa de veludo a mironga ele faz!
Com sua capa de veludo, ele leva e ele traz!
A bengala e a cartola, ele não deixa pra trás!
Pra atender a Omulú, de tudo ele é capaz!
Com seu tridente ao lado, ele não teme demandas!
Porque o seu curinga, Carangola traz na manga!

PONTO 38
Queima fundanga lá meio da encruzilhada,
O galo canta ao romper da madrugada,
É Exu que vem chegando no seu reino,
Saravá seu Tranca Ruas e a sua gargalhada! (2x)
Prato com farofa e azeite de dendê,
Pimenta preta ele bota pra moer!
Mandinga braba ele gosta de vencer,
Saravá seu Tranca Ruas agora que eu quero ver! (2x)

PONTO 39
Exu é do querê querê,
A sua banda é que eu quero ver! (2x)
Exu é do romper da aurora, seu Exu Caveira é quem
Manda agora! (2x)

PONTO 40
Portão de ferro,
Cadeado é de madeira! (2x)
Exu, toma conta!
Exu, presta conta!
Seu Exu guarda a nossa porteira! (2x)

PONTO 41
Ê Caveira!
Firma seu ponto na folha da bananeira
Exu Caveira!  (2x)
Quando o galo canta é madrugada,
Com Exu na encruzilhada, batizado com dendê!
Eu rezo uma oração sempre pra frente,
Queimo fogo a chama ardente aquece Exu a Laroyê!
Eu ouço a gargalhada de Tranca Ruas, o Caveira é o enviado,
Nos quatro cantos da rua,
É ele quem comanda o cemitério,
Catacumba tem mistério,
Seu feitiço tem axé! Ê Caveira!
Ê Caveira!
Firma seu ponto na folha da bananeira
Exu Caveira!  (2x)
E na Calunga quando ele aparece,
Grande Luz eu rezo prece ao Exu dono da Rua!
E tenho na força desse momento,
E firmo o meu pensamento nos quatro cantos da rua!
E peço a ele que me proteja, onde quer que eu esteja,
Ao longo desta caminhada!
Pois eu confio em sua ajuda verdadeira,
Ele é Exu Caveira, senhor das encruzilhadas! Ê Caveira!
Ê Caveira!
Firma seu ponto na folha da bananeira
Exu Caveira!  (2x)

T.U. Filhos da Vovó Rita

T.U. Filhos da Vovó Rita