Como já mencionado, toda Linha, Falange, Legião e Povo da Umbanda possui uma regência, ou seja, um Espírito ou Divindade responsável pelo comando e direcionamento daquele grupo de Espíritos.
Por mais que não existam registros de sua real existência, o “mito” de São Jorge o tornou um dos Santos mais populares do mundo sendo padroeiro de países como Inglaterra e Portugal e também de cidades como o Rio de Janeiro.
Sua história mais famosa conta que foi capaz de salvar a cidade de Sýlen na Líbia de um grande dragão que ameaçava a todos.
Em sua versão mais famosa Jorge enterra sua lança na garganta do Dragão, entretanto, existem versões que descrevem Jorge adentrando os portões da cidade montado e seu cavalo branco e conduzindo o dragão em uma coleira.
Seja como for, o Dragão nas mitologias daquela região representa os 4 elementos (Terra, Água, Fogo e Ar) e essa história expressa que Jorge foi capaz de dominar todas essas forças sendo capaz de ascender espiritualmente além das coisas materiais.
Outras interpretações sugerem que o Dragão representa Lúcifer (a origem do mal para a Fé cristã), o que faz dessa lenda uma representação do poder e domínio da Igreja Católica sobre o demônio.
Em terras brasileiras, esse Santo se tornou extremamente popular e faz parte do inconsciente coletivo da nação sendo na Umbanda sincretizado com o Orixá Ogum.
Função da Linha:
Como o próprio nome diz, a Linha de Demanda trabalha no embate direto a todo tipo de demanda, feitiço ou agressão espiritual feita à Umbanda ou seus adeptos.
Essas entidades são OS VERDADEIROS GUARDIÕES E SENTINELAS da religião.
Apesar de algumas vertentes atuais de Umbanda, buscaram associar a figura de “guardião” aos compadres Exús, devemos lembrar que as 7 Linhas de Umbanda em um primeiro momento foram configuradas para funcionar SEM A NECESSIDADE DO TRABALHO DOS EXÚS!
As entidades chamadas Exús, oriundas das Kimbandas e Quimbandas, se aproximam posteriormente quando são convidados a fazer alguns trabalhos pontuais no combate a forças negativas.
Essas entidades foram se aproximando cada vez mais da religião até chegarem ao ponto de trabalharem concomitantemente com os falangeiros de Ogum nas defesas e combates espirituais como vemos hoje em dia.
Entretanto, apesar de realizarem trabalhos em conjunto, a função de Guardião da Umbanda é feita por Ogum.
Isso ocorre, pois como veremos em textos futuros, os Exús vêm de uma religião específica, com um conjunto de regras morais e éticas que muitas vezes difere das regras ditadas pela Umbanda
Portanto, NA UMBANDA, os Exús trabalham sob as ordens dos falangeiros de Ogum para que ajam sob A Lei de Umbanda em situações específicas onde sua ação é necessária.
Em uma analogia simples, os Falangeiros de Ogum seriam “Os Policiais” enquanto que os Exús atuariam como um “Esquadrão Anti-Bomba” sendo chamados para desmanchar trabalhos específicos de grande complexidade.
Portanto, podemos concluir que a Linha da Demanda realiza a proteção do terreiro e dos médiuns quando evocados para isso.
Como verdadeiros guardiões da Umbanda essa é a Linha que tradicionalmente abre os trabalhos de Umbanda permitindo que as outras entidades possam adentrar o recinto e se manifestar.
Além disso, as entidades dessa Linha nos ajudam a vencer nossas demandas internas e alcançar nossos objetivos. Nos dão forças nas nossas batalhas diárias, dando persistência para vencermos a cada dia.
São especialistas em “Abrir nossos caminhos”, ou seja, em momentos em que lutamos para sobreviver eles nos ajudam a encontrar formas de progredir e sair de situações penosas.
Também são entidades extremamente rígidas e que exigem uma moral e ética alinhada aos Umbandistas. Eles nos instigam a “Firmarmos nossa Bandeira” , ou seja, a mantermos nosso posicionamento e nos mantermos fiéis aos nosso valores independentes das circunstâncias.
Espiritualmente, eles são um dos “Executores” da Lei de Umbanda, ou seja, são entidades que fazem com que as regras ditadas pela religião sejam cumpridas à risca.
As falanges que compõem a Linha da Demanda
A primeira falange - Ogum Beira Mar:
A primeira falange da Linha de Ogum é comandada por Ogum Beira Mar.
Ogum Beira Mar é o grande Marechal de Guerra, o Principal do Falangeiros Ogum, sendo cultuado inclusive em cultos Caribenhos, Cubanos e nas Encantarias Brasil a fora.
É tido tradicionalmente como uma entidade que atua na orla marinha rondando à beira da praia. Muitas vezes é avistado como um guerreiro que está na proa de um navio olhando fixamente ao mar, como se estivesse vigiando aquela imensidão sem fim.
É conhecido em diversos cultos por ser uma força muito poderosa na busca pela fortuna.
Da sua linha se manifestam vários Encantados marinhos e almas de velhos guerreiros que viveram no mar, algo que nós hoje associaremos aos “Fuzileiros Navais”, ou seja, espíritos que em vida se dedicaram a defender as costas contra invasores.
Na Umbanda essa falange é associada a energia da Orixá Iemanjá e é compostas pela maioria das entidades que popularmente se manifestam nos terreiros de Umbanda.
Alguns falangeiros que trabalham sobre as ordens de Ogum Beira-Mar são: Ogum da Lua ou Ogum 7 Luas, Ogum 7 Ondas, Ogum Marinho ou Ogum 7 Mares, Ogum 7 Estrelas, Ogum Matinata, Ogum 7 Espadas, Ogum Delê ou Ogum de Lei, Ogum Gererê dentre outros.
É uma falange muito presente nos terreiros de Umbanda e geralmente costumam trabalhar incorporados nas giras fazendo a proteção do local e abrindo caminho para a manifestação das outras Linhas.
A segunda falange - Ogum Rompe Mato
A segunda falange é comandada por Ogum Rompe-Mato, entidade muito ligada ao povo das matas e a Linha de Oxossi.
Geralmente é confundido com o Caboclo Rompe-Mato, entidade que está inserido na falange do Caboclo Araribóia na Quarta Linha.
É tido como um Ogum muito rígido e guerreiro. É representando, ao contrário dos outros Oguns, com roupas tradicionais indígenas ao invés da tradicional vestimenta romana.
Este Ogum é tido como um especialista em resoluções rápidas, ou seja, é evocado quando precisamos lidar com alguma demanda ou dificuldade de maneira acelerada.
É dito que está falange consegue comandar os espíritos da mata de forma a colocá-los com sentinelas e protetores de casas e terreiros.
Alguns dos falangeiros que trabalham sob o comando de Ogum Rompe-Mato são: Ogum Pena Vermelha, Ogum Pena Azul, Ogum da Pedreira, Ogum Peito de Aço, Ogum da Estrada dentre outros.
A terceira falange - Ogum Iara
A terceira falange da Linha de Ogum é comandada por Ogum Iara.
Essa entidade trás o nome da Encantada brasileira Iara e não por coincidência trabalha conjuntamente com a Falange de Oxum.
Ogum Iara está diretamente alinhado com os povos dos rios, cachoeiras e lagos e é muito poderoso em aspectos de cura, cuidado e revitalização.
Tradicionalmente é evocado para lidar com batalhas de forma DIPLOMÁTICA, ou seja, onde através da força da argumentação conseguimos vencer sem a necessidade de lutar.
Entidade que também é muito presente das Encantarias Brasil a fora, Ogum Iara está inserido fortemente na cultura brasileira e costuma guardar os pontos de força da mata e dos rios.
Os falangeiros mais conhecidos de Ogum Iara são o Sr. Ogum Beira-Rio, Ogum 7 Lagoas, Ogum dos Rios, Ogum Caiçara, Ogum Menino dentro outros.
A quarta falange - Ogum Megê:
A quarta falange da Sexta Linha de Umbanda é comandada pelo Sr. Ogum Megê.
A partir desta quarta falange, começaremos a observar um fenômeno interessante.
Tradicionalmente a partir dessa falange, os Pais de Santo mais antigos evitavam a incorporação desses Oguns se limitando a trabalhar apenas EVOCANDO tais espíritos.
Isso acontece pois a partir da falange de Ogum Megê, no entendimento mais antigo, existe um trânsito constante entre “A Direita e a Esquerda”, ou seja, esses falangeiros tendem a trabalhar com energias muito mais densas e que podem desestabilizar o campo energético de médiuns menos experientes.
Hoje em dia, temos a popularidade de uma entidade chamada Ogum-Xoroquê que é tido como uma entidade “meio Ogum e meio Exu” e portanto faz o trânsito entre as duas bandas.
Entretanto, tradicionalmente, vemos que isso já ocorria nas falanges de Ogum antes mesmo do advento ou aparição dessa entidade.
O que nos faz pensar sobre a real existência dessa entidade, visto que ela não existe no culto tradicional Yorubá… (Na visão dos sacerdotes do Candomblé Jeje, Sòhòkwè não é nem Èsú nem Ògún e, sim um vòdún independente, com culto próprio e de características próprias que acabou por ser fundido a cultura desses dois òrísás por ter coisas em comum. Nesse link https://ocandomble.com/2011/04/30/vodun-sohokwe-xoroque/ você poderá conhecer mais a fundo a visão Jeje sobre o vodum Sòhòkwè).
Seja como for, Ogum Megê é tido como o Guardião da calçada dos cemitérios. Eles realiza a CONTENÇÃO desse local, mantendo lá dentro tudo que deve ficar lá.
É uma entidade que comumente também se manifesta em cultos como a Quimbanda o que mostra sua profunda relação com os Exús.
Suas oferendas tradicionais são feitas na calçada do cemitério e costumam levar pipocas com dendê.
Suas cores são o vermelho, branco e preto e seus falangeiros são constituídos pelos povos Megês, ou seja, almas de antigos guerreiros escravizados africanos.
Seu principal falangeiro é o conhecido Ogum das Almas.
Uma curiosidade é que algumas pessoas associam uma entidade chamada Ogum de Ronda a essa falange, entretanto, existem alguns autores afirmam que Ogum de Ronda não é uma linha em si, mas sim uma FUNÇÃO de Ogum.
Ou seja, Ogum de Ronda, significa que Ogum ESTÁ de Ronda e não que existe uma linha com esse nome.
Provavelmente isso foi uma confusão iniciada nos primórdios da Umbanda e que se popularizou com o tempo dando “origem” à uma nova linha de Ogum.
A quinta falange - Ogum Malê
A quinta falange de Ogum é comandada por uma entidade chamada Ogum Malê ou Ogum Malei.
Está falange está diretamente ligada ao povo Malê que foi escravizado e trazidos para as terras brasileiras.
Geralmente se apresentam como guerreiros vestidos com roupas tradicionais de guerreiros do deserto e fortemente armados. Representando seu aspecto feroz de guerra e embate.
A entidade mais notória dessa falange foi o próprio Orixá Mallet ou Orixá Malê, que foi uma das entidades que ao lado de Pai Antônio e o Caboclo das 7 Encruzilhadas ajudou a moldar o culto de Umbanda.
Orixá Mallet é tido com o “Primeiro Ogum de Umbanda”. Ele foi o espírito comandante nas proteções da Tenda Nossa Senhora da Piedade, visto que Zélio Fernandino de Morais não trabalhava com os Exus e Pombagiras.
Essa é uma falange extremamente feroz no combate a demandas, feitiços e aos feiticeiros em si.
Quem se interessar em conhecer mais profundamente os Povos Malês sugerimos que assista a essa aula do Babá Mario Filho:
Nela ele explica a profunda influência dos povos islâmicos na Umbanda e pode te ajudar a traçar um paralelo entre essas entidades que estamos estudando.
A sexta falange - Ogum Naruê Trabalho prático da Linha:
Como visto anteriormente as falanges de Ogum são evocadas tanto para proteção quanto para abertura de caminhos.
Seu trabalho se desdobra em diversas ações que visam combater o mal e os inimigos da religião e do adeptos.
Podemos evocar essa linha nos momentos de aflição e caminhos fechados com o intuito de que ela nos traga ferramentas, mais trabalho, mais energia e mais garra para que NÓS MESMOS possamos romper aquela circunstância e avançar.
Pedir caminhos abertos a Ogum é pedir MAIS TRABALHO, MAIS ESFORÇO e MAIS DISCIPLINA, afinal os caminhos não se abrem sozinhos.
É importante salientar que nenhuma entidade ou guia abrirá os nossos caminhos. Eles simplesmente nos mostram oportunidades que não estávamos enxergando, nos mostram as ferramentas que JÁ temos para vencer…
Mas no final, somos nós mesmos que temos que trabalhar para abrir nossos caminhos e prosperar.
Portanto, as Linhas de Ogum devem ser evocadas com sabedoria, nos momentos em que temos certeza que estamos sendo atacados seja espiritualmente ou fisicamente.
Não devemos apelar para essas entidades sem a devida necessidade, afinal seu perfil de trabalho é de combate e não devem ser evocados para tratar situações fora desse escopo. Antes de rogar a Ogum por caminhos abertos tenha certeza que você está disposto a TRABALHAR por ele…
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ResponderExcluirParabéns muito material bom para estudo
ResponderExcluirE sobre a 7 linha? Regência das almas... Tem alguma coisa?
ResponderExcluirLogo publicaremos!
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