sábado, 27 de junho de 2020

AS 7 LINHAS DA UMBANDA TRADICIONAL - 3ª LINHA - A LINHA DO ORIENTE

Este é o terceiro de diversos textos onde vamos conhecer a fundo as 7 Linhas de Umbanda da perspectiva tradicional, ou seja, a configuração das 7 Linhas pela perspectiva dos velhos Umbandistas e primeiros estudiosos da religião.


Caso você ainda não tenha lido o texto onde abordamos a Primeira Linha, a Linha da Fé e a segunda Linha de Umbanda, a Linha das Águas, você pode ter acesso através desses link aqui: (Linha da Fé: Linha da Fé, você pode ter acesso através desse link aqui: http://filhosdavovorita.blogspot.com/2020/06/as-7-linhas-da-umbanda-tradicional-1.html) Linha das Águas (http://filhosdavovorita.blogspot.com/2020/06/as-7-linhas-da-umbanda-tradicional-2.html).

Todas as informações trazidas aqui se baseiam nas obras de Leal de Souza, Lourenço Braga, Diamantino Fernandes Trindade, alguns autores Umbandistas contemporâneos e também experiências pessoais.

O propósito desses textos é buscarmos conhecer as raízes da nossa religião, entendendo de onde surgiu cada Linha, quais seus propósitos e especificidades, fazendo uma comparação com o que observamos atualmente nos terreiros.

Esperamos contribuir para o entendimento e esclarecimento dos irmãos de fé!

A Terceira Linha da Umbanda Tradicional - A Linha do Oriente


Nosso propósito com esse texto é aprofundar o conhecimento sobre os espíritos e falanges que compõem a terceira linha de Umbanda e também suas funções dentro do ritual.

Como explicamos no primeiro texto, as 7 Linhas de Umbanda são uma forma de organização espiritual adotada nos primeiros terreiros de Umbanda a partir de 1908, onde os espíritos são agrupados em Linhas, Falanges, Legiões e Povos.

Essa estrutura foi baseada nas organizações militares Romanas antigas e foi se construindo e expandindo na medida que novos espíritos foram se aproximando da Umbanda.

Portanto, como uma verdadeira organização de batalha, as 7 Linhas de Umbanda foram estruturadas para que cada falange, legião e povo tenha uma função específica dentro do Ritual de Umbanda e quando agem em conjunto fazem com que o trabalho se desenvolva de forma fluída.

A Linha do Oriente, especificamente, obteve grande popularidade nos anos 50 e 60 dentro da Umbanda, justamente por trazer um aspecto de “novidade” ao culto, que se mantinha muito restrita aos Caboclos, Pretos-Velhos e a Magia Cristã em si;

O surgimento dessa Linha vinha muito de encontro com a proposta do Caboclo das 7 Encruzilhadas em relação a Umbanda, ou seja, um culto que acolheria aqueles que são excluídos em outros cultos no solo brasileiro.

Ela nasce como uma Linha que começa a agrupar todos os espíritos que não fazem parte da estrutura étnica básica da Umbanda (Africanos, Indígenas Brasileiros e Europeus Cristãos).

É importante salientar que “Oriente” não designa apenas espíritos necessariamente orientais, mas sim espíritos do mundo todo, de diversas culturas e países que se afinizaram com a proposta da Umbanda e vêem na religião um local para trabalhar.

Alguns autores designam que o nome “Linha do Oriente” nasce de uma relação com a colônia espiritual denominada “Grande Oriente Místico”, colônia essa que já foi abordada em outras obras que não são de cunho Umbandista e que supostamente abriga espíritos de diversas, povos, culturas e nacionalidades diferentes.

A terceira Linha em si abriu um mar infinito de possibilidades para o culto da Umbanda que antes não tínhamos acesso. Trouxe novos elementos ao culto, expandiu o nosso conhecimento sobre nosso corpo energético através do entendimento dos Chakras e atribuiu um caráter muito mais “Universalista” a religião.

Dessa Linha surgiu também uma das Falanges mais populares da Umbanda atual, a Falange dos Ciganos.

Os Ciganos, seguindo sua característica de serem um Povo Livre, não estão inclusos especificamente em uma só falange na Linha do Oriente, mas sim vieram espalhados em quase todas elas.

Isso se dá pois existem ciganos de diversas nacionalidades e culturas diferentes, desde ciganos de origem Russa a Ciganos de origem Egípcia, por exemplo.

Portanto, por mais que as primeiras manifestações de ciganos na Umbanda tenham se dado na Linha do Oriente, com o passar dos anos essa Linha assumiu um caráter muito mais independente, ora se manifestando como uma Linha Auxiliar ora se manifestando dentro da própria “Esquerda”, vindo do chamado Reino da Lira (que abordaremos em textos posteriores).


Em suma, a Linha do Oriente trouxe uma GIGANTESCA quantidade de conhecimento e informações para dentro da Umbanda e influenciou profundamente a religião como podemos observar hoje.

A regência da Linha:


Como já mencionado, toda Linha, Falange, Legião e Povo da Umbanda possui uma regência, ou seja, um Espírito ou Divindade responsável pelo comando e direcionamento daquele grupo de Espíritos.

Na Linha do Oriente, temos como principal regência, São João Batista, que em alguns terreiros é sincretizado com um aspecto do Orixá Xangô conhecido como Xangô Caô.

Como já expressamos nos últimos textos, SINCRETISMO NÃO É SUBSTITUIÇÃO, portanto Xangô e São João Batista, são divindades distintas, com culturas e ancestralidade diferentes mas que exercem domínio sobre os mesmos elementos. 

Portanto, devemos ter cuidado para não confundi-los como o mesmo ser.


A Linha do Oriente, dentro de algumas literaturas é inserida como a primeira Falange da Linha de Xangô, justamente por essa ligação de regência com São João Batista, o que não é o caso da nossa casa, pois temos o entendimento que a Linha do Oriente faz parte das 7 Linhas principais de Umbanda.

Quem compõem a linha:

Como já podemos presumir, os espíritos que compõem a terceira Linha tem origens diversas.

Podemos encontrar espíritos que em vida tiveram origens Indiana, Egípcia, Russa, Escandinava, Turca, Japonesa dentre outras. Muitos dos espíritos que compõem essa linha fazem parte de culturas e povos “extintos”, que tiveram seus conhecimentos e magia perdidas ao longo do tempo.

São espíritos que de uma maneira geral tem grande conhecimento Mágico, Espiritual e Filosófico da cultura a qual estava inserido em vida.

Esses espíritos são muito sábios e muito diferentes entre si, o que nos permite beber de diversas fontes de conhecimento e nos dá possibilidade de aprender a ver a vida de diversas formas diferentes.

Geralmente os espíritos desta Linha tendem a não trabalhar incorporados, salvo algumas exceções. São espíritos que se comunicam muito através de sonhos, transmentação, psicofonia, vidência e outras modalidades de conexão com o mundo espiritual.

Eles geralmente assumem um papel de guia espiritual na vida dos adeptos, inspirando e intuindo aqueles a quem estão conectados.

Como é uma linha composta por culturas muito diversas, usam em seus trabalhos elementos muito específicos a depender de sua origem. Mas de uma maneira geral essas entidades usam elementos como pedras, incensos, ervas secas, óleos essenciais, fitas, baralhos, punhais, sementes, moedas e alguns trazem conhecimentos e diversas terapias (Cromoterapia, Aromaterapia, etc.).

Função da Linha:



A Linha do Oriente é muito extensa e diversificada, portanto pode assumir diversas funções práticas dentro do Ritual de Umbanda, desde Passes Magnéticos até mesmo a quebra de Feitiços e Magias Negativas.

Porém, a Linha como um todo têm uma função muito específica, independentemente da particularidade de cada falange, que é:

Trazer a cura mental e energética para as pessoas.

Os espíritos desta linha atuam incisivamente nos aspectos mentais e energéticos dos médiuns e adeptos da religião. Grande parte das doenças emocionais, físicas e nossos desequilíbrios energéticos nascem nos nossos pensamentos.

Muitas vezes padrões de pensamentos repetitivos, obsessivos e negativos, promovem uma verdadeira bagunça no nosso campo energético, nos impedindo de ter uma vida plena e saudável.

Médiuns com pensamentos doentios, tristes, irritados e enfraquecedores constantes não estão aptos para exercer um bom trabalho mediúnico, afinal isso gera desequilíbrio energético e não permite uma boa comunicação com as entidades.

Portanto, para que a comunicação espiritual entre o guia e o médium possa ocorrer de forma fluída é necessário ter saúde mental. Saúde essa que vai se expandir em todas as áreas da vida daquele indivíduo.

E é justamente nesse aspecto que a Linha do Oriente atua.

Os espíritos desta linha, através de seus extensos conhecimentos em terapias, filosofias e rituais, auxiliam os médiuns a alcançaram clareza mental e paz de espírito.

Guiam os adeptos num caminho de autoconhecimento e estimulam para que através desse autoconhecimento a cura mental e espiritual possa acontecer.

Também atuam muito no equilíbrio dos chakras e estimulam cuidado com a nossa energia pessoal, nos orientando em como podemos nos manter energeticamente saudáveis.

É possível afirmar que a Linha do Oriente como um todo cobra muito estudo e conhecimento dos médiuns, afinal a ignorância nos mantém presos e limita nossas possibilidades, impedindo que possamos nos desenvolver enquanto indivíduo.

Todo esse escopo de trabalho é abrangido pela Linha do Oriente e pode ser acessado pelos médiuns que buscam melhorar a qualidade do seu trabalho na Umbanda.

As falanges que compõem a Linha do Oriente

Agora que já conhecemos a regência, os tipos de espíritos que compõem a Linha e sua função dentro do Ritual de Umbanda, vamos nos debruçar sobre as falanges que a compõem.

A primeira falange - A falange dos Hindus


A primeira falange da Terceira Linha é a falange dos Indianos, comandada por Pai Zartu ou também conhecido “O Chefe Indiano”.

Nessa falange se reúnem espíritos de origem Indiana como Sacerdotes Antigos, Yogues, Brahmanes e Estudiosos. O Hinduísmo é considerado o berço de todas as religiões. Lições sobre reencarnação, mediunidade e mundo espiritual são encontradas nos Vedas (livro sagrado do hinduísmo), em 1.700 antes de Cristo!

São espíritos muito ligados aos deuses Indianos e grandes conhecedores dos corpos energéticos sutis dos encarnados.

Atuam no astral realizando um trabalho de cura do corpo e da mente dos adeptos. Em alguns terreiros são chamados justamente em trabalhos específicos de cura.

Segundo algumas literaturas, o notório espírito Ramatís a qual é atribuído diversos livros, faz parte dessa falange.

Pintura mediúnica de Ramatís

A segunda falange - A Falange dos Médicos, Xamãs, Sábios e Curadores.



A segunda falange é comandada pelo ilustre José de Arimateia, tido com um dos discípulos de Jesus, aquele que sepultou o corpo de Cristo, cujo muitas lendas foram criadas ao passar dos séculos.

Essa falange, assim como muitas outras dentro da Linha do Oriente, é profundamente focada em cura. É composta pelos chamados Médicos do Espaço, além de Xamãs, Raizeiros, Curandeiros e demais espíritos portadores do poder da cura de diversas Etnias.

São tidos também como grande conselheiros e trabalham lado a lado com a Falange de São Cosme e Damião e a Falange de Pai Zartu.

A terceira falange - A Falange dos Persas, Árabes, Turcos e Hebreus.


A terceira falange é comandada por Pai Jimbaruê (Djinn Baruê), que segundo algumas literaturas é tido como um encantado do norte da África. 

Nessa falange reúnem-se espíritos de Sábios Árabes (muito deles muçulmanos) além de espíritos remanescentes de povos específicos como os Mouros, Marroquinos, Turcos e Hebreus. 

É possível encontrar Tuaregues (guerreiros do deserto) nessa falange que trazem muitos conhecimentos a respeito do poder da “Contemplação” como uma ferramenta de cura espiritual.

Também é comum encontras Rabinos e outros espíritos Judeus, com grande conhecimento sobre a Cabala e seu uso prático na magia.

De uma maneira geral são espíritos muito sérios, conservadores e que falam muito pouco quanto se manifestam.

A esta falange, devido a seu grande conhecimento mágico, é atribuído trabalhos relacionados a defesa e combate espiritual à espíritos trevosos, agressivos e também a algumas classes específica de encantados, os Djins (Para mais informações sobre esses encantados recomendo o livro “Os Vingativos Djinns” - Rosemary Ellen Guiden).

São grandes “exorcistas” e especialistas em expulsar o mal da vida de alguém.

Nas oferendas a essa falange é proibido oferecer bebidas alcoólicas. 

A quarta falange - A falange dos Japoneses, Chineses, Mongóis e Tibetanos.


Comandada por Ori do Oriente, a quarta falange é composta por espíritos de origem asiática de diversos países diferentes.

Não se encontra muita informação literária sobre essa falange mas sabemos que são espíritos de uma cultura muito distinta e que estimulam a busca pela elevação e iluminação espiritual.

São combatentes ferrenhos da ignorância e estimulam a busca constante pelo conhecimento e pelo autoconhecimento.

Curiosamente, atuam na proteção do ambiente onde está sendo realizando o trabalho de Umbanda.

Podem ser evocados em momentos que buscamos paz de espíritos, clareza mental e equilíbrio energético.

A quinta falange - A Falange dos Egípcios, Maias, Toltecas, Incas, Astecas


A quinta falange da Linha do Oriente é comandada por um espírito conhecido como Pai Inhoarairi.

Dessa falange se manifestam espíritos de antigos sacerdotes egípcios, maias, astecas, toltecas, Incas e demais povos antigos.

São espíritos extremamente rígidos e de certa forma, são a falange menos “acessível” da Linha do Oriente, pois tendem a escolher a dedo as pessoas que se aproximam ou deixam se aproximar.

Tendem a trabalhar mais no astral, encaminhando espíritos perdidos para o “mundo dos mortos”.

De uma maneira geral são grandes conhecedores da chamada Alta Magia e ensinam esses “segredos” para pessoas que julgam sérias, éticas e merecedoras dessas informações.

Ao contrário do que o senso comum nos faz pensar, Alta Magia e Baixa Magia não significam necessariamente “Magia Boa ou Magia Ruim”.

Alta Magia são práticas mágicas que são realizadas sem a necessidade do auxílio de entidades, santos, etc. Ela ocorre quando o próprio magnetismo do operador, com o auxílio de alguns elementos, gera alguma alteração energética no ambiente ou nas pessoas.

Em contrapartida, Baixa Magia é um termo que designa uma operação mágica onde o operador evoca uma entidade, santo, guia ou força exterior para realizar alguma alteração energética na realidade.

Em termos práticos, um Umbandista que incorpora um espírito para dar um passe em um consulente está realizando um trabalho de Baixa Magia, enquanto um Kimbanda (Sacerdote Africano) que dá uma passe em uma pessoa doando seu próprio Moyo (Axé, Energia Vital, Magnetismo, Prana, etc…) está realizando um trabalho de alta magia.

São simplesmente formas de designar a forma como o trabalho está sendo realizado, não caracterizando um trabalho “melhor ou pior”.

A sexta falange - Falange dos Caraíbas

A sexta falange é comandada pelo Caboclo Itaraici e reúne espíritos de caboclos, xamãs e sacerdotes originários da região do Caribe e da América Central como um todo.

São grande manipuladores energéticos e estão muito ligados aos cultos tradicionais Caribenhos.

Alguns desses entidades se manifestam nas giras de Caboclo e trazem um grande conhecimento mágico, xamânico e de cura através da ervas, das águas e da “medicina” dos animais.

A sétima falange - Falange dos Europeus



A sétima e última falange da Linha do Oriente, assim como todas as últimas falanges de cada linha de Umbanda, é uma falange de perfil mais guerreiro e atua especialmente no combate direto as forças negativas.

É regida pelo Imperador Marcus I, o Imperador Filósofo e é composta por espíritos de sábios, magos, mestres e guerreiros de origem Europeia, Gaulesa, Escandinava e Inglesa.

São espíritos de um perfil extremamente ESTRATEGISTA e ORGANIZADO.

Atuam no combate às investidas espirituais negativas fazendo cruzamento com a Falange de Santo Expedito e com a Linha de Ogum, ou seja, trabalhando a lado a lado com essas falanges.

Quando se trata de combate espiritual, proteção do terreiro, proteção dos médiuns e o trabalho de choque espiritual que a Umbanda acaba tendo que realizar devido aos constantes ataques que recebe provindo dos astral inferior, podemos observar que dentro das 7 Linhas temos falanges de ação específica para agir nesses casos.

Dentro dessa lógica, podemos observar que as 7 Linhas foram desenhadas para que:

- A Falange de Santo Expedito trouxesse a bússola moral e orientação sobre as ações espirituais que devem ser realizadas;

- A Falange de Marcus I trouxesse o aspecto estratégico e os planejamentos táticos dessas ações

- A Linha de Ogum fosse a executora desses planos, agindo como “a ponta da lança”, a linha de frente nos combates espirituais de uma casa de Umbanda, fazendo também a guarda dos templos.

Entretanto, com o passar dos anos e com a aproximação dos Exus e Pombagiras na religião, essas funções foram atribuídas completamente a essas entidades, deixando de lado a estrutura de “proteção” original.

Hoje em dia temos Exu e Pombagira, que em um primeiro momento se aproximaram da Umbanda para atuarem literalmente como FEITICEIROS em ocasiões especiais, sendo chamados de “Guardiões”, assumindo um lugar que na Umbanda mais tradicional já estava sendo ocupados por outras linhas.

Isso nos faz se perguntar… Será que todo Exu é meramente um guardião ou será que isso foi algo criado pelos Umbandista?

Trataremos esse assunto posteriormente nos textos sobre Kimbanda e Quimbanda...

Trabalho prático da Linha:

O trabalho com a Linha do Oriente é muito diverso.

Alguns terreiros mais antigos e alguns contemporâneos realizam sessões onde esses espíritos são evocados junto a corrente dos médicos do Astral para realizar seus trabalhos na chamada Mesa de Cura.

Em nosso terreiro esses espíritos se manifestam esporadicamente, geralmente em giras onde são evocadas as 7 Linhas e não costumam incorporar em todos os médiuns, se limitando apenas à alguns.

Quando manifestados não costumam falar muito e geralmente trabalham emitindo passes e irradiações nas pessoas que compõem a corrente, como uma forma de reequilibrar o campo áurico dos mesmos após um trabalho desgastante como é a Gira de 7 Linhas.

O método de trabalho dessa Linha não é ostensivo como o dos Caboclos, Oguns, Pretos-Velhos e Exus e nem precisa ser.

A proposta dessa Linha, assim como a Linha da Fé e a Linha das Águas é que os médiuns busquem desenvolver uma relação com eles que não demande de incorporação ou de uma manifestação ostensiva.

Pelo contrário, a ideia é construir uma relação espiritual mais sutil, baseada na intuição, na percepção energética e na busca do autoconhecimento.

Mas para isso é necessário que os médiuns tenham um entendimento básico:

Umbanda não se faz apenas de 15 em 15 dias. O trabalho de desenvolvimento enquanto médium é diário!

É necessário perceber que as 7 Linhas de Umbanda existem para operar uma transformação na vida dos médiuns como um todo.

As 7 Linhas tem a função de transformar os médiuns em pessoas mais aptas capazes, inteligentes, saudáveis e prósperas. Mas para isso é necessário usar as ferramentas que as 7 Linhas trazem.

O médium que realmente quer se desenvolver não espera ter uma gira ou sessão especial com a Linha do Oriente para ter contato com esses espíritos. 

Ele reconhece que essas entidades estão à postos a todo momento, apenas esperando uma abertura para se aproximar e realizar todo esse trabalho que foi comentado nesse texto, na sua vida e de seus familiares.

Ele percebe que basta orar, chamar e ter interesse em se conectar com essa linha que ela vai arranjar meios de se comunicar e atuar na sua vida.

Portanto, se você é médium de Umbanda, se questione:

O quanto você anda usando as 7 Linhas de Umbanda para operar mudanças internas e externas na sua vida?

Você obteve mais qualidade de vida desde que entrou para religião, ou simplesmente anda indo ao terreiro para se descarregar?

Caso você não esteja se tornando uma pessoa melhor e obtendo mais qualidade de vida com o passar dos anos, existem dois cenários possíveis:

Ou a Umbanda “não funciona” e não te dá o suporte necessário…

Ou você não anda sabendo usar as ferramentas que a Umbanda te dá para operar mudanças na sua vida…

Se você assume a responsabilidade pelo seu desenvolvimento mediúnico e seu progresso enquanto pessoa, USE AS FERRAMENTAS QUE A UMBANDA TE DÁ.

Busque se conectar com a primeira Linha para fortalecer sua Fé…

Busque se conectar com a segunda Linha para tratar seus traumas e fortalecer suas emoções…

E busque se conectar com a terceira Linha para desenvolver sua força Mental, seu intelecto e para equilibrar sua energia pessoal!

Não espere que as entidades venham resolver sua vida ou operar milagres se você não busca se conectar com as “ferramentas” que as 7 Linhas já escancaram aí mesmo na sua cara.

E lembre-se das palavras do Caboclo Mirim:

“Umbanda é coisa séria para gente séria!”

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Autor: Lucas Martins
Revisão: Jefferson L. Grossl

Fontes:

“O Espiritismo, a Magia e as 7 Linhas de Umbanda - Leal de Souza”
“O Ritual do Rosário das Santas Almas Bendita - Pai Juruá”
“Trabalhos de Umbanda ou Magia Prática - Lourenço Braga”
“As 7 Linhas de Umbanda - Histórico e Evolução - Douglas Rainho”
“Organograma Umbandista - Linha, Falanges e Legiões - Douglas Rainho”
“As 7 Linhas de Umbanda - Falanges e Entidades - Carlos Zeferino’






sexta-feira, 19 de junho de 2020

AS 7 LINHAS DA UMBANDA TRADICIONAL - 2ª LINHA - A LINHA DAS ÁGUAS /LINHA DE IEMANJÁ

Este é o segundo de diversos textos onde vamos conhecer a fundo as 7 Linhas de Umbanda da perspectiva tradicional, ou seja, a configuração das 7 Linhas pela perspectiva dos velhos Umbandistas e primeiros estudiosos da religião.


Caso você ainda não tenha lido o texto onde abordamos a primeira Linha de Umbanda, a Linha da Fé, você pode ter acesso através desse link aqui: http://filhosdavovorita.blogspot.com/2020/06/as-7-linhas-da-umbanda-tradicional-1.html

Todas as informações trazidas aqui se baseiam nas obras de Leal de Souza, Lourenço Braga, Diamantino Fernandes Trindade, alguns autores Umbandistas contemporâneos e também experiências pessoais.

O propósito desses textos é buscarmos conhecer as raízes da nossa religião, entendendo de onde surgiu cada Linha, quais seus propósitos e especificidades, fazendo uma comparação com o que observamos atualmente nos terreiros.

Esperamos contribuir para o entendimento e esclarecimento dos irmãos de fé! 

A Segunda Linha da Umbanda Tradicional - A Linha de Iemanjá ou Linha das Águas 

Nosso propósito com esse texto é aprofundar o conhecimento sobre os espíritos e falanges que compõem a segunda linha de Umbanda e também suas funções dentro do ritual.

Como explicamos no primeiro texto, as 7(sete) Linhas de Umbanda são uma forma de organização espiritual adotada nos primeiros terreiros de Umbanda a partir de 1908, onde os espíritos foram agrupados em Linhas, Falanges, Legiões e Povos.

Essa estrutura foi baseada nas organizações militares Romanas antigas e foi se construindo e expandindo na medida que novos espíritos foram se aproximando da Umbanda.

Portanto, como uma verdadeira organização de batalha, as 7 Linhas de Umbanda foram estruturadas para que cada falange, legião e povo tenha uma função específica dentro do Ritual de Umbanda e quando agem em conjunto fazem com que o trabalho se desenvolva de forma fluída.

A linha das Águas ou popularmente conhecida, Linha de Iemanjá, não foge a essa regra, sendo um agrupamento espiritual que atua exercendo uma função específica tanto no Ritual de Umbanda quanto na vida dos médiuns e consulentes que participam do ritual como veremos a seguir.

A regência da Linha:

Como já mencionado, toda Linha, Falange, Legião e Povo da Umbanda possui uma regência, ou seja, um Espírito ou Divindade responsável pelo comando e direcionamento daquele grupo de Espíritos.

A Linha das Águas, segundo os Umbandistas mais antigos é regida pela Virgem Maria, a qual, no Brasil, é sincretizada com a Orixá africana Iemanjá.

Alguns terreiros atribuem a regência dessa linha a Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora da Conceição ou Nossa Senhora dos Navegantes mas ao nosso ver faz muito mais sentido atribuir a regência diretamente a Virgem Maria pois todas as santas citadas são manifestações ou aparições direta dessa, sendo no fim a regência atribuída a mesma força.

Também é importante citar, como já foi feito no texto sobre a Linha da Fé, que Iemanjá e a Virgem Maria NÃO SÃO A MESMA ENTIDADE.

Iemanjá em terras africanas era considerada uma Orixá menor. Sua força era atribuída ao Rio Yemojá que posteriormente tornou-se o Rio Ògun (não confundir com Orixá Ogum). 

Dentro da mitologia era considerada filha de Olokum o Orixá dos Mares e das profundezas, mas ao chegar ao Brasil sofreu uma reinterpretação muito grande, tornando-se a Mãe D’agua, Rainha dos Mares e Senhora da Vida.

Hoje é uma das divindades mais populares e cultuadas em solo brasileiro, tendo grandes festividades sendo realizadas em seu nome.

Curiosamente é uma das únicas Orixás a qual é atribuída uma aparição real, onde algumas pessoas no século passado afirmam ter visto uma mulher (primeiramente descrita como uma indígena e posteriormente uma mulher branca de cabelos negros) saindo das águas do mar, com estrelas e flores saindo de suas mãos e cujo o vestido se ligava ao mar.

Dessas descrições surgiu os quadros e imagens que popularmente representam Iemanjá como podemos ver abaixo:


Já a Virgem Maria como todos conhecemos é considerada a mãe de Jesus Cristo, sendo um dos maiores símbolos do sagrados feminino e do amor universal.

Tanto Iemanjá quanto a Virgem Maria enquanto forças espirituais tem atribuições muito semelhantes como o Amor Materno e a representação do Sagrado Feminino, entretanto, não é porque possuem domínio sobre energias semelhantes que devem ser confundidas como a mesma entidade, afinal enquanto divindades possuem mais diferenças do que semelhanças.

É importante saber separar cada coisa em seu lugar, pois tanto Iemanjá quanto a Virgem Maria possuem mistérios únicos, profundos, ricos e muito diferentes uma da outra e quando colocamos ambas na mesma “caixinha” em nome do Sincretismo estamos empobrecendo a ancestralidade dessas duas grandiosas mães.

Quem compõem a linha:

A Linha das Águas é compostas majoritariamente por espíritos humanos e encantados.

Nessa linha ao contrário da Linha da Fé, começaremos a encontrar nossos amados Caboclos e também um dos agrupamentos espirituais mais populares de Umbanda, os Marinheiros.

Os espíritos que compõem essa Linha geralmente tiveram encarnações onde viviam próximos às águas e tinham uma certa vivência e experiência com elas.

São espíritos que conhecem a fundo a força das águas e sabem manipulá-las de forma mágica, podendo alterar, através desse elemento, o magnetismo de ambientes, objetos e o campo energético das pessoas.

Os encantados estão muito presentes nessas Linhas. 

Encantados” é uma denominação que indica espíritos que ao contrário de nós nunca tiveram uma encarnação humana. Eles fazem parte da natureza e geralmente são encontrados em locais onde houve pouca interferência humana, como matas, mares, rios, cachoeiras, montanhas, vulcões, etc.

Esses espíritos segundo Kardec (Livro dos Espíritos, questões 538 a 540) e outros autores, estão no planeta terra muito antes dos espíritos humanos começarem a encarnar e são um dos responsáveis pelos fenômenos da natureza, como chuvas, maremotos, vendavais, furacões, pororocas, etc, podendo gerá-los caso necessário.

Muitos desses espíritos geraram os mitos e histórias que ouvíamos dos nossos avós e fazem parte do nosso imaginário popular como Sereias, Ninfas, Sacis, etc. Todavia, por se tratar de uma transmissão oral, muito conhecimento se perdeu sobre esses seres e também, muitas coisas foram acrescentadas sem fundamento, gerando aí o chamado "folclore". 

Existem muitas espécies de encantados. Alguns deles têm “consciência” e sabem se relacionar com nós humanos e outros são simplesmente forças instintivas da natureza mantendo distância dos humanos e sendo avistados raramente por pessoas com tipos específicos de mediunidade como a vidência, por exemplo.

Dentro da Umbanda esses espíritos são evocados justamente por serem os melhores manipuladores energéticos que existem, podendo gerar alterações espirituais no ambiente e nas pessoas que os espíritos humanos nunca conseguirão. 

Isso se deve ao fato de fazerem parte natureza e terem uma relação muito mais pura com as energias que compõem a nosso planeta.

Geralmente, dentro do Ritual são comandados e evocados por Caboclos, que por sua vivência na mata sempre souberam lidar e conviver em harmonia com esses espíritos que habitam a natureza.

Muitos desses encantados não incorporam, mas se comunicam com os médiuns através de sonhos.

Por fim, diferente das outras Linhas de Umbanda temos a presença de Exus nessa linha, que atuam aqui por motivos específicos na última falange, como explicaremos mais adiante nesse texto.

Função da Linha:



A Linha das Águas como já mencionado anteriormente, exerce funções específicas dentro do Ritual de Umbanda.

Dentre elas, existem duas funções que essa Linha exerce e que são extremamente importantes:

1. Limpam, purificam, harmonizam e descarregam o ambiente onde será realizado o ritual

E…

2. Preparam as emoções dos médiuns para que possam realizar seu trabalho de Umbanda.

Dentro dessa primeira função, podemos observar que todos os espíritos que compõem a Linha das Águas são grandes manipuladores das energias aquáticas e de forma prática são evocados para literalmente “lavar as impurezas” do ambiente onde ocorre a gira, seja antes ou depois da sessão.

Como poderemos observar, na medida em que vamos avançando as falanges teremos entidades que realizam desde limpezas leves no ambiente até descarregos realmente pesados, sendo capazes de atuar em vários momentos diferentes dependendo das necessidades do trabalho.

Vale lembrar que esse trabalho de limpeza é essencial para que o trabalho de Umbanda possa ocorrer, afinal em ambientes compostos por energias densas os Espíritos de padrão energético mais elevado tem dificuldade em baixar e trabalhar.

Já a segunda função que essa linha exerce é EXTREMAMENTE essencial para Umbanda, principalmente hoje em dia:

Eles ajudam os médiuns de Umbanda à construírem a ESTRUTURA EMOCIONAL necessária para desenvolverem sua caminhada dentro da religião.

Mais precisamente, essas entidades atuam no campo emocional dos médiuns promovendo uma limpeza nos padrões emocionais negativos e fazendo com que essas pessoas possam construir a maturidade emocional necessária para cumprir sua missão no terreiro.

Esse trabalho é fundamental, afinal um médium emocionalmente desequilibrado não está apto para tratar nem aconselhar outras pessoas e muito menos está em condições de realizar o processo de incorporação que demanda de concentração e calma.

É por isso que antes mesmo de pensar em incorporação o bom médium deve aprender a cuidar das próprias emoções, tratando seus traumas, suas ansiedades, seus medos, sua reatividade e todos os padrões emocionais que podem atrapalhar sua caminhada.

Infelizmente, não vemos esse processo acontecendo hoje em dia nos terreiros, pelo contrário, vemos médiuns extremamente ansiosos para incorporar o quanto antes, médiuns orgulhosos de serem reativos e médiuns afobados e desconcentrados.

Ao invés desses médiuns buscarem se tornar emocionalmente mais controlados, enchem a boca para se justificar suas falhas usando frases como: 

“Sou briguento pois sou filho de Iansã” ou “Não me ameace, pois quem me protege não dorme!”

Todas essas frases indicam uma imaturidade emocional que não cabe em uma Umbanda que se diz séria e é justamente por isso que a segunda Linha de Umbanda foi concebida, para trabalhar os aspectos emocionais dessas pessoas tornando-as aptas ao trabalho.

Portanto, se você é médium de Umbanda e quer desenvolver um trabalho saudável, busque se conectar as entidades que compõem essa Linha pois eles te guiarão neste caminho de cura emocional.

Se você tem quadros como ansiedade, depressão, síndrome do Pânico, insônia, irritabilidade, pensamento acelerado ou qualquer outra condição emocional que atrapalhe seu dia a dia, busque auxílio nessa linha, pois eles estão apenas esperando sua iniciativa para te ajudar.

Todas as 7 Linhas foram constituídas para formar ótimos médiuns e basta que os médiuns de Umbanda passem a ter interesse em evoluir para que esse propósito se cumpra!

As falanges que compõem a Linha das Águas

Agora que já conhecemos a regência, os tipos de espíritos que compõem a Linha e sua função dentro do Ritual de Umbanda, vamos nos debruçar sobre as falanges que a compõem.

A primeira falange - Falange das Sereias



A primeira falange da Linha das Águas é a Falange das Sereias.

Sua regência é feita pela Orixá Oxum e é composta inteiramente por encantados.
Sereias são espíritos naturais das águas, tanto doces quanto salgadas. Muitos desses encantados geraram lendas que se espalharam por todo mundo, onde foram avistados como seres metade humanos e metade peixe.

Dentro dessa Linha temos as chamadas Sereias Velhas (aquelas que são encontradas próximas ao mar) e Sereias novas que são encontradas nos Rios e são chamadas nas Encantarias de “Iaras.”

São seres que sabem manipular muito bem às águas e também as emoções das pessoas.

Muitos dos mitos relacionados às sereias trazem situações onde esses seres mexiam com as emoções de marinheiros ou pessoas desavisadas e faziam com que viessem ao seu encontro no fundo dos mares ou oceanos.

Essa histórias fazem alusão a capacidade desses seres da manipular as emoções das pessoas, tanto intensificando-as quanto acalmando-as.

Geralmente são evocados no Ritual de Umbanda para fazer limpezas mais superficiais no ambiente de trabalho e também para harmonizar as emoções dos médiuns para o ritual que vai começar.

Raramente essas entidades incorporam, geralmente trabalham no astral durante as saudações a Iemanjá no inicio dos trabalhos, entretanto, em necessidades especiais podem se manifestar.

Geralmente quando manifestadas não se movem pelo terreiro, mantém o médium imóvel durante um certo período de tempo e logo depois vão embora. Importante também esclarecer que, ainda que haja manifestação dessas entidades, as mesmas não vão agir como "um peixe fora d'agua" como vemos em alguns terreiros, com médiuns rolando no chão, se debatendo como se fossem peixes. Manifestações desse gênero são causadas pelo próprio desconhecimento do médium quanto ao processo de incorporação.

A segunda falange - Falange das Ondinas



A segunda Falange, conhecida como Ondinas é comandada por Sant'ana que na Umbanda é sincretizada com Nanã.

Essa falange é composta também por encantados conhecidos nas Encantarias como Ninfas.

Esses seres, ao contrário das sereias, habitam todos os lugares que possuem Água, desde nascentes, cachoeiras, mares, rios, poços, pântanos, etc.

Vale lembrar que cada ”tipo” de água possui propriedades e capacidades específicas, por exemplo, as águas de nascente geralmente são usadas para purificação, às águas do mar para descarregar, às águas dos rios e cachoeira para harmonizar e as águas de poços ou pântanos para decantar.

As Ondinas (ou Ninfas) por estarem espalhadas por toda a natureza têm versatilidade de poder trazer todas essas propriedades para o ritual quando evocadas.

É justamente por conta dessa versatilidade que esses encantados são os que mais se manifestam na Umbanda via incorporação, afinal seu trabalho abrange desde limpeza de ambientes até curas e harmonizações energéticas.

Geralmente esses serem vem girando nos médiuns suavemente, emitindo sons que se assemelham a um canto ou choro e é muito comum os médiuns que manifestam essas entidades chorarem durante a incorporação, como uma forma de limpeza emocional.

As Ondinas geralmente se manifestam quando cantamos para as Iabás, Nanã, Oxum ou Iemanjá, trazendo propriedades específicas a depender da vibração que cada uma trás.

A terceira falange - Falange das Caboclas do Mar



A terceira Falange é conhecida como Falange das Caboclas do Mar e é comandada pela Cabocla Indaiá.

Dessa falange se manifestam Caboclas que em vida habitavam as proximidades das praias e outras localidades aos arredores dos mares. As Caboclas dessa falange têm muita habilidade na lida com encantados e demais entidades da mata, trabalhando lado a lado com eles e podendo sempre contar com seu auxílio.

Quando manifestadas são geralmente muito sutis e quietas e durante suas consultas dão orientações sobre saúde e equilíbrio emocional.

Enquanto as últimas duas falanges focavam seus trabalhos majoritariamente em limpar as energias do ambiente, as Caboclas do Mar focam em limpar as energias dos médiuns.

Trabalham limpando os corpos energéticos dos médiuns e os magnetizam com a energia dos mares, trazendo serenidade e paz emocional para o trabalho que se inicia. 

Segundo algumas literaturas essas Caboclas tendem a trabalhar especialmente com médiuns mulheres ao invés de homens, promovendo nelas sentimentos de independência emocional e segurança.

A quarta falange - Falange das Caboclas dos Rios


A quarta Falange da Linha das Águas é conhecida como Falange das Caboclas dos Rios que são comandadas pela conhecidíssima Cabocla Iara (não confundir com as Encantadas Iaras).

Dessa falange se manifestam almas que vivem agrupadas em torno de nascentes, afluentes, igarapés, cachoeiras, poços, e demais regiões de água doce.

Geralmente trabalham trazendo cura emocional, vitalidade e revitalização através do contato com os pontos da natureza como cachoeiras, rios e matas.

Tendem a estimular nos médiuns sentimentos de segurança, confiança, independência e auto afirmação.

São conhecidas por curarem a “síndrome do médium esponja”, ou seja, curam os aspectos emocionais que fazem alguns médiuns entrarem em alguns lugares e se sentirem sonolentos e “carregados” por absorverem a energia do ambiente.

Essas Caboclas ajudam os médiuns a construírem uma força emocional inabalável ensinando-os a não serem afetados pelas energias do ambiente e curando suas fragilidades espirituais

A quinta falange - Falange dos Marinheiros


A quinta falange da Linha das Águas é a falange dos nossos sempre bem humorados Marinheiros.

Essa Linha é comandada por um encantado conhecido como Tarimã, que na Encantaria Amazonense é associado à uma entidade chamada Negro D’agua.

(Estátua do Nego D’agua situada no mágico Rio São Francisco)
Ao contrário dos outros encantados o Tarimã (ou Negro D’agua) tem boa relação com os humanos. Suas histórias o apontam como uma entidade que sempre está observando as pessoas de longe e aparenta estar curioso sobre nossas ações.

Nessa falange se manifestam Marinheiros, Marujos, Pescadores, Capitães do Mar, Caiçaras e demais almas que, em vida, tiveram a lida diária com a imensidão do mar;

Geralmente essas entidades se manifestam cambaleando como se estivessem sendo movidos pelas ondas do mar, o que faz com que algumas pessoas em um primeiro momento acreditem que eles estão bêbados.

Ao contrário das Falanges anteriores, os Marinheiros trabalham descarregando e limpando as energias mais densas dos trabalhos, principalmente aquelas que vem junto com os consulentes e que foram retiradas durante a gira.

Por terem mais proximidade com a vivência humana também trabalham com aspectos do cotidiano como sorte, proteção, prosperidade, equilíbrio emocional, abertura de caminhos profissionais e tratamento de vícios. 

Em alguns terreiros se tornaram uma Falange tão popular que foram considerados Linhas Auxiliares e ganhando inclusive gírias próprias em ocasiões especiais, como no caso de nossa Tenda. 

A sexta falange - Falange da Estrela-Guia


A sexta falange é a mais misteriosa da Linha das Águas, cuja as informações eram passadas “ao pé do ouvido” por Umbandistas mais antigos por razões que não consegui decifrar em meus estudos.

Essa falange é chamada de Falange da Estrela-Guia e é comandada por Santa Maria Madalena.

É composta inteiramente por encantados que, segundo algumas informações, habitam o mar o profundo.

Por mais que haja pouquíssima informação registrada sobre essa falange, sabe-se que tem a função de reencaminhar os médiuns para o caminho certo. São evocados nos momentos em que os médiuns Umbandistas estão passando por suas “Trevas Interiores” e precisam de uma luz na caminhada.

Segundo alguns autores os trabalhos de magia feitos sobre a energia dessa falange eram jogados ao fundo do mar para que nunca mais pudessem ser desfeitos.

A sétima falange - Falange dos Calungas ou "Exus do Mar"


A sétima e última falange da Linha das Águas é chamada de Falange dos Calungas ou "Exus do Mar".

Comandados por uma entidade chamada Don Calunga ou também conhecido “Calunguinha do mar” essa falange é composta por Encantados e Almas Humanas que habitam o mar ou costa do mar.

A palavra “Calunga” significa “abismo” ou “mundo dos mortos”. Geralmente é associada aos mares devido ao GIGANTESCO número de mortos que eram jogados ao mar nas travessias dos navios negreiros para o Brasil.

Segundo Laurentino Gomes, em sua obra Escravidão, o número de africanos mortos na travessia do atlântico chegou a marca de 1.818.680 (um milhão, oitocentos e dezoito mil, seiscentos e oitenta) pessoas. O número de mortos era tão grande que os tubarões e outras espécies marítimas mudavam suas rotas e hábitos alimentares para seguir os Navios negreiros, pois sabiam que poderiam se alimentar dos africanos jogados ao mar.

Essas pessoas escravizadas geralmente morriam de doenças adquiridas durante a viagem ou também de Banzo (uma desânimo, depressão ou angústia que os abatia e fazia com que pulassem ao mar na “esperança” de se salvar). Na obra citada, Laurentino Gomes também cita um episódio em que uma "carga" inteira de africanos foi morta propositalmente por um capitão, para dar um golpe na seguradora.

E é dentro dessa conjuntura de fatores que a falange dos Calungas ou Exus do Mar se forma.

São agrupados nessa falange Encantados do “abismo” ou “fundo do mar” e Almas que desencarnaram em alto mar e foram acolhidos por esses Encantados.

Segundo algumas literaturas essas Almas foram acolhidas em um dos Reinos da Quimbanda, conhecido como Reino da Praia e assumiram a denominação “Exus do Mar” fazendo esse ponto de ligação com a sétima falange da Linha das Águas na Umbanda.

Duas das entidades mais conhecidas dessa falange são o Sr. Exu Maré e Sr. Exu Gererê (entidade que geralmente se apresenta como um homem velho e arcado).

É muito comum que as entidades dessa falange geralmente apresentem o sufixo “da Calunga” em seus nomes, indicando que trabalham com as energias das profundezas do mar. Por exemplo, “Exu Tiriri da Calunga”.

A função dessa linha é apenas uma: Descarregar nas profundezas do mar as energias mais densas que um trabalho de Umbanda pode gerar.

Raramente são chamados e por isso algumas dessas entidades muitas vezes se manifestam nas giras de Exu ou nas giras de Marinheiro quando é permitido.

Essa linha também pode ser chamada para tratar vícios como alcoolismo e são especialistas em desmanchar trabalhos feitos no mar ou na beira da praia.

Trabalho prático da Linha:

Segundos alguns relatos do começo do século passado, a Linha das Águas era chamada tanto na abertura quanto no fechamento da gira, justamente para realizar esse trabalho de limpeza espiritual no ambiente e nos médiuns.

Hoje em dia essas entidades já passam a trabalhar no ambiente de terreiro na medida em que se saúda Iemanjá na abertura dos trabalhos.

Também se manifestam nas giras onde é cantado para Iemanjá, Oxum e Nanã e em ocasiões especiais nas giras dedicadas aos Marinheiros e Exus.

Essas falanges respondem à evocações e oferendas que levam elementos como Pentes, Espelhos, Flores, Velas Brancas e Azuis (E vermelhas a depender da falange), Champanhe, Rum, Conhaque, etc.

Algumas dessas falange, especialmente das Caboclas dos Rios e dos Mares pode ser chamadas para auxiliar pessoas com quadros emocionais desequilibrados e também para realizar a limpeza de casas e demais ambientes carregados. 
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Autor: Lucas Martins
Revisão: Jefferson L. Grossl

Fontes:

“O Espiritismo, a Magia e as 7 Linhas de Umbanda - Leal de Souza”
“O Ritual do Rosário das Santas Almas Bendita - Pai Juruá”
“Trabalhos de Umbanda ou Magia Prática - Lourenço Braga”
“As 7 Linhas de Umbanda - Histórico e Evolução - Douglas Rainho”
“Organograma Umbandista - Linha, Falanges e Legiões - Douglas Rainho”
“As 7 Linhas de Umbanda - Falanges e Entidades - Carlos Zeferino’
"A História da Umbanda no Brasil - Diamantino Fernandes Trindade". "Escravidão, Volume I - Laurentino Gomes".

domingo, 14 de junho de 2020

AS 7 LINHAS DA UMBANDA TRADICIONAL - 1ª LINHA - LINHA DA FÉ

Este é o primeiro de diversos textos onde vamos conhecer a fundo as 7 Linhas de Umbanda da perspectiva tradicional, ou seja, a configuração das 7 Linhas pela perspectiva dos velhos Umbandistas e primeiros estudiosos da religião.

Todas as informações trazidas aqui se baseiam nas obras de Leal de Souza, Lourenço Braga, Diamantino Fernandes Trindade, alguns autores Umbandistas contemporâneos e também experiências pessoais.

O propósito desses textos é buscarmos conhecer as raízes da nossa religião, entendendo de onde surgiu cada Linha, quais seus propósitos e especificidades, fazendo uma comparação com o que observamos nos atualmente nos terreiros.

Esperamos contribuir para o entendimento e esclarecimento dos irmãos de fé!

A Primeira Linha de Umbanda - A Linha da Fé

O objetivo deste texto é simples: Apresentar e aprofundar o conhecimento sobre a Linha mais importante da Umbanda, a Linha da Fé.

  • A regência da Primeira Linha:


Para entendermos a primeira Linha precisamos primeiramente entender como e por que as 7 Linhas foram configuradas.

Resumidamente as 7 Linhas de Umbanda são uma forma de organizar os espíritos que militam na Umbanda de acordo com suas especificações e trabalhos que vão realizar dentro do ritual.

Essa forma de organização surgiu de uma maneira muito primitiva nos primeiros anos de Umbanda na Tenda Nossa Senhora da Piedade, comandada por Zélio Fernandino de Moraes e com o passar dos anos foi assumindo uma configuração cada vez mais clara, onde cada espírito apresenta uma especificidade e razão dentro do trabalho de Umbanda.

A sua configuração mais aceita pela Umbanda tradicional, é aquela baseada nas organizações Militares Romanas antigas, ou seja, a configuração onde os espíritos são divididos em 7 Linhas, que se desdobram em 7 Falanges, 7 Legiões e assim por diante.

Cada Linha dentro da Umbanda Tradicional é regida (ou gerenciada) por um Santo que posteriormente foi associado aos Orixás Yorubás, devido a questões de sincretismo.

Segundo a Umbanda Tradicional a regência da linha da fé é feita por Jesus Cristo, o Verbo Encarnado.

Nesse caso, é importante abrir um parênteses e frisar que a Linha da Fé (no entendimento mais antigo de Umbanda) é regida por Jesus Cristo e não por Oxalá.

E NÃO, OXALÁ NÃO É JESUS E JESUS NÃO É OXALÁ!

Oxalá é um dos Orixás Primordiais na cultura Yorubá, ou seja, NUNCA TEVE UMA ENCARNAÇÃO TERRENA. Inclusive é tido como Orixá Primordial pois junto com Ifá, Ogum, Exu e Ori foi responsável para Criação do mundo na visão Nagô-Iorubá.

À Oxalá  foi dado por Olodumaré (Deus) a tarefa de criar a terra e os seres humanos.

É uma divindade que se torna mais presente dentro da Umbanda na medida em que adeptos do Candomblé Nagô começam a migrar para Umbanda entre as décadas de 1940 e 1950.

Já Jesus Cristo, como todos conhecemos, é considerado o filho de Deus pela cultura cristã. Teve uma encarnação terrena e se santificou na Cruz, sendo hoje a figura mais influente de todos os tempos.

Seus ensinamentos moldaram o pensamento Cristão e servem até hoje como base para inúmeras religiões, inclusive a Umbanda, que é independente de suas raízes africanas e indígenas uma religião Cristã.

Por mais que Oxalá e Jesus sejam figuras distintas, ambos trabalham sob as mesmas dominâncias o que gera o chamado sincretismo religioso, fazendo com que muitas pessoas acreditem que são a mesma divindade.

Os aspectos que as duas divindades regem são a Fé, a Pureza, o Amor Incondicional, a Elevação Espiritual, a Paz, a Religiosidade, a Clareza Mental, a Calma, a Paciência, dentre outros.

Por mais que ambos tenham domínio sobre os mesmos aspectos e por mais que a força do Orixá Oxalá esteja presente de forma intensa na primeira linha, os Umbandistas mais antigos tinham o entendimento que não era Oxalá que regia a primeira linha mas sim Jesus Cristo.

E isso faz total sentido afinal a primeira Linha é composta por espíritos que em sua vida foram praticantes de religiões cristãs tradicionais, como veremos a seguir.



  • Quem compõem a Primeira Linha?


Independente de qualquer crítica que você possa ter com a Igreja Católica enquanto instituição, é inegável que a MAGIA CRISTÃ é uma das mais fortes e antigas formas de trabalho espiritual que existe.

Através da intervenção dos Santos, das orações, batismos, novenas, rezas, exorcismos e diversas outras práticas que a Igreja Católica propagou durante os seus séculos de existência, muitas pessoas foram curadas e tiveram sua vida transformada.

Resumindo: Os Santos, Padres, Freis, Freiras e demais espíritos que em vida foram Cristãos Praticantes têm um poder mágico oculto GIGANTESCO… E sim, esse poder veio para a Umbanda através da primeira linha.

Portanto os espíritos que compõem a primeira Linha são muito conectados às práticas da Igreja Católica. São espíritos que, quando encarnados, tiveram uma vida monástica e abnegada, vivendo pelos ensinamentos de Cristo.

Trazem consigo toda uma Magia Cristã oculta, através das orações, conjuros, benzimentos e outros formas de trabalho como conheceremos mais a frente nesse texto.




  • A função da Primeira Linha:

    A Linha da Fé é tida como a linha primordial da Umbanda, dela nascem as bases que guiam o trabalho de um terreiro.

    As bases filosóficas e valores da religião, tais como: Fé, Amor e Caridade e também as bases práticas do trabalho como a arte do Benzimento, as Orações, Rezas, Conjuros e outras habilidades tão necessárias para qualquer médium que queira trabalhar ativamente na Umbanda, estão presentes na Linha da Fé.

    Os espíritos desta linha tendem a não trabalhar incorporados e não realizam consultas e isso ocorre por dois motivos:
  1. Essa linha realiza um trabalho de Suporte espiritual, ou seja, atua no astral auxiliando os trabalhos que são realizados.
  2. Essa linha é a responsável pela PREPARAÇÃO dos médiuns para o trabalho de Umbanda.
A Linha da Fé, justamente por ser a primeira, foi concebida para ser a força base dos médiuns de Umbanda. Nela através da força dos Santos e o Ritual da Semiromba os médiuns recebem a orientação necessária para seu trabalho prático dentro da religião.


É interessante perceber que segundo a visão de alguns autores, algumas Linhas de trabalho surgiram a partir da Linha da Fé. Esse fenômeno ocorre pela popularização da Linha com o passar dos anos. 


Como exemplo desse fenômeno podemos colocar:

A Linha de São Jorge (Ogum) que nasce dentro da Falange de Santo Expedito mas que com o passar dos anos se desdobra em um trabalho autônomo formando a 6ª Linha de Umbanda.

A Linha das Crianças que surge da Falange de São Cosme e Damião e em alguns terreiros também se torna um linha de trabalho autônoma.

A Linha dos Pretos-Velhos e de Baianos, que em um primeiro momento estavam inseridos dentro da Falange de São Benedito mas que posteriormente formaram a chamada Linha das Almas ou Linha Africana.


A Linha do Oriente que começa a se formar a partir da Falange de São Francisco de Assis e que posteriormente ganha autonomia gerando a 3ª Linha de Umbanda.


Enfim, esse fenômeno ocorrem devido a expansão da religião, que fez com que os espíritos que estavam inseridos dentro da primeira linha passassem a realizar um trabalho mais “autônomo” se organizando em novas linhas e falanges na medida em que uma maior quantidade de espíritos de diferentes culturas passaram a se manifestar na Umbanda.

Agora que você já entende a função da Primeira Linha está na hora de se aprofundar em cada uma das falanges que compõem a Linha da Fé.


  • A Falange de Santo Antônio



Santo Antônio de Paduá, tido popularmente como o “Santo Casamenteiro”, é o comandante da primeira falange da Linha da Fé na Umbanda.

É um dos santos mais populares em território brasileiro sendo cultuado e festejado em diversas ocasiões. A principal delas talvez seja a festa de Santo Antônio geralmente realizada no dia 13 de Junho em diversos locais do país.

Também é uma figura muito presente em diversos cultos brasileiros. No Catimbó, por exemplo, Santo Antônio de Batalha ou também conhecido Santo Antônio de Pemba é uma das forças mais evocadas nos trabalhos, sendo inclusive um dos santos de devoção do grande Mestre Zé Pelintra.

Curiosamente Santo Antônio também é extremamente popular em algumas regiões da África atualmente, principalmente regiões que no passado eram dominadas por povos da cultura Bantu.

Isso se dá pois antes mesmo do período em que os povos Africanos foram escravizados e trazidos para o Brasil, os povos de origem Bantu em um primeiro contato com a cultura Cristã Européia ficaram maravilhados com os aspectos desse Santo, acolhendo ele em seus cultos religiosos e evocando a força de Antônio em suas práticas.

Isso fez com que ao chegar ao Brasil, nossos ancestrais africanos já tivessem um grande apreço por essa figura e com o passar dos séculos essa devoção foi se tornando algo latente no inconsciente coletivo do nosso país.

Portanto, não é de se estranhar que esse Santo esteja tão presente em diversas religiões brasileiras.
Já como comandante da primeira falange na Linha da Fé, Santo Antônio traz alguns aspectos bem específicos.

Em vida foi conhecido como “O Martelo dos Hereges”, isso devido a sua grande capacidade de retórica, argumentação e o seu grande conhecimento sobre a Doutrina Cristã;

Em seus sermões e homilias era considerado implacável e costumeiramente juntava centenas de pessoas em suas palestras.

E é justamente esse aspecto que Santo Antônio traz para a Umbanda: Doutrina e Firmeza.

Os falangeiros de Santo Antônio geralmente se apresentam como Freis, Freiras e Monges e trazem nomes como Irmão Miguel, Irmão Samuel, Irmã Beatriz, etc...

Sua principal função dentro do trabalho de Umbanda é inspirar os médiuns através da intuição para que possam guiar e orientar os consulentes com convicção e argumentação impecável.

Como é a primeira falange, sua função é guiar os médiuns em uma reforma íntima e uma doutrina que lhes permitirá ter a tão falada FIRMEZA necessária para o trabalho.

Do lado espiritual atuam controlando os espíritos perturbadores que querem atrapalhar a gira e auxiliam nos trabalhos de doutrinação dos espíritos.

Os médiuns que buscam a Reforma Íntima e que desejam desenvolver um conhecimento aprofundado sobre a religião podem evocar a falange de Santo Antônio para que estes o guiem neste caminho.

Outro fator interessante é que por em vida ter sido Franciscano, Santo Antônio é tido como um dos 3  Semirombas da Umbanda ao lado de São Francisco de Assis e São Benedito, ou seja, é uma das forças que compõem esse Ritual como veremos mais adiante nesse texto.

Resumidamente dessa falange se manifestam espíritos cristãos, que em vida tiveram alto grau de devoção a esse Santo e que por seu grande conhecimento e retórica impecável atuam doutrinando os espíritos encarnados e desencarnados na Umbanda.


  • A Falange de São Cosme e Damião


São Cosme e São Damião, os Gêmeos Médicos, encabeçam a segunda falange da Linha da Fé.

A falange de São Cosme e São Damião traz a força da cura dentro da primeira Linha. Dessa falange se manifestam muitos espíritos que tem domínio sobre a medicina, tanto a medicina clínica quanto a medicina espiritual/energética.

Dentro do aspecto de medicina clínica essa falange traz espíritos que em vida foram médicos, tendo inclusive entidades que fazem parte da corrente denominada Médicos do Astral, tão conhecida nos centros espíritas pela figura de Bezerra de Menezes.

Esses entidades não incorporam, mas podem ser evocadas através de orações para atuarem em cirurgias espirituais e para ajudar na conclusão de diagnósticos médicos não definidos pela medicina terrena;

Ou seja, em condições onde não se acha a causa de uma doença ou mal que assola uma pessoa, essa falange pode ser evocada para dar clareza de diagnóstico e orientar o tratamento.

Já no aspecto das Medicinas Naturais e espirituais, dessa falange veem as nossas amadas Crianças, espíritos de caráter infantil, muito deles encantados da natureza, que têm grande domínio e poder sobre os elementos da natureza promovendo cura.

As crianças têm acesso a energias EXTREMAMENTE puras que estão na natureza, fazendo com que através delas curas milagrosas possam ocorrer. Especialmente curas de aspectos emocionais, como traumas, medos, fobias e outros males que acometem a mente das pessoas.

Talvez por esse grande poder e atuação, a Linha das Crianças assumiu grande popularidade com o passar dos anos dentro da Umbanda, sendo em alguns terreiros uma Linha quase autônoma, tendo festividades realizadas costumeiramente no dia 27 de setembro.

Ainda dentro desse aspecto das medicinas naturais podemos citar os Falangeiros de Omulu ou “Omuluns” que nos primórdios da Umbanda também se manifestavam na Falange de São Cosme e Damião;

Essas entidades denominadas “Omuluns” geralmente são encantados da natureza que vem arcados, cobertos por um pano branco (mortalha) e trazem na mão uma vela branca. Atuam gerando cura através da transformação ou transmutação das energias da natureza.

Com o passar dos anos, essas entidades também foram assumindo determinada autonomia, principalmente após uma maior inserção dos Orixás Omulu e Nanã dentro da Umbanda a partir dos anos 40 e 50. Após essa aproximação essas entidades passaram a utilizar pipocas em seus descarregados e foram sendo alocadas nas chamada Linha das Almas.


  • A Falange de Santa Rita de Cássia.


Margherita Loppi, ou Santa Rita, é conhecida popularmente como a Santa das Causas Impossíveis.

Santa Rita é um expoente entre os Santos Católicos devido as suas histórias de superação quando encarnada e também pela notoriedade alcançada dentro da cultura Cristã mesmo sendo mulher.

Existem muitos milagres operados por Santa Rita enquanto encarnada, alguns deles você pode conhecer através desse texto aqui (https://perdido.co/2016/05/santa-rita-de-cassia/) do blog Perdido em Pensamentos.

Mas de uma maneira geral Santa Rita foi uma mulher EXTREMAMENTE devota que através de sua Fé superou desde as agressões do marido até a morte dos filhos, se tornando Freira e morrendo com quase 78 anos (o que era muito para época em que viveu).

Dentro da Umbanda encabeça a terceira falange da Linha da Fé, representando o ápice do poder feminino dentro da primeira linha.

Da sua falange manifestam espíritos PREDOMINANTEMENTE femininos, muitos deles encantados (salvos exceções quando se manifestam espíritos masculinos que em vida foram devotos da Santa)

Nesta falange também não há incorporação de espíritos e geralmente estes são chamados no ritual de Umbanda para harmonizar ambientes.

Os falangeiros de Santa Rita também trabalham muito no astral revelando “perfídias” dentro do terreiro, ou seja, fazem vir à tona fofocas ou línguas de cobra que atrapalham o bom andamento do trabalho dentro de uma casa de Umbanda.

No entanto, sua principal especialidade são os trabalhos relacionados a vícios, especialmente vícios químicos. Essa falange pode ser evocada para trazer cura e reabilitação a pessoas que estejam sofrendo por conta de drogas ou outros tipos de vícios. 

A principal oferenda de evocação a falange de Santa Rita leva mel, água, uma vela de Cera de Abelha e uma rosa vermelha, todos símbolos mágicos da santa.


  • A Falange de Santa Catarina de Alexandria

Santa Catarina de Alexandria, a Santa que combate os falsos profetas, encabeça a 4ª Falange da Linha da Fé.

Essa Santa é conhecida por em vida ter tido uma grande capacidade de argumentação e uma gigantesca sabedoria.

Diz a lenda que foi presa pelo Imperador Romano Maximiano por ser cristã e que receberia um castigo por suas falácias: Ser humilhada por todos os sábios da época.

Porém, diversas vezes quando colocada diante dos sábios pagãos foi capaz de argumentar e convencê-los a se tornarem Cristãos.

Santa Catarina por mais que não seja uma santa tão popular quanto os outros que comandam as Falanges da Fé, ganha notoriedade na medida em que foi uma das Santas que inspirou Joana D’arc durante a guerra dos cem anos.

Segundo Joana D’arc, por diversas vezes Santa Catarina lhe orientou durante os discursos que fazia durante a guerra, lhe inspirando as melhores palavras e argumentações para liderar durante as batalhas.

E é justamente por esse motivo que Santa Catarina encabeça a 4ª falange. Seus falangeiros assim como os de Santo Antônio atuam inspirando a melhores palavras para os médiuns, dando a estes uma capacidade retórica extraordinária para lidar com os espíritos obsessores. 

No astral, essas entidades trabalham durante as giras conversando com os espíritos perturbadores antes da realização de um transporte, fazendo com que estes fiquem mais sugestionáveis ao encaminhamento.

Sua falange é composta por devotos da Santa e demais espíritos doutrinadores e podem ser evocados por todos aqueles que querem aumentar sua capacidade de retórica. 


  • A falange de Santo Expedito


Santo Expedito, o Santo das Causas Urgentes, encabeça a 5ª Falange da Linha da Fé.

Muitos estudiosos e historiadores questionam a real existência de Santo Expedito, algo muito parecido com o que ocorre com São Jorge, entretanto, sua história mais aceita é que foi um Soldado Romano que em plena perseguição do Imperador aos cristão se converteu ao Cristianismo e foi martirizado por conta disso.

É tido como Santo das Causas Urgentes devido a uma lenda que conta que o “Diabo” aparece para ele em forma de um corvo e fica ao seu ouvido repetindo diversas vezes a palavra “Cras!”, “Cras!” que em latim significa “Amanhã!”...

Essa era uma tentativa de "Lúcifer" atrasar a conversão de Expedito, mantendo-o pagão por mais tempo e seduzindo-o a evitar as retaliações do Imperador.

Eis que num ato heróico Expedito pisa na cabeça do corvo e diz: “Hodie!” (Em latim, “Hoje”) afirmando que não ficaria mais um só dia sem seguir Cristo, independente das consequências.

Isso fez com que o Santo obtivesse uma alcunha como o Santo que não espera, o Santo das causas imediatas.

Dentro da Umbanda, Santo Expedito assume o arquétipo do Capelão Militar, ou Soldado da Fé.

Da sua falange se manifestam espíritos que em vida foram militares cristãos ou guerreiros que batalharam em nome da Fé.

Um fato curioso é que da Falange de Santo Expedito nasceu a Linha de São Jorge ou Linha de Ogum.

Por ser uma falange de Espíritos Militares essa falange passou a acolher todos espíritos de caráter mais bélico, dentre eles os Soldados de Janaína, que são entidades guerreiras da encantaria brasileira que já se manifestavam em outros cultos Brasil à fora.

Esses espíritos são conhecidos por nós hoje em dia como Ogum Beira-Mar, 7 Ondas, Beira Rio, Rompe Mato dentre outros.

Com o passar dos anos, essas entidades foram se dividindo em mais falanges e formando a 6ª Linha de Umbanda a linha de Ogum, que trataremos futuramente, mas alguns resquícios dessa origem ainda ficam expostas até hoje.

Por exemplo, hoje em dia é muito comum encontrar imagens de cera dos falangeiros de Ogum com roupas Romanas, o que é um resquício direto de quando essas entidades eram associadas a falange de Santo Expedito.

Os falangeiros de Santo Expedito geralmente atuam tanto na guarda dos terreiros quanto na condução de espíritos capturados para os trabalhos de desobsessão.


  • A falange de São Francisco de Assis

São Francisco de Assis, o Primeiro Semiromba, o homem mais puro a pisar na terra, depois do próprio Cristo, comanda a 6ª Falange da Linha da Fé.
São Francisco de Assis dispensa apresentações, pode ter sido o homem mais puro a pisar na terra depois de Jesus e sem dúvida foi o homem mais Cristão que já passou por esse mundo.

É conhecido principalmente por ter se desapegado de todas as suas posses para se tornar um monge e também por ter criado a ordem dos Franciscanos, conhecidos por seus hábitos marrons, seus votos de pobreza e seu cordão amarrado na cintura chamado Síngulo que representa a Obediência, Pobreza e Castidade dos franciscanos.

Na Umbanda traz em sua falange os espíritos conhecidos como Semirombas (que significa homens puros), pessoas que em vida alcançaram um alto grau de abnegação seguindo os ensinamentos de Cristo.

São espíritos que geralmente se apresentam como Freis, Freiras, Padres, Frades, Madres e geralmente trazem no seu nome o sufixo “da Caridade”, por exemplo, Madre Dulce da Caridade, Irmão Emmanuel da Caridade, dentre outros.

Também dessa falange se manifestam os Sakaàngas, espíritos que em vida foram Benzedores,  Rezadores, Raizeiros, Parteiros e figuras missionárias que usavam do poder da oração para Curar.

O grupo dos Sakaàngas segundo as lendas é comandado por figuras ilustres como Pai João de Camargo, Monge João Maria de Agostinho, Nhá Chica, Dona Geraldina, Tia Eva e Mestre Irineu (fundador do Santo Daime)

Na falange de São Francisco o médium Umbandista começa a aprender as bases do trabalho prático da Umbanda, pois os falangeiros (pelo menos antigamente) tinham a função de ensinar as duas maiores ferramentas para curar os males das pessoas: As Orações e Conjuros.

Essas habilidades, sejam empregadas na arte do Benzimento ou nas simples rezas e orações, têm poder de alterar o estado espiritual das coisas e das pessoas, gerando transformações na nossa saúde e no bem estar dos consulentes.

Portanto, essas entidades podem ser evocadas para guiar os Umbandistas no aprendizados das rezas, benzimentos, conjuros e outras ações espirituais que surgem do Poder do Verbo.

Essas entidades geralmente trabalham através da inspiração e transmentação, não havendo aqui também tradicionalmente trabalhos incorporados.


  • A falange de São Benedito
São Benedito, o Mouro, comanda a 7ª falange da primeira linha.
São Benedito nasceu na Etiópia e mesmo sendo analfabeto, tornou-se um monge franciscano fazendo belíssimas pregações, que segundo alguns devotos eram inspiradas por Deus.

É um Santo que, assim como Santo Antônio, era muito cultuado pelos povos Bantus antes mesmo do envio de escravizados para o Brasil.

Na falange de São Benedito se manifestam as conhecidas Almas Benditas (ou Corrente das Santas Almas), pessoas que alcançaram um alto nível de evolução espiritual e se desapegaram da matéria, trabalhando sem apresentarem uma identidade específica, são apenas Luz.

Essas almas atuam nos bastidores dos trabalhos encaminhando espíritos e auxiliando nas desobsessões

Da Falange de São Benedito surgem também os nossos queridos Pretos Velhos, que posteriormente vão se organizar de forma autônoma na 7° Linha a Linha Africana ou Linha das Almas.

Os Pretos Velhos de caráter mais cristão, benzedeiro e de certa forma “manso” surgem da Falange de São Benedito.

Geralmente são Preto Velhos do Povo de Angola, que em vida já tinham certa devoção a São Benedito.

É interessante observar que existem muitas semelhanças entre os elementos que os Pretos Velhos usam e os elementos que geralmente são relacionados ao culto de São Benedito.

Dois exemplos simples são: o Café, que é tradicionalmente oferecido tanto a São Benedito quanto aos Pretos Velhos nas segundas-feiras e também o Rosário que São Benedito sempre tem em suas mãos, o que pode ser uma possível base para os trabalhos dos Pretos Velhos na Umbanda.

É interessante perceber que a Linha dos Baianos também é uma descendente da Falange de São Benedito, afinal eles surgem dentro das Linhas dos Pretos, mais especificamente dentro do Povo da Costa e posteriormente assumem um papel de Linha Intermediária na Umbanda na medida em que começa a existir um movimento para se afastar Exu e Pombagira da Religião.

  • O trabalho Prático da Primeira Linha:
Agora que já conhecemos todas as falanges fica a pergunta:

“Tá, mas como se trabalha NA PRÁTICA com a Linha da Fé?”

E a verdade é que esses espíritos já são evocados no momento em que saudamos Oxalá na abertura das giras. Na medida em que são evocados passam a trabalhar dando suporte no astral para o trabalho que vai ocorrer.

Mas isso não significa que essas entidades não podem ser evocadas em outros momentos.

Como vimos anteriormente a Linha da Fé acima de tudo foi constituída para ser uma linha de PREPARAÇÃO para os médiuns Umbandistas, ou seja, antes mesmo de pensar em incorporação ou outras formas de trabalho a linha da Fé existe para ensinar as habilidades básicas de um bom médium: “As orações e conjuros”

As Orações, Rezas e Conjuros são elementos que eram empregados na maioria das práticas Umbandistas antigamente.

Antes mesmo de pensar em incorporação o médium aprendia a Benzer, ou seja, a tornar “Bento” as pessoas e os objetos para que pudesse gerar alguns alívios aos consulentes sem ter uma dependência direta dos espíritos.

Entretanto, com o passar dos anos esse entendimento foi se perdendo, tornando a incorporação o único meio pelo qual a maioria dos Umbandista sabe trabalhar hoje.

A forma prática em que os médiuns aprendiam essas habilidades eram o chamados Rituais de Semiromba.

O Ritual dos Semirombas e Sakaàngas era um ritual praticado nos primeiros anos de Umbanda que visava principalmente obter cura para os consulentes e firmeza para os médiuns que participavam da mesa.

Esse Ritual ocorria se baseando em práticas de certa forma “Católicas”, ou seja, era um Rito onde não ocorria incorporação, se usava rosários, se fazia orações Católicas, se cantava Hinos evocando os Santos e era comum se partilhar um pão à mesa, como uma forma de comunhão com Deus.

Através desse ritual, além de aprender Rezas e Conjuros, os médiuns buscavam a força necessária para realizar os trabalhos de Desobsessão que eram um dos principais focos dos trabalhos de Umbanda.

Os Umbandistas antigos tinham o entendimento que para fazer desobsessões era necessário demonstrar AUTORIDADE diante dos espíritos obsessores.

Essa autoridade se traduz em uma Fé muito firme, uma postura ilibada, uma busca constante pela reforma íntima e palavras muito convictas diante dos espíritos perturbadores.

Afinal, sem demonstrar essa AUTORIDADE como os médiuns poderiam expulsar, doutrinar e encaminhar espíritos que incomodavam os consulentes? Porque os espíritos obsessores obedeceriam um médium que não demonstra convicção ou que tinha os mesmos gostos e tendências que os obsessores?

É exatamente por isso, que os Rituais de Semiromba eram realizados. Era um momento dos médiuns fortalecerem sua fé através da força dos Santos Semirombas: São Francisco de Assis, Santo Antônio e São Benedito.

Esses 3 santos formavam a Tríade do Ritual de Semiromba. Geralmente suas imagens estavam sempre presentes a mesa.

Evocava-se São Francisco de Assis para que trouxesse o poder da Oração.

Evocava-se Santo Antônio para que trouxesse o poder da Argumentação para que os médiuns tivessem a convicção nas palavras necessária para encaminhar qualquer espírito.

E evocava-se São Benedito para que ele trouxesse a poder da Presença e da Firmeza para que os médiuns pudessem transmitir através da sua presença, a autoridade espiritual necessária para os trabalhos de desobsessão.

Através dessas 3 forças o Ritual de Semiromba era uma forma prática de preparar os médiuns para os trabalhos que estavam por vir. Uma forma de empoderar os Umbandistas contra as “forças do mal” que seriam tratadas no terreiro.

Esse era o principal trabalho prático direcionado a Linha da Fé. E caso você queira conhecer mais sobre o Ritual de Semiromba, indico o livro “Ritual do Rosário das Santas Almas Benditas” do Padrinho Juruá, que explica com riqueza de detalhes como ele ocorre.

Também temos um texto no blog tratando sobre os Semirombas que você pode ler clicando aqui: http://filhosdavovorita.blogspot.com/2017/02/a-linha-dos-semirombas-e-dos-sakaangas.html
  • Por fim…
Por fim, conseguimos entender que a Linha da Fé foi construída para ser uma Linha de suporte e preparação para o trabalho de Umbanda.

A magia Cristã está completamente presente nessa Linha e sem dúvida a Igreja Católica (quer gostemos ou não) faz parte da nossa ancestralidade como Umbandistas lado a lado com a cultura Africana e Indígena.

Diante disso, também percebemos que a Linha da Fé serviu de molde para grande parte das outras Linhas de Umbanda que com o passar dos anos na religião foram sendo constituídas até chegar no molde tradicional trazido em detalhes por Lourenço Braga.

Diante disso ficam as perguntas:

Por que essa linha perdeu popularidade?

Por que falar de Santos Católicos hoje na Umbanda é quase uma heresia enquanto ser “filho” desse ou daquele Orixá se tornou motivo de orgulho?

Por que o médium hoje se torna tão dependente da incorporação sendo que tem toda uma gama de ferramentas para serem aprendidas logo na primeira Linha de Umbanda?

Será que não estamos deixando morrer uma das Raízes da nossa religião na busca de construir uma Umbanda totalmente “padronizada”?

Será que não estamos vivenciando um movimento de desconstrução e revisionismo histórico, no qual algumas raízes estão sendo supervalorizadas em detrimento de outras?
São questões importante para serem levantadas, afinal caso não comecemos a resgatar nossas raízes, o que será da nossa Umbanda daqui alguns anos?

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Autor: Lucas Martins
Revisão: Jefferson L. Grossl

Fontes:

“O Espiritismo, a Magia e as 7 Linhas de Umbanda - Leal de Souza”
“O Ritual do Rosário das Santas Almas Bendita - Pai Juruá”
“Trabalhos de Umbanda ou Magia Prática - Lourenço Braga”
“As 7 Linhas de Umbanda - Histórico e Evolução - Douglas Rainho”
“Organograma Umbandista - Linha, Falanges e Legiões - Douglas Rainho”
“As 7 Linhas de Umbanda - Falanges e Entidades - Carlos Zeferino’
"A História da Umbanda no Brasil - Diamantino Fernandes Trindade".





T.U. Filhos da Vovó Rita

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