quinta-feira, 26 de julho de 2018

ANIMISMO X MISTIFICAÇÃO



Em que pese serem assuntos muito falados dentro da religião, o animismo e a mistificação são temas pouco estudados e compreendidos por muitos médiuns. Quem nunca ouviu: "O médium X estava mistificando" ou isso é obra do "animismo" do médium. Mas afinal, o que é animismo e o que é mistificação? 

Será que ambas são situações que retratam a má-fé e o desconhecimento do médium ou o médium também pode estar sendo vítima desse fenômeno?

Nesse singelo texto, tentarei contribuir para a elucidação do tema e ao auxílio dos irmãos que se encontram em correntes de desenvolvimento mediúnico, especialmente na Umbanda.

Pois bem, animismo e mistificação são anomalias que podem a vir ocorrer durante o trabalho de desenvolvimento e prática mediúnica. Iniciaremos nossa abordagem com o animismo.

ANIMISMO
Segundo a Doutrina Espírita, o animismo é o estado ou fenômeno em que a própria alma do médium opera, em vez de um Espírito a ele estranho. Não se trata, portanto, de um fenômeno mediúnico, mas de um fenômeno anímico – vocábulo que tem sua origem em “anima”, que significa alma.

Ou seja, quando da ocorrência do animismo, não se está diante de um fenômeno mediúnico, já que não há no caso, a manifestação de outro espírito, mas tão somente a manifestação da alma do próprio médium.

Pode soar estranho dizer que é o "espírito do próprio médium" que se manifesta, porém se levarmos em conta de que nossa consciência ocupa tão somente 5% da atividade cerebral e que os outros 95% são destinados à atividade inconsciente, ou seja, fora do nosso controle direto, é possível afirmar que podem ocorrer fenômenos oriundos de nós mesmos sem o nosso conhecimento.

Por exemplo, durante uma sessão mediúnica, o médium pode acabar por externar situações por ele vivenciadas, traumas, medos, angústias, desejos e impulsos contidos, que são libertados durante a manifestação anímica. O médium age como se realmente estivesse em transe mediúnico, porém, é apenas seu subconsciente que está manifestado.    

Essa é a razão, por exemplo, quando, dentro da Umbanda, vê-se médiuns que acreditam estar manifestados, mais que agem de forma completamente antagônica e fora do contexto com o padrão das entidades que se manifestam em determinada linha.

Compete nesse caso, primeiro ao dirigente e/ou seu guia espiritual alertar o médium quanto a ocorrência do animismo. E, compete ao médium, estudar os mecanismos da mediunidade, libertar-se de seus traumas pessoais e má-tendências, através do estudo do Evangelho Segundo o Espiritismo e da reforma íntima.

Sem que o médium seja liberto do animismo, pouco conseguirá evoluir e contribuir nos trabalhos mediúnicos. 

MISTIFICAÇÃO

Já a mistificação é definida  da seguinte forma pela Doutrina Espírita: Vocábulo derivado do verbo mistificar, que significa “abusar da credulidade de; enganar, iludir, burlar, lograr, embair, embaçar”, as mistificações podem ser provocadas pelos encarnados e também pelos desencarnados e constituem, segundo Kardec, os escolhos mais desagradáveis do Espiritismo prático.

Destaca-se de início, a diferença entre o animismo e a mistificação. Enquanto o animismo é a manifestação involuntário do espírito do próprio médium, externando situações de seu subconsciente, a mistificação é a má-fé, o engodo, a ilusão. Essa prática lamentável pode ocorrer de duas maneiras:

A primeira e mais comum, quando alguém, dizendo ser médium, finge estar manifestado com um espírito, geralmente para dar "consultas" e assim ganhar dinheiro. Também, algumas pessoas utilizam-se da mistificação para valorizar seu ego, dizendo estar "incorporada" com determinado espírito para, através dele, exigir coisas pessoais, fazer fofocas, se meter na vida alheia, etc.

A segunda forma de mistificação não é proveniente do médium em si, mas do espírito que nele se manifesta. Por exemplo, um Kiumba (espírito trevoso) manifesta-se no médium e se passa por um guia espiritual (Caboclo, Preto Velho, Exu, Pombagira, etc), passando a solicitar coisas ridículas, sem qualquer cabimento. 

As duas formas de mistificação são condenáveis. No primeiro caso, o mistificador muitas vezes nem médium é. Age dessa forma em razão de sua má-fé, sua ganância e inclinação para o mal. Gosta de enganar as pessoas e abusa da credulidade das mesmas para ganhar dinheiro e satisfazer seu ego.  

A esse tipo de mistificador, apenas sua mudança ética e moral, aliada ao estudo da espiritualidade, o resgatará do lamaçal do engano. 

Tal situação serve de alerta àqueles que procuram a Umbanda acreditando que ali todas as suas vontades e caprichos serão aceitos. Como não será atendido nas casas sérias, que praticam verdadeiramente a Umbanda, se socorrerão desses mistificadores, que se passam por pais e mães de santo, sendo deles, mais uma vítima!

Na segunda forma de mistificação, o médium faz realmente o intercâmbio com a espiritualidade. Porém, em razão da ignorância e dos propósitos contrários à caridade, acaba por sintonizar espíritos afins, que o utilizam de instrumento para a prática do engano e da maldade.

Neste caso, o médium deve rever seus conceitos, reformar-se intimamente à Luz do Evangelho de Cristo, a fim de que sirva de instrumento, tão somente, das falanges da luz. Como dito acima, muitos são os casos de médiuns que acreditam estar "incorporados" com um guia de luz, quando na verdade estão sendo instrumentos de um espírito inferior, que se utiliza o nome do espírito superior, para solicitar coisas ridículas e sem cabimento, denegrindo assim a imagem da religião.

Este é apenas um pequeno ensaio sobre o tema, convido os irmãos que colaborem com suas dúvidas e sugestões, pois se trata de um importante tema que deve ser conhecido e aprofundado por todos aqueles que ingressam nos campos da mediunidade!

Axé!   

T.U. Filhos da Vovó Rita

T.U. Filhos da Vovó Rita