sexta-feira, 15 de julho de 2011

DEUS NA UMBANDA


DEUS NA UMBANDA

A Umbanda é uma religião monoteísta, ou seja, acredita na existência de um Deus Supremo, incriado, criador de tudo e de todos. Dele, provém todas as formas e manifestações de vida.


Foi Deus Supremo quem criou os Orixás, os espíritos e todos os planetas e astros existentes no universo. Esse Deus pode ser chamado de diversos nomes, tais como, Zambi, Olorum, Olodumaré, etc. Tais denominações são influencias das nações africanas que chagaram ao Brasil durante o período da escravidão.

Assim como na Umbanda, o Candomblé, em todas as suas nações, também acredita na existência de um Deus Supremo.

Para o povo Bantu (nação Angola) esse Deus Supremo é chamado de Nzambi (Zambi). O Culto a Nzambi não tem forma nem altar próprio. Só em situações extremas eles rezam e invocam Nzambi, geralmente fora das aldeias, em beira de rios, embaixo de árvores, ao redor de fogueiras. Não tem representação física, pois os Bantu o concebe como o incriado, o que representa-lo seria um sacrilégio, uma vez que Ele não tem forma. No final de todo ritual Nzambi é louvado, pois Nzambi é o princípio e o fim de tudo. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Nzambi).

Para o povo Yorubá (nação Ketu) o Deus Supremo é chamado de Olorum ou Olodumaré. É Ele o Dono do Orun céu e Criador do Orun e do Aiye, o céu e a terra. É associado fortemente com a cor branca, e controla tudo. É o Deus Pai Criador de tudo e de todos. Embora reconhecido e louvado como Único e Soberano, não existe templo individual para Ele. De acordo com um dos mitos da criação yoruba, ele delegou os poderes de criação do Aiye para seu primeiro e mais velho filho Orisanla ou Obatalá. “KOSI OBA KAN AFI OLORUN” – “Nao há outro senhor senão Deus!”.

Para o povo Ewe-Fon (nação Jeje), o Deus Supremo é entendido como a união de duas divindades, uma masculina chamada de Lissá e outra feminina, chamada de Mawu. A união dessas divindades forma Mawu-Lissá, o responsável pela criação de tudo e de todos.

Percebe-se que, mesmo sendo designado por nomes distintos, dependendo a nação, esse Ser recebe os mesmo atributos e devoções. Ou seja, trata-se de um ser Superior, Soberano, acima dos Orixás, Voduns, Nkises e espíritos em geral. È o Senhor de tudo e de todos, onisciente, onipresente e onipotente. Não possui representações em imagens e não possui templo próprio, pois seu templo está em todos os lugares.

Com a fundação da Religião de Umbanda no Brasil, foi absorvido, em especial, as denominações ZAMBI e OLORUM para designar o Deus Supremo. Além disso, em razão das influências indigenas, é também muitas vezes chamado de TUPÃ ou, pela influência católica, chamado simplesmente de DEUS.

Dependendo da Linha de onde vem as entidades que se manifestam em nossas casas, elas podem usar qualquer das expressões acima, sem que isso signifique se tratar de uma divindade distinta. Pois, Deus é único, o que muda é a forma pelo qual o chamamos.

Assim, é muito comum ver pontos cantados que ora falam em Zambi, ora falam em Olorum. Ora falam em Tupã ora, simplesmente, em Deus. E isso se dá, como visto, pela associação e influencia recebida pela Umbanda em sua formação.

Na Umbanda também não há representações materiais para Ele, pois está acima de tudo. Se estamos encarnados, se temos a mediunidade, se temos a oportunidade de evoluir, é por que Ele, Deus Supremo, em sua infinita bondade e misericórdia, permitiu.

Assim, pela sua importancia merece e deve ser louvado, antes ou depois das sessões espirituais.


ORAÇÃO À ZAMBI

Pai Zambi, criador de nossa Aruanda e do espaço em que vivemos onde chamamos de terra, poderoso é vosso nome e grande é vossa misericórdia, e em nome de Oxalá recorremos a vós, nesse momento, para pedir a benção para nosso caminhar rumo a sua Vontade. Que vossa Divina Luz incida sobre mim e meus irmãos.

Com vossas mãos retire todo o mal, todos os problemas e todos os perigos que estejam em nosso caminhar.

Que as forças negativas que nos abatem e nos entristecem se desfaçam ao sopro de vossa Benção.

O vosso poder destrua todas as barreiras que impedem o nosso progresso rumo a sua Verdade.

E de Aruanda, Vossas virtudes penetrem em nosso espírito, dando paz, saúde e prosperidade. Abra Zambi, os nossos caminhos. Que nossos passos sejam dirigidos por vós para que não tropecemos em nossa caminhada.

Agradecemos em nome de Zambi, de todos os Orixás e dos Espíritos de Luz que nos acompanham.

Assim seja.

AUTOR: Alex de Oxóssi


 ORAÇÃO À OLORUM

"Olorum, meu Deus, criador de tudo e de todos. Poderoso é o vosso nome e grandiosa e vossa misericórdia.
Em nome de Oxalá, recorro a vós nesse momento, para pedir-lhe a benção durante meu caminhar rumo a vossa Vontade.

Que Vossa Divina Luz incida sobre tudo que criaste.

Com Vossas mãos retirem todo mal, todos os problemas e todos os perigos que estejam em meu caminhar.

Que as forças negativas que me abatem e que me entristecem, se desfaçam ao sopro de Vossas bênçãos.

Que o Vosso poder destrua todas as barreiras que impedem meu progresso rumo a Tua verdade.

E que Vossas virtudes penetrem e meu espírito dando-me paz, saúde e prosperidade.

Abra Senhor os meus caminhos, que meus passos sejam dirigidos por Vós para que não tropece em minha caminhada.

Assim seja! Salve Olorum!”








O UMBANDISTA E O RESPEITO PELA NATUREZA


A Umbanda é uma religião que está profundamente ligada à Natureza. Sem Natureza não haverá Umbanda!

Isso porque nossos Orixás e espíritos habitam justamente as florestas, campinas, cachoeiras, pedreiras, lagos, pântanos, rios, fontes, praias, mares, etc. São desses lugares, pontos de força, que retiramos as energias necessárias para realizar os cruzamentos, amacis, deitadas, etc., rituais essenciais ao desenvolvimento mediúnico na Umbanda.

Por essa razão, mais do que qualquer outra pessoa, o Umbandista deve ter uma forte consciência ambiental. Como iremos pedir o auxílio e a presença do senhor das matas, se quando lá estamos, sujamos seu espaço? Queimamos suas árvores? Matamos seus animais?

E a Senhora da cachoeira, será que fica feliz ao ver a quantidade de litros, tocos de velas, alguidares deixados em seu recanto?  

É lógico que não.

Uma das melhores oferendas que fazemos a essas forças é preservar os seus domínios. Devemos respeitar cada ponto da natureza, como se fosse um templo sagrado e intocável.  

Por isso, quando houver a necessidade de realizar uma oferenda, em qualquer lugar da natureza, evite deixar qualquer espécie de lixo. Procure utilizar materiais biodegradáveis no lugar de plásticos, vidros, metais, etc.

Ao invés de alguidar, forre o local com folhas de bananeira ou mamona. O Alguidar demora muito para se decompor e evita a decomposição rápida dos elementos que estão dentro dele, gerando o mau cheiro.

Ao invés de deixar garrafas, despeje o líquido em volta da oferenda. O vidro, além de demorar para se decompor, pode causar ferimentos às outras pessoas que por ali passam.  Despejando o líquido ao redor da oferenda, a terra sugará sua oferta e a essência será entregue a força que você desejar.

Ao invés de presentes de plásticos, como pentes, espelhos, etc., comuns nas oferendas à Iemanjá e Oxum, opte por flores e materiais de madeira. Não jogue garrafas dentro dos rios e mares, despeje a bebida nas águas e leve o litro para o lixo. A intenção, a validade, será a mesma.

Evite acender velas próximo às arvores e vegetações secas. Essa atitude irá evitar incêndios e a destruição da mata sagrada. 

Procure desenvolver essa consciência e a leve para o dia-a-dia. Não jogue lixo nas ruas, praças, encostas, rios, bueiros. Não polua o ar com gases tóxicos. Troque as sacolas plásticas pelas sacolas de fibra. Separe os materiais recicláveis. Evite incêndios. Aconselhe as demais pessoas a tomarem as mesmas atitudes, pois só assim poderemos salvar nosso planeta.

Com essas atitudes simples e inteligentes, o Umbandista se integrará ainda mais à natureza, passando a ser parte dela. Além de contribuir para a preservação do planeta, estará, indiretamente, agradando aos Orixás, pois estará fazendo sua parte na preservação de suas moradas sagradas.



segunda-feira, 4 de julho de 2011

DIFERENÇAS ENTRE A RELIGIÃO DE UMBANDA E A RELIGIÃO DE CANDOMBLÉ

 


O objetivo deste texto é, de maneira simples e direta, demonstrar as diferenças existentes entre a Religião de Umbanda e a Religião de Candomblé.

Umbanda e Candomblé são religiões extremamente distintas. Claro, possuem alguns elementos em comum, como por exemplo a devoção aos Orixás, o uso de miçangas e atabaques. Entretanto, as diferenças são muito maiores do que as semelhanças.

Ressalta-se, porém, que essas diferenças não impedem o respeito que devemos ter com nossos irmãos Candomblecistas, assim como devemos respeitar as demais religiões. E começamos a respeita-los quando não usamos de seus elementos sem fundamento, sem conhecimento e sem preparo.

Infelizmente vemos por aí pessoas que, por ignorância, acabam colocando as duas religiões em um mesmo “panelão”, desvirtuando, ao mesmo tempo, as duas crenças.

Umbanda e Cancomblé comparam-se ao Cristianismo e o Islamismo. Possuem fundamentos, ritos, visões, interpretações completamente diferentes.  É impossível imaginar um Imam (sacerdote mulçumano) realizando um batismo em nome de Jesus Cristo. Ou, ao revés, um padre católico reverenciando Maomé. O mesmo se dá entre essas duas religiões afro-brasileiras.

Não se imagina um Pai de Santo da Umbanda fazendo raspagem e bori, dando iniciação no Candomblé a uma pessoa ou dando-lhe o título de Babalorixá. Assim como é inimaginável (apesar de existir casos, infelizmente), a realização de rituais de Candomblé com “entidades” de Umbanda no comando, para uma suposta iniciação na Umbanda.

Tais práticas são ultrajantes às duas religiões. As duas possuem seus próprios fundamentos e ritos, não havendo qualquer necessidade de serem mescladas.

As diferenças entre essas duas Religiões começam em sua base.

A Umbanda é uma religião brasileira, nascida em 1908, por meio do Médium Zélio Fernandino de Moraes e de seu guia, o Caboclo das 7 Encruzilhadas. É uma religião que, rompeu com o Espiritismo, apesar de trazer  ainda consigo alguns de seus elementos, e absorveu também elementos das crenças indígenas, católicas e africanas.

O Candomblé, (apesar da forma com que conhecemos exista apenas no Brasil), é oriundo da junção das nações trazidas da África pelos escravos. Ou seja, tratam-se de cultos Africanos, dedicados aos Orixás, Nkises e Voduns (Ketu, Angola e Jeje). Dessa maneira, as cantigas, os rituais, as rezas e oferendas, são as mesmas utilizadas pelos ancestrais africanos outrora.

A Umbanda trabalha com espíritos, os quais são chamados de guias. São entidades que trabalham na energia do Orixá. São falanges de Caboclos, Pretos-Velhos, Crianças, Baianos, Boiadeiros, Ciganos, Marinheiros, Exus e Pombogiras. São essas as entidades que comandam a gira, que realizam os amacis, batismo, cruzamentos, etc. Além disso, tais entidades, dão passes, realizam curas, descarregos, falam e se utilizam de elementos como o fumo e o álcool.

No Candomblé não existe a manifestação de espíritos. Nessa Religião, os espíritos são chamados de Eguns, e são excluídos das chamadas rodas. (existem algumas casas que possuem o fundamento de Baba Egungun, ritual onde se manifesta os ancestrais). Todavia, o que se manifestas nas sessões de Candomblé são as energias dos Orixás. Tais energias fazem com que o iniciado, chamado de Iyaô entre em “transe”. Todavia, esse “transe” é bem diferente da chamada incorporação existente na Umbanda. Além disso, o iniciado quando manifestado pelo Orixá apenas dança seu ritmo. Não fala, não fuma, não bebe, não dá consultas, etc. Apenas chega, reverencia seus Babas e dança suas cantigas, nada mais.

Na Umbanda, os toques de atabaque são realizados com as mãos e são acompanhados por cantos em português. Ora, se nossas entidades falam o português, porque iremos chamá-las em outras línguas? Seria no mínimo, uma falta de respeito! O ponto cantado, nada mais é que uma oração cantada, devendo ser cantado com todo o respeito, sabendo o por que de cada palavra. São cantos de chamada, de reverência, de trabalho e de subida.

No Candomblé, os toques variam de acordo com a nação. Se for Ketu, os toques serão entoados com toques de varetas (Aguidavi), acompanhados por cantigas no dialeto Yorubá, língua daquelas divindades. Na nação Angola, o toque é realizado com as mãos, acompanhada por cantigas no dialeto Bantu. Na nação Jeje, os toques também são realizados com as mãos, e as cantigas são feitas em um de seus dialetos (Axantis, Gans, Agonis, Popós, Crus, etc.). São cantigas que fazem referencias aos itans, ou seja, lendas sobre os Orixás, Nkises e Voduns.

A Umbanda trabalha com 9 Orixás (Algumas vertentes possuem um número maior), os quais estão distribuídos na chamada 7 Linhas de Umbanda. São eles: Oxalá, Ogum, Oxossi, Xangô, Iemanjá, Oxum, Iansã, Nana Burukê e Obaluaê/Omulú. Vale lembrar que na Umbanda não existe incorporação de Orixás, mas sim, de espíritos e falangeiros que trabalham na sua energia. 

O Candomblé Ketu, reverencia no mínimo 16 Orixás, chegando alguns há 21 e até 72 Orixás. Na nação Jeje e na Angola, os Voduns e Nkises também passam de 20.

O Candomblé Ketu trabalha com as chamadas “qualidades” de Orixás, como por exemplo, Oxalá que possui as qualidades de Oxalufã (velho) e Oxaguiã (moço).

A Umbanda não possui qualidades de Orixás.

O Candomblé possui suas cores e interpretações para os Orixás. A Umbanda possui outras cores e interpretações.

O sacerdote de Umbanda é chamado de Pai de Santo, Pai de Terreiro, Cacique, ou simplesmente Dirigente.

O sacerdote de Candomblé é chamado de Babalorixá, alguns possuem o título de Babalaô. As mulheres são chamadas de Yalorixá. Só podem utilizar esses títulos quem de fato teve iniciação no Candomblé e passou pelas raspagens, boris, etc.

Esses são apenas algumas das diferenças. Como se pode perceber, as duas possuem uma estrutura, organização e rituais completamente distintos. Por isso nós, Umbandistas, devemos zelar pela pureza de nossa fé, evitando a introdução de elementos que não condizem com nossa religião. Assim também, os Candomblecistas, devem pregar a pureza de seu culto, evitando a mesclagem indevida e o desvirtuamento do culto milenar.

Para reforçar ainda mais as diferenças existentes entre essas duas religiões, o Blog realizou uma entrevista com Babalorixá Rafael d’Oxalufã.

Segue a entrevista:

1) Pai Rafael, antes de ingressar no Candomblé quais religiões você freqüentou?
R: Catolicismo - Kardecismo - Umbanda - Candomblé.

2) Algumas dessas religiões possuem semelhanças com o Candomblé? Em caso positivo, quais?
R: Sim, principalmente o kardecismo e Umbanda, pois tem filosofias parecidas.

3)Onde você realizou sua feitura?
R: Na cidade de Rio de Janeiro/RJ na casa da Iyalorixa Kita de Oya

4) Com relação a Umbanda, na sua opinião, quais são as principais diferenças existentes entre ela e o Candomblé?
R: Umbanda é um culto direcionado aos espíritos, ou seja, seres que já viveram no mundo material e hoje retornam para cumprir uma missão. Já o Candomblé é um culto às Divindades, aos encantados que chamamos Orixás. São na verdade, forças da natureza.

5) O que são e quais são as nações do Candomblé? Quais as diferenças e semelhanças existentes entre elas? 
R Nações significam de onde aquela raiz africana é provinda, de que região da Àfrica veio, pois a Africa é um continente divido por muitos dialetos e várias
culturas diferentes. As Nações mais comuns aqui no Brasil são KETU, ANGOLA,
JEJE, AFON. A partir destas nações surgiram outras, mas estas são as principais.

6) Qual a sua nação?
R: KETU   

7) Para o Candomblé, o que é um Orixá/Nkise/Vodun?
R: Orixa tem significado na própria palavra: ORI = CABEÇA   AXÉ = FORÇA
ORIXA = CABEÇA DE FORÇA. Na verdade Orixa, Vodum, Nkise representam a mesma coisa, somente em línguas diferentes.
Orixá é um centro de força extraída da natureza e encaminhada para nosso caminho. É um Deus, uma luz.

8) Quantos e quais Orixás são cultuados em sua nação?
R: Dentro da nossa nação são cultuados muitos Orixas, mas podemos
aqui citar os 16 principais: ESHU, OGUN, ODÉ, OSSAIN, LOGUNEDÉ,
OMULU, OSUMARE, SANGO, OXUM, OYA, EWÁ, OBÁ, NANÃ, IROKO,
IYEMONJA, OSALA.

9) Todos esses Orixás que integram a panteão de sua nação, podem ser tidos como Orixás da Umbanda? 
R: Não. Não podem. 

10) A manifestação e o desenvolvimento mediúnico são as bases da Umbanda. Pois é através da mediunidade de incorporação que os espíritos deixam suas mensagens, dão seus avisos, conselhos, realizam seus trabalhos, etc. No Candomblé, há manifestação mediúnica? Em caso positivo, essa manifestação é idêntica a que ocorre na Umbanda?


R: No Candomblé ocorre um transe, no qual somos de certa forma 
possuídos pela energia de nosso Orixá, mas esta manifestação é
bastante sutil, pois é apenas uma energia encantada.
Diferente da Umbanda, em que ocorre uma incorporação de um
espírito.

11) O Orixá que se manifesta no Iyaô durante a roda de Candomblé é um espírito?
R: Não, trata-se apenas de uma vibração de seu Orixá.

12) Quando o Iyaô está manifestado pelo Orixá, ele age como as entidades da Umbanda? (Fala, dá passe, risca ponto, bebe, fuma, etc).
R: Não, apenas dança a seu ritmo batido no tambor. Beber e fumar, por exemplo, são situação que nós humanos utilizamos, os guias de umbanda por terem vividos neste mundo conhecem destas praticas, por isso quando estão incorporados fazem uso desses elementos. Já os Orixás não, pois eles não tem esse conhecimento. Se algum dia ver um Iyaô de Nação " em transe" fumando ou bebendo, pode se ter a clara certeza que Orixa de nação não esta ali e sim, o próprio Iyaô satisfazendo seu desejo.

 13) Como são chamados os Espíritos no Candomblé? Eles participam das rodas?
R: No Candomblé os espíritos são chamados Eguns. Os Eguns tem um culto especifico chamado “Egungun”, que é realizado em determinadas casas, onde eles são cultuados. Egun não participa dentro da roda de Candomblé, ele apenas é tido como um antepassado, ancestral, e por isso é respeitado.
  
14) O que é a iniciação no Candomblé?
R: Iniciação é um ritual em que a pessoa passa para poder receber a energia de um Orisa.

15) Quando que o iniciado ganha o título de Babalorixá ou Yalorixá? Quanto tempo leva suas obrigações até que esteja “pronto”?
R: O iniciado se torna Babalorixa ou Iyalorixa quanto ele completa 7 anos após ter sido iniciado dentro da religião, ou em casos específicos, onde a pessoa tem uma missão especial e a mando do próprio Orixá esse tempo é antecipado, mas mesmo assim, tem que ter passado pelo ritual da iniciação e ter pelo menos 01 ano dentro da religião.
  
16) O que é Bori? A Umbanda também pode dar bori em uma pessoa?
R: O bori, significa EBO = OFERENDA  ORI = ORISA RESPONSÁVEL PELA CABEÇA
Então, bori significa dar comida a orisa da cabeça.
A Umbanda não dá bori, pois não dá culto a ORI.

17) Qual a finalidade do jogo de búzios? Podem existir fundamento de Ifá na Umbanda?
R: O jogo de búzios é meio que utilizamos para se comunicar com os
Orixás. A Umbanda não possui fundamentos com Ifá, pois a comunicação
se dá diretamente com os guias, quando estão incorporados.
  
18) Como são tocados os tambores na sua nação?
R: São tocados de acordo com cada orisa, pois cada um possui seu
ritmo.
  
19) Qual o dialeto que é usado nas cantigas?
R: É utilizado o Yorubá
  
20) Na sua opinião, pode existir Candomblé que tenha cantigas em português, igual as da Umbanda?
R: Na Nação Angola, onde se cultua os Nkises, existe uma “qualidade” de culto em que as cantigas e rezas são realizadas, em grande parte, em português. Isso devido a colonização portuguesa naquele país.
  
21) Seguindo a mesma linha de raciocínio, para você, há fundamento para que terreiros de “Umbanda” cantem em dialeto?
R: Não. Não há nenhum fundamento, pois a Umbanda deve louvar os guias
espirituais que trabalham naquele terreiro. Afinal os guias são entidades
que se comunicam através da língua portuguesa, qual seria o motivo de se cantar em outra língua?

 22) Na sua opinião, é possível um terreiro “misturar” as duas religiões, ora batendo para um, ora para outro? Ou pior, batendo os dois ao mesmo tempo, com sessões com mesclam pontos em dialetos e pontos em Yorubá?
R: Não, pois Umbanda e Candomblé são religiões muito diferentes. Quem conhece
destas religiões, jamais irá fazer qualquer tipo de mistura. Pois Orixá, ser divino e encantado, jamais se manifesta onde tenha Eguns (espíritos). Tratam-se de forças praticamente opostas.


23) Qual sua opinião acerca de terreiros em que o Pai/Mãe de Santo é formado na Umbanda, mas, mesmo assim, realizam raspagem, dá bori, canta em dialeto, introduz outros orixás, etc.? Quais as conseqüências desses atos, espiritualmente falando? (Tanto para o sacerdote, quanto para os filhos).
R: As conseqüências são muito grandes. Pois, a Umbanda tem um segmento
muito diferente do Candomblé, afinal se o pai ou a mãe de santo segue
Umbanda, deverá se ater aos rituais de Umbanda. Raspagem, bori, etc
são rituais específicos do Candomblé, só podem utilizar-se deste recurso
quem passou por ele e tem autonomia para executa-lo, afinal para estes
rituais existem rezas e atos sagrados, que somente quem já passou sabe.


24) É possível alguém que nunca freqüentou efetivamente uma roda de santo, formar uma pessoa no candomblé, dando-lhe, inclusive, o título de Babalorixá ou Babalaô?
R: Jamais.

25) Qual a finalidade do Adjá? Quem pode utilizá-lo?
R: O Adjá é um instrumento sagrado, usado para chamar o Orixá. Quem utiliza é o Baba
ou a Iya e os cargos femininos da casa.

26) Existe fundamento para se usar Adjá na Umbanda? Uma entidade (caboclo, preto velho, baiano, etc.,) pode “bater” Adjá para um Orixá?
R: Não, pois o adja é utilizado para chamar os encantados. A Umbanda
possui seus próprios meios para invocar seus guias, tais como sineta, palmas, etc.

 27) Em sua nação é utilizado Pemba? Para quê?
R: Não

28) No Candomblé há pontos riscados?
R: Não

29) O que é um Erê?
R: É uma manifestação de um ser infantil, que representa uma alma
pura. É uma espécie de porta voz, mensageiro do Orixá. É por meio do Erê que o Orixá manda seus recados ao Iyaô. Ele é representado por uma criança, para demonstrar a inocência.
  
30) Há semelhanças entre o Erê e os chamados “Cosminhos” da Umbanda?
R: Existe sim, uma pequena semelhança entre Erê e cosminho. Ambas são entidades crianças. Todavia o Erê é incumbido de representar o Orixá, pois como o Orixá é uma energia, então o Erê que traz as mensagens, recados, etc., diferentemente dos chamados “Cosminhos” ou crianças da Umbanda, que são entidades como as demais.
  
31) O Exu do Candomblé é o mesmo Exu que se manifesta na Umbanda?
R: Não, no Candomblé temos o Orixá Exu, que tem as mesmas qualidades
de outro Orixá dentro do panteão, diferente da Umbanda ,  em que o Exu é tido
como entidade da esquerda. O Exu é o mensageiro dos Orixás, mas ele não
incorpora. Somente recebe as energias do Orixá Exu aquele que é feito para
ele.

 32) Qual a serventia da Menga ou Ejé para o Candomblé? Quem realiza a imolação?
R: O ejé dentro do nosso culto alimenta o Orixá, tornando a sua energia mais
palpável e assim tornando ele pertencente ao nosso mundo. Pois o Orixá é
uma energia que está na natureza. Após a pessoa passar pelo ritual da iniciação
este Orixá se torna parte de nosso mundo físico, ele possui um corpo, e precisa ter
energia física para poder se manter ao nosso lado e assim seguir ao lado do seu
protegido na caminhada terrena. Quem faz a imolação é o Ogã com um cargo
especifico chamado AXOGUN.

 33) Na sua opinião, há fundamentos para imolação de animais, inclusive de quatro patas, para Orixás dentro da Umbanda?
R: Na Umbanda não vejo necessidade, pois ao contrário do Candomblé, os espíritos da Umbanda já passaram por este mundo e estão se desvinculando dele e o ejé os aproxima mais do mundo físico.


34) Deixe sua mensagem final acerca da importância dos fundamentos de cada religião e os perigos que existem em misturá-las.
R: Toda religião possui seus encantos e belezas, mas para podermos caminhar dentro
desta beleza e encanto é preciso saber, conhecer e caminhar dentro daquilo que ela prega, sem mistificar ou denegrir. E o fundamental de tudo, todas tem o mesmo objetivo, que é chegar a DEUS  e ajudar ao próximo.


Quem quiser saber mais sobre o Candomblé ou perguntar algo ao Pai Rafael, pode fazer diretamente pelo seguinte endereço: faelmfa@hotmail.com 

T.U. Filhos da Vovó Rita

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