quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Desenvolvimento Mediúnico de Crianças



Essa é uma questão que sempre gera polêmica. É possível iniciar o desenvolvimento mediúnico na infância? Várias são as opiniões contrárias e favoráveis à prática.  Porém, se faz necessário o aprofundamento e estudo da questão, a fim de analisar os argumentos e medir os riscos e complicações que uma criança poderá ter caso inicie prematuramente seu desenvolvimento mediúnico. 


Qual a idade certa para se iniciar um desenvolvimento mediúnico?



Uma criança de 8 anos, por exemplo, já pode iniciar um desenvolvimento ou ainda, como 10 anos já pode trabalhar com um guia espiritual dando passes e orientações para outras pessoas? Mais uma vez, tenho que o uso da razão e do bom senso resolvem a questão sem qualquer dificuldade. Vejamos:



De início cabe destacar que a mediunidade é inerente ao corpo humano, assim como os demais sentidos. Dessa forma, ninguém coloca ou tira a mediunidade. Ela nasce e termina com a vida do médium. Todavia, a mediunidade é algo que deve ser trabalhada com seriedade e responsabilidade, pois, se mal educada, pode levar seu detentor a terríveis distúrbios, acarretando, inclusive, doenças de ordem psíquicas.



Pois bem, o corpo e a personalidade de uma criança (entende-se como criança os menores de 12 anos, conforme o artigo 2º da Lei n. 8.069/90 - ECA) ainda estão em formação. Não há preparo para o desempenho de outras atividades humanas, como por exemplo dirigir, trabalhar, manter relações sexuais, etc. Isso porque o corpo e a mente ainda estão em desenvolvimento, razão pela qual a criança não sabe distinguir o certo do errado, o verdadeiro da fantasia, a seriedade da brincadeira, entre outras coisas.



Destaca-se que até na bíblia (Coríntios 1-13:11) é retratada a questão da personalidade infantil: "Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança."



Ou seja, com o passar dos anos, com o amadurecimento, o indivíduo vai tomando posse da razão, dos sentidos e, salvo a existência de enfermidades, não age ou pensa mais como criança. As coisas que antes faziam sentido no contexto infantil, deixam de fazer quando se atinge a idade adulta.



Portanto, a infância é um momento de transição, de formação de caráter e personalidade, devendo esse período (inclusive protegido pela Lei) ser respeitado para que aquele ser se torne um adulto saudável, tanto físico quanto mentalmente. 



Diante disso, sabendo que uma criança não possui sua personalidade formada, que seu organismo ainda não está em condições de suportar certos elementos, energias, condições, como se pode admitir que a mesma possa iniciar um desenvolvimento mediúnico ou ainda, possa trabalhar em uma casa dando passes energéticos e conselhos a outras pessoas?



Como imaginar que ela trabalharia com uma personalidade estranha (espírito) se ela (criança) ainda não possui sequer uma personalidade definida?

A mediunidade é algo que, se mal interpretada e trabalhada em adultos (os quais já possuem personalidade formada), já é causa para inúmeros distúrbios de ordem psíquica, o que dirá a exposição de crianças que, como dito acima, não possuem sequer a própria personalidade formada?

Os que defendem a participação de crianças em desenvolvimento mediúnico, alegam que "A criança é nova, mas o espírito comunicante é adulto". Ora, com todo o respeito, mas que tipo de espírito irá se valer de uma criança para se manifestar? Bom, sábio e caridoso não o é, pois ao contrário, respeitaria a condição da criança e deixaria para se manifestar no momento correto.

Admitir que uma criança é precoce na mediunidade é análogo a dizer que ela é precoce e pode ingerir bebidas alcoólicas,  é precoce e pode manter relação sexual, é precoce e pode trabalhar no pesado oito horas por dia, e aí vai.

Quando se estuda a mediunidade, compreende que o conhecimento do médium é fundamental para a atuação do espírito comunicante. Ou seja, quanto mais o médium estuda, quanto mais se dedica em ações em prol do próximo e em prol da própria iluminação íntima, mais ele oferecerá ao espírito comunicante condições para melhor atuação. Pergunta-se, o quê uma criança sabe de mediunidade? Quais os estudos que já realizou? Qual sua experiência de vida? Por óbvio, a contribuição nesse sentido vinda de uma criança é nula e portanto a comunicação sempre será precária.

Assim, tem-se que um espírito superior, de Lei, seja de qual linha for dentro da Umbanda, não se utilizará da mediunidade de uma criança, pois respeitará sua idade e sua condição físico-psicológica. As manifestações que ocorrem em crianças, com a devida vênia, se trata de ação de espíritos mistificadores, que se aproveitam da criança para alcançar seus fins ou de mistificação da própria criança, a qual muitas vezes está brincando com a credulidade alheia ou ainda é vítima do ego dos pais, os quais viram naquela criança a oportunidade da fama.

Por tal razão, nossa Tenda sempre acolheu as crianças. Porém, o desenvolvimento mediúnico começa apenas a partir dos 15(quinze) anos e com muitas ressalvas. A partir dos 15 anos é que começam os estudos e aprofundamento das diretrizes da Umbanda para que o jovem possa começar efetivamente a desenvolver sua mediunidade.

O Vídeo abaixo corrobora com nosso entendimento, em que pese não ser abordado o tema Umbanda em si. Porém, a mediunidade, por ser inerente do corpo humano, não é exclusiva de nenhuma religião, razão pela qual todo e qualquer estudo sério realizado sobre o fenômeno pode ser utilizado dentro da doutrina Umbandista.   



T.U. Filhos da Vovó Rita

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